Universidades querem manter investimentos em infraestrutura para pesquisa

Na abertura do II Workshop CT-Infra, que reúne representantes das universidades federais das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, os discursos tiveram uma só direção: a importância de reforçar os investimentos na infraestrutura de pesquisa, para consolidar o salto de qualidade alcançado pelas instituições nos anos. O Workshop foi realizado de 15 a 18 de fevereiro, no Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), no Campus Maceió.


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Mesa de abertura do II Workshop
Mesa de abertura do II Workshop

Lenilda Luna - jornalista

Além das universidades, participam o representante da Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, Ricardo Rosa, que é coordenador do Programa CT-Infra, e o Diretor de Bolsas e Programas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, Emídio Cantídio. Também estiveram na abertura a reitora  Ana Dayse Dorea, e o representante do Comitê Gestor do Pro-Infra, Hilário Alencar.

A preocupação dos gestores e pesquisadores das Ifes está relacionada à possibilidade de cortes, que estão sendo discutidos pelo Governo Federal, para o programa Proinfra. O programa foi criado oficialmente em 2004, mas existe desde 2001, garantindo que 20% de todos os recursos setoriais sejam repassados para projetos das universidades. “Por exemplo, os impostos das indústrias farmacêuticas têm um percentual direcionado para o investimento em saúde, parte desses recursos vai para a infraestrutura das pesquisas. Na indústria naval, da mesma forma. É um fundo que recebe recursos de todos os setores produtivos, para beneficiar pesquisas em todas as áreas de conhecimento”, explica Josealdo Tonholo, pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Ufal.

“Não é hora de contingenciamento”, disse Tonholo. “Estamos num momento importante de começar a dar retorno à sociedade do que está sendo produzido nas universidades. Os recursos dos últimos dez anos serviram para recuperar a infraestrutura de pesquisa para chegarmos a este nível. Agora é a hora de crescer e consolidar”, complementou o Pró-reitor.

Durante a abertura do Workshop, a reitora Ana Dayse Dorea também reforçou a importância das pesquisas em universidades públicas das regiões mais pobres do país. “Ressalto esta questão como gestora de uma universidade pública, situada num dos Estados mais pobre do país. Não podemos abrir mão da nossa responsabilidade de viabilizar o desenvolvimento científico e tecnológico da nossa região”, disse a reitora.

Ricardo Rosa, coordenador do programa, garantiu que não haverá descontinuidade dos programas com a mudança de gestão na Finep, que deve ser transformada em um banco de fomento à pesquisa, nesse início do Governo Dilma Roussef. “O que queremos é promover avanços. Esta fase de transição é marcada por algumas dúvidas, mas no fundamental, os projetos vão continuar. O que precisamos é facilitar a captação dos recursos no mercado, para melhorar os investimentos”, disse Ricardo.

O diretor da Capes, Emídio Cantídio, também tranquilizou os pesquisadores. “Os recursos financeiros, na era Dilma, devem continuar chegando às universidades para promover o desenvolvimento estratégico e a superação das assimetrias entres as regiões brasileiras. Mas é preciso melhorar os processos avaliativos e ter mais eficiência na aplicação do investimento. Cada real direcionado à pesquisa deve se traduzir em benefício para toda a sociedade, e isso deve ser divulgado para todos, de forma transparente”, enfatizou Emídio.

Mais recursos para investimentos

Em dezembro de 2010, a Finep lançou mais uma chamada pública para selecionar propostas para apoio financeiro à execução de projetos institucionais de implantação, modernização e recuperação de infraestrutura física de pesquisa nas Instituições Públicas de Ensino Superior  ou de Pesquisa.

Os recursos previstos chegam a 360 milhões de reais. Destes recursos, pelo menos 30% deverão ser aplicados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e nas regiões de abrangência da Sudene e da Sudam. As propostas deverão ser apresentadas até o dia 25 de março e os resultados serão divulgados em junho deste ano.

“Estamos discutindo como adequar nossos projetos para participar desta chamada. Precisamos dar continuidade ao crescimento quantitativo e qualitativo que alcançamos na Ufal com recursos do CT-Infra”, informou Tonholo.

Resumo dos Projetos na Ufal

Segundo o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Josealdo Tonholo, desde 2001, foram investidos mais de dois bilhões de reais na infraestrutura das Universidades, sendo mais de 20 milhões somente na Ufal.

Alguns projetos já foram concluídos, como o Espaço Físico Multidisciplinar de Química, Engenharias, Biologia, Física, Humanas (Severinão), o almoxarifado para produtos químicos, infraestrutura básica de Ciências Agrárias, Unidade Piloto de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Sucro-álcool-químicos, o espaço físico para Laboratórios de Física e Química, os equipamentos multiusuários de caracterização de materiais (microscópio eletrônico, difratômetro, espectrofotômetro).

Entre os que estão na fase final, destacam-se: Rede Lógica, espaço físico de Matemática e Computação, laboratórios de Ciências Agrárias, equipamentos de Agrárias, Física, Química, espaço físico de Ciências Biológicas no campus Maceió, equipamentos multiusuários de Ciências Biológicas, Química, Física, Engenharias, gerador de nitrogênio líquido, citometria.

Os projetos que foram parcialmente executados são:  equipamentos para desenvolvimento de MEMS (sistemas micro-eletro-mecânicos), equipamentos para caracterização de materiais; rede lógica e elétrica, espaços de Educação e Letras, espaço de Ciências Agrárias, dispositivos MEMS.

Estão em fase inicial de execução: espaço físico para Biodiversidade, espaço físico para Ciências dos Materiais, equipamentos para desenvolvimento de MEMS, RMN, e espaço de Ciências Agrárias.

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