Tintura de própolis vermelha inibe crescimento da bactéria multirresistente

A tintura de própolis vermelha de Alagoas apresentou atividade antimicrobiana contra a bactéria multirresistente (Acinetobacter baumannii) que provocou a morte de nove pessoas internadas no Hospital Universitário. Os técnicos do setor de análises clínicas do HU, Jeane Rodrigues Farias, Eliege Maria dos Santos e Jorge Ferreira, realizaram o ensaio com alguns antibióticos e também com as tinturas de própolis vermelha e tintura de cúrcuma longa (açafrão da terra) considerados como alimentos funcionais devidos as suas propriedades antioxidantes, terapêutica e com valor nutricional.


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Com a Concentração Inibitória Mínima de 2 mg/mL, a tintura de própolis inibe o crescimento da acinectobacter
Com a Concentração Inibitória Mínima de 2 mg/mL, a tintura de própolis inibe o crescimento da acinectobacter

Na pesquisa com antibióticos convencionais, apenas gentamicina, tigeciclina e colistina conseguiram inibir o crescimento da bactéria multirresistente, porém a acinetobacter baumannii sobreviveu à maioria dos antibióticos testados, sendo eles: ampicilina, ampicilina/sulbactam, piperaciclina, cefalotina, cefoxitina, cefotaxima, ceftazidima, aztreonam, imipenem, meropenem, amicacina e ciprofloxacina, o que demonstra a forte capacidade de resistência desta bactéria.

Nos ensaios realizados com a tintura de própolis a 10% e tintura de cúrcuma a 10%, verificou-se apenas que a tintura de própolis nas concentrações de 10, 8, 6, 5, 4 e 2 mg/mL conseguiram inibir o crescimento da acinectobacter e nas concentrações de 0,8 e 0,4mg/mL houve crescimento da bactéria, sendo a Concentração Inibitória Mínima (CIM) 2 mg/mL.

A análise do solvente utilizado para preparar a tintura de própolis vermelha mostrou crescimento microbiano demonstrando que o solvente não contribui para a inibição de crescimento de A. baumannii e que a ação da própolis está nos isoflavonóides. As mesmas concentrações foram testadas para a cúrcuma longa, porém houve crescimento microbiano.

Os extratos de cúrcuma longa são utilizados na India, China e Estados Unidos com ação antiinflamatória e anticancerígena. Já a própolis é muito utilizada no Japão e demais países orientais como substância com propriedades antienvelhecimento, antimicrobiana, antiinflamatória, anticancerígena e antiviral.

Estes resultados, além de outros já obtidos no CPML/Uncisal, serão utilizados para defesa de dissertação do professor Valter Alvino, que está prestes a obter o título de mestre pelo curso de pós-graduação em Nutrição da Ufal, sob o título da dissertação “Padronização de método cromatográfico e microbiológico para tintura, extratos secos e produtos nutracêuticos a base de própolis vermelha”, em maio de 2011.

Os resultados da dissertação do prof. Valter Alvino serão publicados no 23rd Symposium on Pharmaceutical and Biomedical Analysis a ser realizado em João Pessoa em outubro de 2011 com posterior publicação no Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, revista científica com alto fator de impacto.

Segundo o professor Ticiano Gomes do Nascimento, doutor em Farmácia da Ufal, que vem coordenando as pesquisas, os resultados com a própolis vermelha são promissores. “É um projeto que vem contribuindo com a formação e qualificação de novos recursos humanos no âmbito das Universidades, contribui com a geração de novos conhecimentos científicos e tecnológicos nas áreas de nutrição e farmacêutica, principalmente a nanotecnologia farmacêutica, tem um apelo socioambiental para a preservação da mata atlântica e acima de tudo tem um impacto econômico por contribuir com o desenvolvimento sustentável da região, na geração de emprego e renda na área de apicultura e formação de novos apicultores”, ressalta o pesquisador

Participam da pesquisa os professores Valter Alvino da Silva, Zenaldo Porfirio, Irinaldo Diniz Basílio Júnior, alunos de Iniciação científica José Marcos Santos Oliveira, Kattiuccy Gabriela da Silva Brito, ligados ao Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Controle de Qualidade de Medicamentos do curso de Farmácia, da Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar) da Ufal.  

O Projeto “Padronização de extratos derivados de própolis vermelha como estratégia racional de desenvolvimento de bioprodutos: desenvolvimento de métodos cromatográficos e microbiológico”, aprovado em novembro de 2010 pelo edital nº 014/2010 do CNPq, recebeu recursos na ordem de dezoito mil reais.

O professor Ticiano Nascimento destaca ainda que a criação e fortalecimento da APL em própolis vermelha no Estado se faz necessária para desencadear uma nova cadeia produtiva em Alagoas, com implantação de novas indústrias farmacêuticas de fitoterápicos e apiterápicos.

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Palestra esclarecer servidores e acadêmicos do HU sobre bactérias multirresistentes