Educação muito além dos limites do campus
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Lenilda Luna - jornalista
Rafael André de Barros, mestrando em Educação da Ufal, ilustra bem as oportunidades que são agarradas com força por quem deseja estudar, mesmo enfrentando adversidades. O jovem, que completou 28 anos este ano, cresceu no Jacintinho, um dos bairros mais populosos de Maceió e onde a maioria dos moradores é de classe média baixa ou vive abaixo da linha de pobreza.
Filho de família pobre, Rafael precisou trabalhar como ambulante desde cedo no comércio local, vendendo capas para celular.
Ele cursou o ensino fundamental numa escola pública do bairro, mas não teve condições de avançar para o ensino médio. “Nas horas de menor movimento, eu colocava o mostruário de lado e começava a ler um livro, ali mesmo na avenida”, conta Rafael. Foi numa dessas leituras que o jovem chamou a atenção de um empresário, que o ajudou a conseguir um emprego como frentista de posto.
Com um emprego melhor e acesso ao computador do posto, Rafael fez o provão do supletivo e obteve o diploma do ensino médio, já depois de ter sido aprovado no vestibular do curso piloto de
Administração a distância, em 2006, na Ufal e começou a cursar em 2007. “Eu trabalhava de madrugada no posto, dormia um pouco e depois seguia para a universidade, onde comecei a me envolver com projetos de iniciação científica e bolsa trabalho”, lembra o universitário.
Com o tempo, Rafael André deixou o trabalho no posto e se dedicou integralmente às atividades acadêmicas. “Existem muitas oportunidades na universidade para quem se dedica e quer estudar”.
No final de 2010, Rafael André se formou em Administração, e já tinha sido aprovado no Programa de Pós-graduação em Educação da Ufal. “Tudo foi muito rápido, e quando eu penso na minha vida, lembro de amigos de infância tão capazes quanto eu, mas que perderam no tráfico ou esgotados em subempregos, por falta de oportunidades”, comenta emocionado o mestrando. “Eu saí da periferia do Jacintinho para estudar na Universidade Federal de Alagoas. A Educação salvou a minha vida”, diz Rafael entusiasmado.
Extensão e outras parcerias para alunos de todas as idades
Aos 90 anos de idade, a pediatra aposentada, Edith Helcies Farias, não quer saber de ficar parada. Ela participa de um projeto de terapia holística e este ano se matriculou na Universidade Aberta da Terceira Idade, que iniciou as aulas em 2011. “Viver intensamente cada etapa sempre foi o meu lema”, ensina a nova aluna da Ufal.
A aposentada se beneficia de uma das atividades abertas à participação da comunidade. São várias ações educativas como essa, promovidas pela Ufal, por meio do Centro de Educação (Cedu) e a colaboração de diversos parceiros. Os programas e projetos envolvem segmentos como artes, esporte, saúde, e atingem públicos de todas as idades, desde crianças até idosos. Nas áreas indígenas e nos acampamentos de trabalhadores rurais Sem Terra, por exemplo, a educação é realizada em parceria com os movimentos sociais.
Atualmente a Ufal também colabora com a inclusão digital, formando professores para colocar em prática o projeto “Um computador por aluno”, do Ministério da Educação. A capacitação dos professores de Alagoas está sendo coordenada pelo professor Luís Paulo Mercado.
Além da formação dos educadores alagoanos, o Cedu desenvolve cerca de trinta projetos de extensão, além de participar de ações voltadas para a educação infantil, fundamental, ensino médio e educação de Jovens e Adultos.