Pesquisa: IQB trabalha com plásticos condutores de eletricidade

Apesar de descoberto desde a década de 50, a ideia de associar as propriedades elétricas dos metais às propriedades mecânicas dos polímeros só veio a ser desenvolvida de forma mais intensa a partir do final da década de 70, quando os pesquisadores Shirakawa, Heeger e Mac Diarmid descobriram que alguns polímeros seriam capazes de conduzir eletricidade. E é justamente na condução de eletricidade através do plástico que um grupo de pesquisadores da Ufal vem trabalhando.


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Grupo de pesquisa do laboratório de Eletroquímica é formado por professores e alunos da pós-graduação e graduação do IQB
Grupo de pesquisa do laboratório de Eletroquímica é formado por professores e alunos da pós-graduação e graduação do IQB

Jhonathan Pino – jornalista, com a colaboração de Adriana Ribeiro - docente do IQB

Durante o nosso período na escola aprendemos um pouco sobre as características da eletricidade: na História estudamos aqueles que a descobriram; na Geografia descobrimos as fontes de energia; na Física aprendemos sobre os elementos condutores e na Química conhecemos as particularidades dos elementos disponíveis para a condução da eletricidade. Nessa última disciplina, dificilmente nos é lembrado sobre a possibilidade de conduzir energia através dos polímeros: elementos orgânicos geralmente extraídos do petróleo, também conhecidos como plásticos.  Essa descoberta gerou um impacto tão grande nas áreas da Química e Tecnologia, que os pesquisadores foram reconhecidos com o Prêmio Nobel de Química em 2000.

Janelas inteligentes, displays, retrovisores de automóveis, baterias, capacitores e LEDs (Light Emmiting Diodes) são apenas alguns dos dispositivos construídos com a tecnologia desses polímeros, que por serem orgânicos, são mais leves, baratos e ambientalmente corretos. Além de conduzir eletricidade, os polímeros condutores também são capazes de emitir luz quando submetidos a uma diferença de potencial elétrico externa.

“Geralmente os condutores elétricos mais empregados no mercado são os metais e os semicondutores inorgânicos, como o silício. A vantagem dos polímeros condutores diante destes materiais convencionais é que os materiais inorgânicos são mais caros, pois eles tem alto custo de processamento e são difíceis de manusear”, diz Adriana  Ribeiro, orientadora da pesquisa em polímeros condutores no Laboratório de Eletroquímica da Ufal.

No Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) a pesquisa está voltada para a construção de dispositivos eletrocrômicos, que são utilizados em janelas transparentes de aeronaves e automóveis; capacitores, que servem para acúmulo de energia elétrica; células solares, tecnologia capaz  de transformar energia luminosa proveniente da radiação solar em energia elétrica e os LEDs, utilizados na fabricação de telas para televisores e computadores.

Polímeros condutores são pesquisados em todo o mundo

Em nível internacional as pesquisas e aplicações baseadas no desenvolvimento de polímeros condutores já se encontram bem estabelecida. Na indústria estes polímeros estão sendo utilizados na construção de baterias poliméricas, janelas e retrovisores de automóveis e telas de LEDs. Empresas alemãs como a BASF e a Varta e a japonesa Sanyo estão investido nessa tecnologia.

No Brasil, diversos grupos de pesquisa trabalham no desenvolvimento de novos materiais e dispositivos baseados nos polímeros condutores. Grupos na Universidade Federal do Paraná, na Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) são os principais pesquisadores na área.

Na Ufal, a pesquisa em relação a estes polímeros está sendo desenvolvida desde 2003, quando a professora Adriana retornou do doutorado realizado na Universidade Estadual de Campinas. Desde então o Grupo vem sintetizando novos derivados de polímeros condutores e, a partir desses materiais, desenvolve dispositivos eletrocrômicos, capacitores e células solares. Para defender a propriedade do produto foi iniciado um processo de patenteamento com o Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade.

O trabalho relacionado às células solares vem sendo desenvolvido em uma parceria entre o IQB e o Instituto de Física (IF). Por outro lado, as pesquisas direcionadas a montagem de um LED orgânico ainda estão em estágio inicial devido à falta de infraestrutura adequada.

“Existem pelo menos três projetos de grande porte aprovados nessa linha em parceria com o IF e a maioria dos equipamentos já estão em fase de aquisição. Esperamos que, com o fomento da pesquisa através de financiadores, como CNPq, Capes e Finep, o IQB e o IF avancem cada vez mais no sentido de desenvolver dispositivos de interesse tecnológico e comercial de qualidade”, relata Adriana.