Alagoas pode zerar fila de espera por transplante de córneas

Gerente de núcleo da Central Estadual de Transplante informa que o número de pessoas à espera da cirurgia de córnea chega a 50


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O médico Carlos Alexandre Ferreira de Oliveira, gerente de núcleo da Central Estadual de Transplante
O médico Carlos Alexandre Ferreira de Oliveira, gerente de núcleo da Central Estadual de Transplante

Ascom HU

O Ministério da Saúde divulgou, em fevereiro, o crescimento em mais de 124% no número de transplantes de órgãos no país na última década, passando de 10.428, em 2001, para 23.397, no ano passado. Segundo o governo, o Brasil é hoje o maior sistema público de transplantes do mundo, com 95% das cirurgias realizadas pelo SUS, tendo atingido a marca de 11,4 doadores por milhão de habitantes.

Os órgãos com maior número absoluto de transplantes realizados no país são córnea e medula e os que mais cresceram proporcionalmente nos últimos dez anos foram fígado (176%), pulmão (96%) e rim (84%). Em 2011 houve, em nível nacional, uma redução de 23% da fila de espera de órgãos para transplante, em relação ao ano anterior. Os números positivos, no entanto, não descartam a necessidade de mais doadores.

Segundo o governo, por melhor que seja a captação em qualquer país do mundo, nunca haverá órgãos suficientes para atender à demanda de candidatos.Em Alagoas, segundo o gerente de núcleo da Central Estadual de Transplante, Carlos Alexandre Ferreira de Oliveira, o número de pessoas cadastradas à espera da cirurgia chega a 451, sendo 400 na fila para transplante de rim, 50 para transplante de córnea e uma pessoal apenas para coração.

As doações de córneas são as mais frequentes em Alagoas, assim como em todo o país. A fila de espera por uma córnea pode, inclusive, ser zerada no Estado este ano, já que apenas 50 pessoas estão cadastradas aguardando um doador. Em 2007 eram 320 pessoas na fila e apenas 14 transplantes realizados, segundo informações do médico. No ano passado, foram 152 cirurgias realizadas.

Vários fatores contribuem para esse resultado crescente, segundo explica Carlos Alexandre, entre os quais o fato de que a córnea pode ser captada até 6 horas após a morte do doador; da necessidade de apenas um profissional (oftalmologista) para fazer a captação e do funcionamento ativo do Banco de Olhos do Hospital Universitário.

Em 2011, o serviço do HUPAA auxiliou em 122 transplantes dos 152 registrados na Central, através da captação de córneas de 11 doadores. Desses 122 transplantes, 14 foram realizados no Hospital Universitário, 11 no hospital Chama, em Arapiraca, 87 no Instituto da Visão e 10 no Instituto de Olhos de Maceió, reduzindo significativamente a fila de espera dos pacientes.

Na avaliação do gerente de núcleo da Central o aumento dos transplantes no país deve-se, entre outros fatos, à ampliação das unidades chamadas Organização de Procura de Órgão (OPO), que chegou a 35 no ano passado e este ano deve crescer em mais 12 equipes. Em Alagoas ainda não é possível contar com a ação de uma OPO, responsável por encontrar órgãos viáveis para transplantes. Os gestores da Saúde estão de posse de um projeto de implantação de uma dessas unidades no Hospital Geral do Estado, onde há registro de aproximadamente 3 mil óbitos por ano.

As notificações de transplante no Estado estão muito abaixo da média nacional. No ano passado só foram registradas 12 notificações de morte encefálica e três doações, quando o ideal seriam 30 notificações por ano para atingir a média nacional. Em Alagoas são realizados apenas transplantes de rins, córneas e coração nas seguintes unidades de saúde: Santa Casa de Misericórdia de Maceió, Hospital do Açúcar, Hospital Chama, Instituto da Visão e Instituto de Olhos de Maceió.