Alunos de Nutrição avaliam crianças do Projeto Golfinho

Participação de 8 a 13 anos estiveram na colônia de férias do Corpo de Bombeiros de Alagoas


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Golfinhos em forma para ouvir o Hino Nacional
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Dezesseis alunos do curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas fizeram a avaliação nutricional das crianças participantes do Projeto Golfinho, uma colônia de férias operacionalizada pelo Corpo de Bombeiros de Alagoas, que tem como objetivo, além de promover a prática da atividade física e lazer, desenvolver diversos aspectos relativos ao exercício da cidadania. Segundo o professor da Ufal, Haroldo Ferreira, presidente da Associação Alagoana de Nutrição e coordenador dos trabalhos dos estudantes, esse foi o primeiro ano dessa parceria, a convite do comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Luiz Antonio Honorato da Silva.

Este ano o projeto promoveu sua sétima edição, atendendo a 500 crianças de 8 a 13 anos, divididas em quatro turmas. Cada uma tinha suas atividades realizadas na praia da Pajuçara, de segunda a sexta-feira, no período de 9 de janeiro a 3 de fevereiro, sob coordenação do major BM Carlos Cauper.

Segundo Haroldo, os resultados obtidos foram repassados aos pais das crianças, visando alertá-los sob a condição nutricional dos filhos, para, quando necessário, tomar as medidas cabíveis visando a uma melhor saúde das crianças. “Mais uma vez se comprova o processo de transição nutricional pelo qual vem passando a população brasileira e, em especial, a alagoana: os casos de desnutrição que, não faz muito tempo, eram uma grande preocupação no âmbito da saúde pública, estão sendo substituídos em grande velocidade pelos casos de obesidade, o agravo nutricional mais prevalente observado entre as crianças do projeto”, ressalta o professor.

Foram avaliadas 479 crianças. Dessas, 15 (3,1%) apresentaram peso muito baixo para sua respectiva altura (magreza), condição que caracteriza um processo de desnutrição aguda. Sete crianças foram classificadas como em risco de desnutrição aguda, o que significa que estão no limiar do peso para enquadrar-se nesse quadro. A desnutrição crônica, situação que é identificada pela observação de uma estatura muito aquém da esperada para a respectiva idade e sexo, foi observada em sete crianças (1,5%), sendo que outras oito (1,7%) estavam em condição de risco.

Segundo avaliação do professor Haroldo Ferreira, o problema mais prevalente foi o sobrepeso, o qual foi diagnosticado em 95 (19,8%) crianças, sendo que 63 (13,1%) encontravam-se em situação de risco. “Cerca de 33% das crianças avaliadas necessitam de atenção especial no que se refere ao seu padrão alimentar, tendo em vista a necessidade de aquisição de um peso corporal mais adequado a uma vida saudável”.

Diante dos dados obtidos com a avaliação nutricional realizada pela equipe da Ufal, o professor Haroldo argumenta que as ações do Projeto Golfinho, por ser de curta duração, não têm impacto significativo sobre a composição corporal das crianças, “contudo, apresentam alta relevância no sentido de criar nas crianças o prazer em realizar atividade física, o que no âmbito escolar, infelizmente, não vem se estabelecendo para uma parcela importante dos escolares”, disse ele.

Ele adverte para a realidade atual, em que cada vez mais os professores, provavelmente de forma inconsciente, buscam e privilegiam aqueles que apresentam um talento especial para determinada modalidade esportiva, discriminando os de menor habilidade, o que causa nestas crianças certa aversão pela prática esportiva. “No caso das crianças com sobrepeso, é imprescindível romper com tal aversão, pois só com a adoção de uma alimentação saudável aliada à prática regular de atividade física, será possível adquirir uma melhor qualidade de vida na idade adulta”, sugere o presidente da Associação Alagoana de Nutrição.