Campus Arapiraca e Unidades ampliam o acesso ao ensino superior


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Feras lotaram o auditório para acompanhar a aula inaugural
Feras lotaram o auditório para acompanhar a aula inaugural

Jhonathan Pino - jornalista

Entrar no ensino superior deveria fazer parte da ordem natural da vida de qualquer estudante que saísse do ensino médio. Mas em Alagoas as coisas não seguiam essa naturalidade. Em 2006, enquanto 68% dos estudantes que saiam das escolas eram do interior do Estado, apenas 10% não eram da capital. Isso demonstrava que se o ensino superior estava presente para uma minoria no Estado, os números eram desalentadores quando tratávamos dos municípios alagoanos. Felizmente, para quem acompanhou a aula inaugural no Campus Arapiraca percebeu que há sinais de mudanças nesses números.

Quando constatada a realidade citada acima, em 2006, a Universidade Federal de Alagoas apresentava pouco mais de 2.100 vagas concentradas em Maceió. Na época, a Ufal tinha cerca de 13 mil alunos e apenas um décimo desse número era de alunos provindos do interior.

Mas o último dia 14 de fevereiro exibiu um novo panorama com a entrada dos 890 alunos apenas do Campus Arapiraca e outros 560 no Campus do Sertão. Somadas, atualmente são 1450 vagas da Ufal disponibilizadas no interior a cada vestibular. E é esta nova realidade que você vai conhecer agora.

Moradores da zona rural em grande número na Universidade

Fera em Biologia, Eliane Barbosa havia saído da zona rural de Junqueiro, cerca de 1h30 de Arapiraca para ver a aula inaugural do Campus Arapiraca. Aluna de colégio público e de origem humilde foi a primeira da família a passar no vestibular. Quando perguntada se ela era uma exceção entre os amigos, Eliane respondeu: “Grande parte dos meus amigos passaram no vestibular aqui em Arapiraca, logo na primeira tentativa”.

Conforme a caloura, os estudantes de Junqueiro dificilmente fazem vestibular para Maceió, devido a distância. “Eles só prestam vestibular para Maceió quando não são ofertados os cursos aqui”, acrescenta a estudante.

A realidade de Eliana é bem parecida com a de Paulo Henrique, mais um aluno vindo do colégio público da zona rural de Olivença, cidade a 2h30 de Arapiraca. No caso do Paulo, ele é o único de sua cidade no Campus Arapiraca. Paulo teve que se mudar para cursar Matemática, porque a Unidade de Ensino de Santana do Ipanema ainda não tem o curso. “Essa questão é muito complicada porque Olivença fica mais próximo de Santana e Delmiro Gouveia, então a maior parte dos alunos de lá escolhe estudar no Campus do Sertão, já que não têm recursos para fazer o deslocamento”, explica Paulo.

Estavam presentes na mesa da aula inaugural o Pró-reitor de Graduação, Anderson Barros, os diretores do Campus Arapiraca, Márcio Aurélio e Eliane Cavalcanti, o vice-reitor Eurico Lôbo, a reitora Ana Dayse Dorea e o estudante da primeira turma de Agronomia do Campus, em 2006, Pregentino Severino. No ato, a reitora falou sobre o processo de interiorização da Ufal.

“Foi uma luta convencer a todos sobre a expansão da Universidade diante da situação difícil que a Ufal vivia em 2006. Mas o fato de 68% dos alunos do ensino médio serem provenientes do interior alagoano já justificava a interiorização da Universidade. Tivemos este ano 31 mil inscritos no vestibular e vocês estão entre os 5192 aprovados; o que demonstra que a nossa interiorização ainda é pouco diante da necessidade do Estado. É difícil estruturar em cinco anos uma instituição milenar como a Universidade, mas nós temos o diferencial, que é a qualidade dos nossos alunos”, lembrou a reitora.

Unidade de Palmeira dos índios também iniciou suas atividades

No mesmo dia, o vice-reitor esteve presente na Unidade de Palmeira dos Índios para a aula inaugural dos estudantes de Serviço Social, onde destacou a importância da interiorização da Universidade. “O desenvolvimento de um lugar está ligado ao desenvolvimento cultural e educacional deste lugar. Não existe nenhuma nação democrática que tenha conseguido se desenvolver senão pela educação. E por isso a interiorização da Ufal é o principal projeto de desenvolvimento sociocultural e econômico de Alagoas”, ressalta Eurico.

Entre os alunos ali presentes, estava um que já conhecia bem a Universidade: Jadielson Furtuosa era prestador de serviços na Unidade quando foi aprovado no vestibular e agora teve que largar o trabalho para estudar durante a tarde. “Eu tive que escolher entre o trabalho e os estudos; e eu escolhi o melhor, aquilo que irá mudar a minha vida. O curso é capaz de transformar as pessoas”, explica Jadielson.

O coordenador da Unidade, Cícero Albuquerque, falou sobre os papéis de professores e alunos na Universidade. “O que vocês estão herdando aqui é fruto de uma história de muita luta. A infraestrutura que apresentamos agora é consequência direta da luta das primeiras turmas dessa Unidade. Mas não adianta ter uma infraestrutura legal; é essencial o trabalho dos nossos técnicos, a boa formação dos professores e a vontade de estudar dos alunos. Somos todos de trajetórias diferentes, mas estamos aqui pelo mesmo motivo”, ressaltou.

Se você é fera, não deixe de conferir o Guia Estudantil em anexo, um documento que certamente será muito útil e esclarecedor para a sua vida acadêmica que começa agora.