Laboratório DNA Forense investe na ampliação das pesquisas

Recursos são destinados à aquisição de um analisador de DNA para reforço na graduação e pós-graduação


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Professor Luiz Antônio, coordenador do laboratório (Fotos: Manoel Mota)
Professor Luiz Antônio, coordenador do laboratório (Fotos: Manoel Mota)

Diana Monteiro - jornalista

O Laboratório DNA Forense concorre pela primeira vez a recursos do Programa CT-Infra para aquisição de equipamento denominado analisador de DNA, que ampliará a produção científica da Universidade Federal de Alagoas. O professor Luiz Antônio Ferreira da Silva, coordenador do laboratório, informa que o projeto para aquisição do analisador foi elaborado em parceria com o Instituto de Ciências Biológicas (ICBS) e Centro de Tecnologia (Ctec) e fortalecerá os cursos de pós-graduação em Ciências da Saúde, Biodiversidade e Conservação e Saneamento e Recursos Hídricos.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e por meio do Programa CT-Infra destina recursos para  pesquisa e infraestrutura nas universidades, o que reflete positivamente na avaliação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) dos cursos ofertados. “Um dos fatores cruciais para a avaliação de um curso é a publicação científica e o nosso objetivo é reforçar sempre a produção acadêmica qualificada e desenvolver novas linhas de pesquisas”, destacou.

O trabalho realizado em parceria com pesquisadores de outras unidades acadêmicas da instituição proporciona ao Laboratório DNA Forense importantes estudos científicos para a sociedade. Estão em pleno desenvolvimento pesquisas sobre “Estudo de incidência do HPV no Estado de Alagoas”; “Doenças sexualmente transmissíveis (incidência de clamídia na população feminina de Maceió”; e “Estudo de ancestralidade de populações locais dos quilombolas”.

A importância do DNA Forense na formação de recursos humanos faz parte da rotina das ações do laboratório, contemplando a graduação e a pós-graduação. “Formamos profissionais nas áreas de Biologia e Biomedicina e seis mestres já se pós-graduaram aqui”, enfatizou Luiz Antônio.

Ele acrescenta que o laboratório também está consolidado como espaço para estágio de alunos do Programa de Bolsas de Iniciação Científica de vários cursos, a exemplo de Medicina e Biologia. “Recebemos  também visitas de alunos da rede pública de ensino, que procuram o laboratório para conhecer e aprender a técnica de biologia molecular”.

Referência nacional

Implantado na Ufal há quase duas décadas, e tendo conquistado referência nacional nas áreas civil e criminal, o Laboratório DNA Forense está totalmente equipado para a realização de suas atividades e seu raio de atuação tem extrapolado o Estado de Alagoas. Há cerca de quatro anos, foi convidado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos para participar da busca e identificação de restos mortais de desaparecidos políticos do Araguaia.

O professor Luiz Antônio informa que, na área civil (estudo da paternidade), foram atendidos e resolvidos, no período de 2009 a 2011, 2.115 casos. Para essa ação, o laboratório tem convênio com o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL). Os estudos com essa finalidade incluem exames de parentesco genético na ausência do suposto pai e complementados, se necessário, com os parentes biológicos.

“O convênio possibilita às pessoas carentes acesso ao serviço que é de extrema importância para a sociedade, não devendo nada a outros Estados. Vale ressaltar o empenho do TJ por ter implantado em sua estrutura o Núcleo de DNA, atualmente coordenado pela doutora Fátima Pirauá. Ela vem comandando com muito empenho e competência as ações nessa área, inclusive realizando mutirões no interior de Alagoas”, frisou o pesquisador.

Na área criminal, o professor Luiz Antônio diz que o laboratório trabalha eventualmente, dependendo da solicitação da autoridade competente interessada no serviço, em estudos de casos de interesse social, como violência sexual, identificação de cadáver e restos mortais, mas para essa ação não dispõe atualmente de nenhum convênio.

“Mesmo sem convênio, estamos trabalhando para atender a uma demanda social. No Brasil, são 18 Estados que têm em sua estrutura governamental laboratórios de DNA, com peritos treinados em genética forense por nosso laboratório. Formamos também alagoanos nessa mesma área, mas o Estado ainda não instalou o serviço em sua estrutura governamental”, destacou Luiz Antônio, ressaltando o papel histórico do laboratório.

Banco de Dados

O Laboratório DNA Forense mantém um banco de dados para cadastro de pessoas desaparecidas, inédito no Brasil devido à alta tecnologia desenvolvida no próprio laboratório por especialistas da área de bioinformática. “Trabalhamos com informações cadastrais e genéticas de família de desaparecidos, fazendo coleta de material biológico para estudo do DNA. Isso o diferencia dos demais existentes no País com essa finalidade que trabalham unicamente com ações localizadas e não com a visão de informações e identificação”, declarou o pesquisador.

O professor Luiz Antônio informa que o banco de dados utilizado atualmente pelo Exército Brasileiro também foi desenvolvido pelo Laboratório DNA Forense da Ufal. O banco de dados para cadastro de pessoas desaparecidas é mantido na internet por meio do endereço www.labdnaforense.org/bd e qualquer pessoa que necessitar do serviço é só procurar o laboratório na Rua Aristeu de Andrade – Farol, telefone 3336-6568. Para o cadastro, são necessários foto e documento de identidade do desaparecido.