Estudos pioneiros prometem diminuir emissão de gases nocivos na atmosfera

Métodos para diminuição da emissão de componentes causadores do efeito estufa estão sendo estudados em diferentes perspectivas em todo o mundo. Pensando em aliviar a tensão pela qual o planeta Terra vem passando, como consequência das altas temperaturas provocadas pela emissão de gases considerados nocivos quando emitidos em grande quantidade na atmosfera, pesquisadores da Ufal se dedicam ao estudo da produção e das potencialidades do carvão vegetal e de técnicas que auxiliem na captação de dióxido de carbono.


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Entre estudantes bolsistas e professores, o Lassop conta com considerável número de colaboradores
Entre estudantes bolsistas e professores, o Lassop conta com considerável número de colaboradores

William Correia – estudante de Jornalismo 

João Inácio Soletti e Sandra Carvalho, professores do Curso de Engenharia Química, são os coordenadores das pesquisas. No Laboratório de Sistema de Separação e Otimização de Processos (Lassop), os dois desenvolvem diferentes estudos relacionados ao tema. Entre os que vêm sendo ou já foram realizados estão os de gaseificação de biomassa, produção e utilização de biodiesel e sistemas de separação. Nos próximos meses, eles darão início ao estudo de novos processos de captura e redução do dióxido de carbono, visando conhecer as possibilidades de sua aplicação em Alagoas.

Biocarvão

Também conhecido como biochar, o biocarvão é um material gerado pela decomposição de diferentes tipos de material orgânico (entre eles ossos, bagaço, esterco) por meio do processo chamado pirólise, que consiste em submeter o material a altas temperaturas e ambiente com pouca ou nenhuma presença de oxigênio. Soletti é quem pretende trazer para Alagoas esse método inovador de reutilização e retenção do carbono: ele iniciará os estudos no programa de pós-doutoramento da University of British Columbia, sediada no Canadá, onde irá conhecer as possibilidades de utilização do composto no Estado.

Na combustão por pirólise, segundo explica o professor, o material orgânico libera parte da quantidade de carbono na atmosfera, entretanto, a maior parte é absorvida pelo carvão vegetal, por período de tempo indeterminado, e pode ser misturado ao solo, onde fica armazenado em segurança e pode ser utilizado como fertilizante. Soletti explica que foram descobertas evidências sobre a utilização do biocarvão por índios da Amazônia, mas que não se sabe se era feita com a consciência de suas propriedades. “No local onde foram encontradas evidências da utilização a terra possuía alto nível de fertilidade, atingindo quantidade de fósforo e nitrogênio três vezes maior do que aquela cultivada sem o componente”, exemplifica.

Ele diz que os estudos envolvendo a utilização do biocarvão, por serem recentes, ainda caminham a passos lentos e no Brasil são pouco realizados, principalmente por causa da falta de conhecimento aprofundado sobre a sua viabilidade. Soletti lembra que são necessárias novas maneiras de lidar com a natureza e suas potencialidades, e que é preciso ao homem “começar a pensar nas consequências de sua atual forma de tratar o ambiente”, por isso enxerga o carvão vegetal como uma opção que merece ser explorada.

Captura de dióxido de carbono

Ao lado dele, na universidade canadense, a professora Sandra irá desenvolver seu Estudo das Técnicas de Captura de CO2, baseando-se na participação de países industrializados no desequilíbrio ambiental, que é visto por ela como consequência, entre outras possibilidades, da soma de costumes já solidificados como consumo de combustíveis fosseis e desmatamento de florestas.

Com o trabalho, Sandra pretende analisar processos utilizados atualmente na captação para entender as suas limitações e analisar sua aplicabilidade. Além disso, a engenheira química pretende conhecer as possibilidades dessa captura por meio de adsorção (fixação de moléculas de um fluido a uma superfície sólida), absorção com solventes, sistemas com membranas e sistemas integrados com gaseificação.

A professora explica que 65% dos raios solares ficam retidos na atmosfera, resultando no tão conhecido efeito estufa, que tem como função manter aquecida a superfície terrestre. Quando os gases responsáveis pela reflexão e absorção dos raios infra-vermelhos acumulam na superfície, acontece a elevação da temperatura conhecida como aquecimento global.

Vilão do aquecimento global, o dióxido de carbono é o gás que precisa ser combatido, e isso pode ser feito através da redução da sua emissão e sua retirada da atmosfera terrestre por meio de processos naturais como o reflorestamento. Ela acrescenta que o dióxido de carbono não pode receber sozinho a culpa: monóxido de carbono, metano e óxidos de nitrogênio também são responsáveis por causar o efeito estufa.

Como soluções para efetiva redução dos gases nocivos, Sandra acha necessário desde a educação ambiental da população à conscientização da indústria visando à mudança de parâmetros de produção, direcionando o seu pensamento à preservação do ambiente com desenvolvimento sustentável. “Precisamos pensar, como alguns exemplos, na educação do descarte para diminuição do despejo de lixo, na utilização da coleta seletiva e reciclagem”, diz.

Pós-doutorado

O início das pesquisas, que terão auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), após aprovação de bolsas para o período de duração dos trabalhos, está previsto para setembro e terá duração de um ano. No Canadá, eles terão a supervisão dos pesquisadores John Grace para a pesquisa de Sanrda, Estudos das Técnicas de Captura de CO2, e Naoko Ellis auxiliando o trabalho de João Soletti, Otimização das Condições Operacioupervinais de um Reator Pirólítico de Biomassa para Produção de Biocarvão (biochar) e Recuperação de Bio-óleo.