Audálio Dantas fala do processo de criação de seu novo livro

Prestes a lançar mais um livro, o jornalista e escritor alagoano Audálio Dantas, patrono da V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, volta ao estado para receber a homenagem da Universidade Federal de Alagoas e falar sobre duas paixões: o Jornalismo e a Literatura.


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Patrono da Bienal participa de mesa-redonda, no sábado (29), às 15 horas
Patrono da Bienal participa de mesa-redonda, no sábado (29), às 15 horas

Graça Carvalho - jornalista

A palestra acontecerá no próximo sábado, 29, às 15 horas, como parte de uma mesa-redonda sobre o tema, integrada ainda pelos jornalistas Ricardo Kotscho e Fernando Morais.

O livro “A Segunda Guerra de Vlado Herzog”, com lançamento previsto para o início de 2012, pela Editora Record, é resultado do mergulho do jornalista Audálio Dantas em suas memórias e da apuração rigorosa de fatos que antecederam e sucederam o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, no auge da ditadura militar.

Audálio Dantas diz viver um momento de alívio, por ter conseguido concluir esse trabalho, segundo ele, elaborado “mentalmente” há várias décadas. “Vivi toda a história relatada no livro como presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, bem no olho do furacão, acompanhando de perto fatos envolvendo assassinatos e desaparecimentos de jornalistas (entre eles, o alagoano Jaime Miranda).  Na época, nosso Sindicato denunciou o assassinato de Vlado e convocou um ato ecumênico que reuniu mais de oito mil pessoas, na Catedral de São Paulo, no dia 31 de outubro de 1975”, relembra o alagoano, acrescentando que o ato ecumênico entrou para a história do país como a primeira manifestação de massa, desde a edição do AI-5.

Processo de criação -  O livro  sobre Herzog levou mais de 30 anos para ficar pronto,  por razões puramente emocionais. “Estive diretamente envolvido no processo. Precisava de tempo para conseguir passar tudo para o papel. Então, deixei quieto e me ocupei com outros livros e com minha atividade profissional ”, explica Dantas, que só se sentiu pronto há cerca de um ano e meio, quando iniciou o processo de escrita de “Segunda Guerra de Vlado”.

 A escolha do título também revela o aprofundamento da narrativa. Iugoslavo e judeu, Herzog, segundo Dantas, já havia enfrentado uma primeira guerra: a perseguição dos nazistas que fez sua família fugir para a Itália e, logo depois, para o Brasil. Por isso, ele fez questão de iniciar a obra contando  essa particularidade da vida de Vlado.

Para quem está iniciando sua carreira no Jornalismo, na Literatura ou em ambos, Audálio Dantas dá sua receita: muita leitura, mantendo sempre as obras de Graciliano Ramos na mesinha de cabeceira; e concentração, usando, quando preciso, o computador  apenas como uma boa máquina de escrever, para não cair na tentação de “navegar”.

“Ler continua sendo a dica fundamental para quem quer escrever. Não há novidade. No entanto, depois da Internet, essa leitura  precisa  ser muito mais focada, caso contrário, o sujeito se perde num labirinto de informações, muitas delas, inúteis”, alerta o autor.

Mais sobre Audálio – Alagoano de Tanque D’ Arca, Audálio Dantas iniciou sua carreira no início da década de 50,  como repórter da Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo), passando em seguida pelas redações das revistas O Cruzeiro, onde foi redator e chefe de reportagem; Quatro Rodas, nas funções de editor de turismo e redator-chefe; Realidade, como redator e editor; Manchete, como chefe de redação; e Nova como editor. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, primeiro presidente eleito da Federação Nacionalo de Jornalistas (FENAJ), deputado federal por São Paulo e vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1981, recebeu, na ONU, o Prêmio Kenneth David Kaunda de Humanismo. Atualmente, vice-presidente da Associação Brasileira de Escritores, diretor da revista Negócios da Comunicação e dedica-se também à elaboração, produção e execução de projetos culturais.