Toda história tem seus atores
Com esse diagnóstico da gestão em curso, bem como dos históricos antecedentes, dá para ter noção do quanto a Ufal tenta cumprir sua trajetória, construída ao longo de décadas por recuos e avanços, obstáculos e surpresas, fechamentos e aberturas. Neste percurso, a universidade vem acompanhando a evolução urbana do Estado de Alagoas, formado hoje por mais de 3 milhões de habitantes
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Deste contingente populacional, segundo o INEP, mais de 70.000 alunos cursam o ensino superior, estatística que a Ufal partilha com outras dezenas de instituições públicas e privadas, a exemplo da Escola de Ciências Médicas de Alagoas, criada em 1968 e hoje transformada em Universidade Estadual de Ciências de Alagoas (Uncisal), a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), que divide com a Ufal a responsabilidade do atendimento público e gratuito dos estudantes também no interior do Estado, o Centro de Estudos Superiores (Cesmac), inaugurado em 1973 a partir do idealismo do padre Teófanes de Barros, e a Fundação Educacional do Baixo São Francisco de Penedo, criada pelo pioneirismo de Raimundo Marinho na sua região.
Nos 50 anos de existência, a Ufal não atuou sozinha no cenário da educação brasileira e alagoana, nem teve seu destino guiado unicamente pelas vontades e decisões dos gestores que por ela passaram. Sua história não teria sentido se não houvesse a participação de seus principais atores: alunos, professores e técnicos-administrativos.
Em todas as fases de implantação, consolidação e expansão da Ufal, são eles, por meio de suas representações, que vêm refletindo e contestando os métodos utilizados nas políticas adotadas até então, seja no âmbito da estrutura universitária, seja fora dela. De forma coletiva, eles atuaram e atuam, em última instância, no processo de escolha sobre qual rumo a instituição deve tomar a cada conjuntura posta como desafio. Quando essas decisões não são respeitadas, fazem das greves, passeatas e mobilizações instrumentos de protesto as suas reivindicações.
É no período de fechamento do debate político nacional que surgem o Diretório Central dos Estudantes (DCE), iniciado nos anos 1960; a Associação dos Servidores da Ufal (Assufal), criada em 1972 e hoje chamada de Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal); e a Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), que surgiu em 1979. São essas instituições que, substituindo de modo organizado e sistemático as lutas muitas vezes subterrâneas de discentes, servidores e docentes em organizações políticas da sociedade civil, dão vozes às expectativas dos integrantes da universidade junto ao governo federal e à administração local, bem como prestam serviços de apoio aos seus filiados.
Juntas, a Adufal, o DCE e o Sintufal somam esforços para manter direitos já assegurados e alcançar novas conquistas dentro da política trabalhista e estudantil, garantindo, assim, a continuidade do processo democrático. E ao longo de cinco décadas, tiveram de reformular as estratégias de ação, em alguns momentos sofrendo até uma desmobilização nas suas bases, para enfrentar as mudanças advindas da política nacional. Com a presença ativa desses atores, a Universidade Federal de Alagoas saiu do projeto e foi conquistando diferentes fisionomias ao longo do tempo, mas sem perder de vista sua missão de oferecer à sociedade alagoana uma educação pública, gratuita e de qualidade para o maior número de alagoanos que lhe for possível.
Elcio Verçosa
É formado em Letras pela Ufal, mestre em Política e Planejamento Educacional pela Universidade Federal de Pernambuco e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Atua hoje como professor e coordenador acadêmico da faculdade SEUNE, em Maceió.
Simone Cavalcante
É jornalista, escritora e mestre em Estudos Literários (PPGLL/Ufal). Atualmente
trabalha como produtora cultural da Ufal.
Fontes de Consulta
Universidade Federal de Alagoas: documentos históricos (1982), de João Azevedo.
Universidade Federal de Alagoas - Dez anos de vida - discursos e relatórios - 1961-1971 (1971), de A. C. Simões
Alagoas na década de 50: as transformações pedem passagem (1994), de Douglas Apratto Tenório, publicado na Revista do CHLA, ano 8, n. 9. janeiro.
O Ensino Superior em Alagoas: uma releitura de seus primórdios (1995), publicado na Revista Educação, Centro de Educação da UFAL, ano 3, n. 2, julho, e História do Ensino Superior em Alagoas - verso & reverso (1997), de Elcio Verçosa.