Cursos de enfrentamento ao crack abrem novas turmas em abril

Capacitação é direcionada aos profissionais de saúde, educação e assistência social dos municípios alagoanos


- Atualizado em
Programa de Enfrentamento do Crack mobiliza profissionais de saúde. (Imagem do Sciense Photo Library)
Programa de Enfrentamento do Crack mobiliza profissionais de saúde. (Imagem do Sciense Photo Library)

Lenilda Luna – jornalista

O Centro Regional de Referência em Crack e outras Drogas (CRR), instalado na Ufal ano passado, vai oferecer novas turmas a partir de abril. Os cursos têm duração de 120 horas, com aulas uma vez por semana, e são direcionados aos médicos do Programa Saúde da Família, agentes de saúde, assistentes sociais, profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Este ano, haverá mais uma turma para quem trabalha com urgência e emergência nos hospitais gerais e no Samu.

As inscrições ocorrem de 27 de fevereiro a 9 de março e podem ser feitas pelo site da Escola de Enfermagem e Fármácia (Esenfar), pelo e-mail crr.alagoas@gmail.com ou pelo telefone 3214-1146. Os interessados não pagam nada, já que os cursos são financiados pela Rede Nacional para o Enfrentamento do Crack e outras Drogas, programa do governo federal, lançado pela presidente Dilma Roussef, em fevereiro de 2011.

Os participantes precisam custear apenas o deslocamento, principalmente os que vêm do interior. A hospedagem não será mais necessária. “Nas primeiras turmas, iniciadas ano passado, tivemos aulas às sextas e aos sábados, mas pela dificuldade de pernoite para os profissionais que se deslocavam do Sertão e do Agreste, decidimos manter as aulas concentradas em um só dia da semana, possibilitado o retorno ao municípios”, explica Jorgina Salles, coordenadora do Centro em Alagoas.

As aulas acontecem na sala de Saúde Mental, da Esenfar, no campus da Ufal em Maceió. O conteúdo dos cursos engloba temas como: a Política Nacional sobre Drogas (Pnad), conceitos de drogas e padrões de uso, abordagens terapêuticas do usuário de crack e outras drogas, abordagem aos familiares dos que fazer uso das drogas, organização da rede de apoio social e reinserção social dos usuários, entre outros assuntos. “Não é um curso teórico, a intenção é criar um núcleo de intervenção em cada município”, ressalta Aline Fidelis, vice-coordenadora do CRR-Alagoas.

Adesão ao programa no Estado

As coordenadoras do Centro de Referência em Alagoas destacam a participação de cerca de 150 profissionais nas primeiras turmas, que foram iniciadas em 2011, com finalização agora em março. “A participação foi muito boa, mas nossa proposta é que os municípios enviem delegações maiores, com profissionais de diversas áreas, para que eles possam voltar aos locais de atuação em condições de desenvolver estratégias coletivas de intervenção”, pondera Jorgina Salles.

A vice-coordenadora, Aline Fidelis, reforça essa necessidade e coloca como exemplo três municípios: Maceió, Piranhas e Arapiraca. “Maceió enviou 40 profissionais, o que já era esperado porque eles estão na cidade onde o curso é oferecido. Mas ressaltamos o empenho dos dez profissionais que vieram todos os dias de Piranhas, e 18 de Arapiraca, e não faltaram nenhuma vez”, elogia Aline.

As coordenadoras esperam adesão ainda nas segundas turmas que serão oferecidas a partir de abril. “Inicialmente, os cursos seriam oferecidos para os municípios onde a problemática das drogas foi diagnosticada com maior intensidade, mas devido ao alcance do tráfico, que se espalhou por todo Estado, as inscrições serão abertas para todos os profissionais que estão enfrentando a situação”, ressaltou a coordenadora, Jorgina Salles.

O crack em Alagoas

O crescimento do uso de crack em Alagoas preocupa bastante os profissionais das redes de saúde e assistência social. A droga chegou à área rural com efeito devastador. “Temos relatos de uso de crack por trabalhadores rurais empregados nos canaviais. A droga pode dar uma sensação inicial de vigor físico e estímulo para o trabalho, mas o efeito passa rápido e a saúde vai se deteriorando em pouco tempo”, alerta Jorgina Salles.

Outros relatos alcançam tanto a capital como o interior do Estado e estão relacionados à grande oferta de trabalho nas obras de construção civil. “Operários desse setor estão com uma jornada de trabalho extensa, muitas vezes saindo de um canteiro de obras para outro. Segundo relatos que estamos recendo dos profissionais que atuam nestas localidades, as drogas, como o crack e o álcool, se espalham como uma epidemia nos alojamentos”, alerta Aline Fidelis.

Os cursos são oferecidos para capacitar os profissionais que atuam diretamente com pessoas que estão sendo afastadas do convívio social por causa do avanço das drogas. “Esta não é uma questão que possa ser enfrentada só pela família, ou encarada apenas como caso de polícia. Toda a sociedade precisa agir de forma integrada, com um plano de ação concreto, aplicado a cada realidade. Por isso, convocamos os municípios e os profissionais das redes de saúde e assistência para participarem dos cursos”, conclui a coordenadora do CRR em Alagoas.

Mais informações sobre o Programa Nacional de Enfrentamento ao Crack aqui, acesse o Portal da Esenfar, ou ligue 3214-1170.