Portadores de doenças inflamatórias aprendem a reconstruir a vida

Aceitar uma doença que não tem cura para muitos não é tarefa fácil. Pensando nisso, a professora e médica do Hospital Universitário, Heloísa Vital, criou há 12 anos o projeto de integração “Reconstruindo Histórias de Vidas”, com o objetivo de prestar apoio psicossocial a pacientes com síndrome auto-imunes multissistêmica que pode se apresentar como artrite reumatóide, lúpus sistêmica, esclerose sistêmica, doença mista do tecido conjuntivo, dermatopolimiosite, entre outras formas.


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Integrantes do Projeto "Reconstruindo Histórias de Vida", criado há 12 anos
Integrantes do Projeto "Reconstruindo Histórias de Vida", criado há 12 anos

Madalena Fernandes – estudante de Jornalismo

Os portadores da síndrome em Alagoas que são atendidos no ambulatório do HU, através do projeto que utiliza a medotologia participativa, recebem orientações e trocam experiências. Os resultados segundo a cordenadora são muitos: melhor adesão ao tratamento, redução da quantidade de medicamentos, entrada mais rápida em remissão (fase em que a doença não apresenta sintomas) e diminuição dos custos do tratamento.

Além disso, a qualidade de vida é visível. “A gente tem visto pessoas darem a volta por cima, mesmo. Muitos encontram novas formas de se manter e sair da posição de doente”, destaca Maria Auxiliadora, professora de psicologia e coordenadora do grupo desde 2004. “Depois de cada reunião, saio daqui renovado. Quando estou em casa só fico pensando em coisas tristes”, compartilha o paciente José Edson.

Até 2010, o grupo atuava como projeto de extensão pelo curso de Psicologia, vinculado ao HU. Com a crescente demanada, a equipe precisou de profissionais de outras áreas e agora conta com residentes dos cursos de Nutrição, Psicologia, Farmácia, Fisioterapia e Serviço Social. “Um grupo multidisciplinar é algo inovador e nos leva para um caminho mais curto. Os nossos pacientes falam o que precisam e cada um na sua especialidade procura resolver, pois o médico não sabe de tudo”, assegura a médica  Heloisa Vital.

As reuniões ocorrem na primeira segunda-feira de cada mês, a partir das 8h, na sala de reuniões do 2° andar do HU. Segundo Heloisa Vital, muitos pacientes chegam para o grupo muito tímidos e receosos, mas ao longo das reuniões vão se integrando. “A gente não pode se esconder e nem ficar calado. Quando a gente não fala, outras pessoas que não sabem que tem a doença perdem a oportunidade de fazer um tratamento”, desabafa a portadora de lúpus sistêmica Eliene Chagas.