Pesquisa no Sertão usa feiras livres no registro de identidades territoriais

É indispensável que uma localidade mantenha intactas ou o menos alteradas possível as características identificadoras de sua história ou de sua realidade. Alagoas tem grande número de municípios que carregam consigo essa responsabilidade. Pensando nisso, pesquisadores do Campus do Sertão pretendem facilitar a identificação sócio-cultural de alguns destes lugares, com o projeto de extensão "A Construção da Identidade Territorial do Alto Sertão sob o olhar das feiras de Delmiro Gouveia e Água Branca".


- Atualizado em
A pesquisa mostra que feiras livres também constroem a história local
A pesquisa mostra que feiras livres também constroem a história local

William Correia – estudante de Jornalismo

O motivo da escolha das feiras dos dois municípios para a pesquisa, segundo o coordenador do trabalho, professor Samuel Pires Melo, é a importância de entender o processo de formação da identidade territorial por meio delas, que fazem parte da vida dos moradores de Delmiro Gouveia e Água Branca. O projeto se baseia em dados obtidos com a contribuição das prefeituras dos municípios.

A característica mais reconhecida das feiras livres talvez seja a sua contribuição para a movimentação da economia de pequenos municípios ou como transformadora da realidade econômica de seus próprios comerciantes. “Uma identidade territorial não é construída simplesmente pela economia, mas pelo modo de vida. E as feiras fazem exatamente isso: há o reconhecimento dos atores sociais menos favorecidos e que eram considerados marginalizados porque não entram diretamente na economia tecnológica”, esclarece o prof. Samuel Melo, chamando a atenção para o papel social que as feiras também desempenham.

O projeto, que já foi apresentado em eventos nacionais e internacionais, também irá gerar frutos para a formação dos alunos que o integram. Segundo o prof. Samuel, eles poderão construir o conhecimento intercalando teoria e prática, além terem a oportunidade de conhecer a realidade local e apurar a percepção para aspectos que poderiam passar despercebidos.

Com o desenvolvimento a todo vapor, o professor aponta que o estudo já passou pela etapa de mapeamento das feiras e dos feirantes. Como principais atores do processo, os comerciantes estão sendo reunidos pelo que ele chama de “grupos focais”, criados principalmente para discutir, baseados em informações passadas por eles próprios, os aspectos que merecem ser mantidos ou aperfeiçoados. Depois da conclusão dessas etapas, será realizado um seminário para apresentar os resultados obtidos e as alternativas propostas.