Ufal integra rede nacional para o enfrentamento do crack e outras drogas
A Ufal é uma das Instituições de Ensino Superior que vão receber um Centro Regional de Referência em Crack e outras Drogas. Serão 49 em todo o país. O programa foi lançado no dia 17 de fevereiro, em Brasília, pela presidenta Dilma Rousseff, em solenidade que contou com a participação das universidades e do ministro da Educação, Fernando Haddad. A Ufal foi representada pela coordenadora de Política Estudantil da Proest, Ruth Vasconcelos e pela professora da Esenfar, Jorgina Sales.
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Lenilda Luna – jornalista (com informações do site do Governo Federal)
O Centro Regional de Referência para formação permanente de profissionais da rede de atenção a usuários de crack e outras drogas e seus familiares-Cenfor - será coordenado na Ufal pelas professoras da Escola de Enfermagem, Jorgina Sales, enfermeira, e Maria Aline Fidelis, farmacêutica e doutora em Ciências. O Cenfor vai qualificar profissionais da rede Sistema Único de Saúde e do Sistema Único de Assistência Social para o atendimento de usuários de crack e outras drogas. São quatro modalidades de cursos para profissionais da rede básica de atenção à saúde, da rede de assistência social e para profissionais atuantes em hospitais gerais.
A previsão é que em todo o país, em um ano, 14,7 mil profissionais sejam capacitados para lidar com esta situação considerada um problema de saúde coletiva que atinge inúmeras famílias brasileiras. “Aqui na Ufal, vamos receber em torno de 271 mil reais para equipar o Centro e promover os cursos. Vamos envolver cerca de 300 profissionais nestes cursos”, informa Jorgina Salles.
“Pretendemos discutir a questão das drogas como um todo, mas reconhecemos que o crack e o álcool apresentam, atualmente, um poder mais ofensivo e devastador para a saúde e a para convivência social dos usuários”, ressalta Aline Fidelis.
Essa gravidade dos efeitos do crack em relação às outras drogas consumidas ilegalmente no país, também foi ressaltada pelo ministro Fernando Haddad no lançamento do programa. “O crack é mais que uma droga, é quase um veneno. Começa com uma brincadeira e termina com a morte”, alertou o ministro.
Segundo as coordenadoras do programa na Ufal, mesmo comunidades mais isoladas, hoje enfrentam os efeitos do consumo de drogas. “Em áreas rurais, antes era detectado a presença do álcool, agora temos também o crack chegando nessas pequenas localidades”, informou Aline Fidelis.
Enfrentamento coletivo
As especialistas da Esenfar que vão coordenar as ações do Centro enfatizam que o projeto local foi elaborado a partir de profissionais de vários municípios. “Buscamos a colaboração fundamental dos profissionais que já atuam junto aos usuários de drogas na capital e no interior de Alagoas, para saber como as ações do Centro podem fortalecer essa rede de atendimento”, disse Jorgina Sales.
As coordenadoras ressaltam que as estratégias de enfrentamento à problemática das drogas só surte efeito com a participação dos mais diversos setores. “É preciso unir os esforços das famílias, dos gestores públicos, dos profissionais de saúde e de toda a sociedade, para encontrar caminhos a partir da experiência de cada um”, pondera Jorgina.
Além disso, a integração entre os municípios que vão participar do projeto será uma constante. “Vamos fazer reuniões periódicas para que os profissionais das cidades possam trocar experiências. Queremos construir um plano de intervenção para cada município, mas compartilhando as idéias e ações”, avaliou Jorgina.
Funcionamento do Centro
O Centro Regional de Referência para a formação de profissionais que atuam na rede de atenção à saúde e assistência social com usuários de crack e outras drogas e seus familiares deve começar a funcionar até o final de março, no Campus Maceió, com apoio da estrutura de um outro programa, o Centro de Informação Toxicológica (Citox), que também está sendo implantado, sob a coordenação da professora Aline Fidelis.
No final dos cursos, que serão desenvolvidos durante um ano, será realizado um Seminário Integrado sobre Drogas para articular e divulgar o que foi aprendido e elaborado pelos participantes do projeto. Este evento está previsto para fevereiro de 2012. “Também vamos elaborar um site para compartilhar informações e aprendizados sobre drogas entre os envolvidos nas capacitações”, disse Jorgina. "Além disso, pretende-se orientar os profissionais em qualificação, de modo que ao final dos cursos sejam elaborados por eles projetos de intervenção, para o enfrentamento ao uso do crack, de acordo com a realidade de cada município de Alagoas", disse Aline.
O crack tem saída
Segundo Jorgina, o “Plano Integrado de enfrentamento ao Crack”, lançado no governo Lula, ressaltou a problemática desta droga e está investindo na prevenção do uso, tratamento e reinserção social de usuários. Apesar desta gravidade, Jorgina faz questão de manter as esperanças de usuários e familiares. “O crack tem saída sim. Temos experiências de pessoas que conseguiram superar a dependência e retomar uma vida saudável”, disse Jorgina.
“Sabemos que não é fácil. Os efeitos fisiopatológicos do crack são potentes. É necessária uma atenção multiprofissional. É preciso um grande apoio da família, na atenção ao dependente, que sofre um grande abalo na sua autoestima, e precisa de ajuda em todos os sentidos”, disse Aline.
As coordenadoras ponderam também que é preciso enfrentar as causas, o que leva cada vez mais pessoas a fazerem uso abusivo de drogas. “Temos o crack associado à violência urbana, temos o álcool relacionado à violência doméstica e aos acidentes de trânsito. Mas a droga só potencializa atitudes e comportamentos que revelam problemas biopsicossociais que precisam ser reconhecidos e cuidados”, avaliam as especialistas.
A contribuição da Universidade
Durante o seminário de implantação dos Centros Regionais de Referência em Crack e Outras Drogas, em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff enfatizou a importante contribuição das universidades para enfrentar essa problemática. “Junto com a Polícia Federal nas áreas de fronteira, com o próprio Exército, com as Forças Armadas, o saber talvez seja uma das condições privilegiadas através das quais nós podemos decifrar as drogas”, disse a presidenta no discurso de lançamento do projeto.
As coordenadoras do Cenfor na Ufal concordam com essa avaliação. “Esse é realmente um momento para dar um retorno à sociedade de tudo o que é investido nas universidades públicas, não só em forma de pesquisa, mas de capacitação profissional e ações práticas de atenção integral aos usuários e seus familiares”, destaca Jorgina Sales.
Ainda durante a cerimônia, em Brasília, a secretária nacional de Políticas Sobre Drogas, Paulina Duarte, assinalou que, em março, o governo federal lançará o maior estudo do mundo sobre o crack, que envolverá 22 mil pessoas de todos os estados brasileiros. “Todos esses estudos serão utilizados como referência para o nosso trabalho”, concluiu Aline Fidelis.
Leia mais informações sobre a instalação dos Centros no site.