Pesquisadores em educação a distância apresentam projetos em Portugal

Professores tiveram três artigos aprovados para seminário sobre "Exclusão Digital na Sociedade da Informação", realizado em Lisboa


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Professor Ibsen Bittencourt comemora os bons resultados em pesquisa da Ead
Professor Ibsen Bittencourt comemora os bons resultados em pesquisa da Ead

Lenilda Luna - jornalista

A distância física não é mais uma barreira para a apresentação de projetos de pesquisa em congressos internacionais. Os professores de Educação a Distância da Ufal aprovaram três trabalhos no VI Seminário "Exclusão Digital na Sociedade de Informação", realizado nesta sexta-feira, 27, e sábado, 28 de janeiro, na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, em Portugal. “Não tivemos tempo de organizar nossa viagem à Europa, mas estaremos apresentando esses trabalhos on-line, em uma plataforma digital disponibilizada pelos organizadores do congresso”, explicou o professor Ibsen Mateus Bittencourt, coordenador de fomentos e projetos da Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied).

O seminário internacional tem o objetivo de compartilhar informações sobre trabalhos que contribuam com uma maior acessibilidade aos recursos tecnológicos, para alcançar grupos que ainda se encontram excluídos do universo digital. “O analfabetismo digital constitui, na sociedade da informação, um meio de exclusão social a que temos que dedicar a nossa atenção”, propõem os organizadores do seminário.

Pesquisas em Educação a Distância na Ufal

Os trabalhos apresentados pela Ufal nesse seminário em Lisboa são relacionados a duas experiências bem sucedidas de inclusão digital em comunidades de baixa renda: um projeto realizado no Sertão para capacitar moradores de municípios alagoanos a utilizarem a internet em comunicação, compartilhamento de experiências e, até mesmo, na geração de renda por meio de negócios na web; o outro projeto está relacionado ao resgate da autoestima por pacientes com problemas psíquicos. “O diferencial nesses trabalhos aprovados é que todos os autores são pesquisadores da área da EaD, numa demonstração clara da qualidade da pesquisa realizada na universidade”, ressaltou Ibsen Bittencourt.

O trabalho intitulado “Iniciação Digital do Médio Sertão de Alagoas, possibilidades e desafios” foi coordenado pelo professor Ibsen Mateus Bittencourt, com a participação de Ig Ibert Bittencourt, Pedro Augusto, Rodolfo Alves, Laila Moura, Thycianne Menezes, Jorge Caetano, Leonildo Melo e Emanuele Tuane. O artigo relata a experiência de ensinar jovens de baixa renda a utilizarem os recursos tecnológicos disponíveis nos municípios do interior. “Muitas das nossas cidades já contam com telecentros e laboratórios de informática nas escolas, mas são pouco utilizados, porque essas pessoas ainda não sabem lidar com esses equipamentos e nem conhecem as possibilidades abertas pela rede mundial de computadores”, ponderou o pesquisador.

O trabalho realizado pela equipe de EaD alcançou quatro municípios alagoanos: Santana do Ipanema, Delmiro Gouveia, Arapiraca e Olho d'Água das Flores. “Capacitamos cerca de 400 pessoas, no período de um ano, com financiamento do CNPq, utilizando o Linux Educacional, que é um software livre”, explicou Ibsen.

O trabalho passo a passo foi desde ensinar os jovens de baixa renda a ligar o computador, até mostrar a eles como a internet pode ser usada na comunicação interpessoal e em projetos de negócios, com a formação de empresas virtuais para venda de produtos, serviços e consultoria.

O projeto foi encerrado em dezembro do ano passado, mas os pesquisadores vão solicitar a prorrogação por mais seis meses. “Temos recebido muitas solicitações de novos grupos. Em Santana do Ipanema, por exemplo, entramos em contato com várias escolas da rede municipal que foram equipadas com laboratórios de informática, viabilizados com recursos do MEC, mas os professores ainda não estão capacitados para utilizá-los”, exemplificou o coordenador.

Pacientes com problemas psíquicos se expressam por meio de blogs

Os outros dois artigos apresentados pela Ufal no Seminário em Lisboa dizem respeito a um projeto realizado com pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da Jatiúca, em Maceió. O projeto começou como uma atividade de extensão e depois se constituiu em uma pesquisa para a dissertação de mestrado da professora do curso de Enfermagem do Campus Arapiraca, Ivanise Bittencourt. “Há um ano e meio acompanho quatro pacientes com problemas psíquicos do Caps Jatiúca, propondo atividades de expressão por meio de um blog, para que eles possam compartilhar suas experiências, dificuldades e conquistas durante o tratamento”, relatou Ivanise.

O trabalho rendeu dois artigos apresentados no seminário em Lisboa. O primeiro é “Inclusão Digital em Saúde Mental: contribuições das tecnologias da informação e comunicação para pessoas em sofrimento psíquico”, de autoria das professoras Deise Francisco e Ivanise Gomes Bittencourt, e “O blog como ferramenta para a inclusão digital e exercício da autoria por pessoas em sofrimento psíquico”, que tem como autores Deise Francisco, Ivanise Gomes Bittencourt, Rafael Barros e Aline Paz.

Projetos ganham projeção internacional

Para o professor Ibsen Bittencourt, os projetos de pesquisa em Educação a Distância estão gerando bons frutos para a universidade. “As pessoas, de um modo geral, e também os pesquisadores ainda têm uma certa resistência com o universo on-line. Aulas a distância, pesquisas apresentadas em congressos via internet, coordenação de pesquisa em ambientes virtuais ainda não são bem aceitos no cotidiano das universidades. Mas, cada vez que aprovamos um artigo relacionado a essa área e participamos de eventos nacionais e internacionais de pesquisa, vamos quebrando barreiras”, comemorou o professor.