Pesquisas da Ufal compõem encontro anual da SBPC
Alunos premiados no 8º Congresso Acadêmico são selecionados para apresentar projetos no Maranhão
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
Entre os dias 22 e 27 de julho, cerca de 50 estudantes da Universidade Federal de Alagoas devem apresentar seus trabalhos na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sediada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Esses alunos estão inseridos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e realizam estudos de destaque na academia.
A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep) divulgou a lista com 91 projetos selecionados. Com esse número, a expectativa da universidade é que cerca de 55% desses trabalhos sejam apresentados no encontro organizado pela SBPC – entidade civil direcionada ao avanço científico e tecnológico. A instituição envia para o evento pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento com destaque no 8º Congresso Acadêmico da Ufal, realizado em outubro de 2011. Entre os projetos envolvidos, três são do Instituto de Física (IF) e representam importantes contribuições à ciência.
Registros de imagens em três dimensões
Além de coordenador de pesquisa da universidade, o professor Pedro Valentim dos Santos é orientador de um dos estudantes convidados pela SBPC. Seu aluno, Edmilson Barreto, desenvolveu a pesquisa "Holografia e caracterização de materiais", voltada para o registro tridimensional de imagens de objetos, a partir de investigação teórica e experimental sobre como gravar hologramas em diferentes materiais. “Em uma foto, onde a percepção de profundidade é perdida, tem-se um registro bidimensional da imagem do objeto, já em um holograma a imagem registrada quase não difere do objeto real”, explicou Pedro.
As pesquisas na área possibilitam aplicações de selos holográficos que garantem a autenticidade de Cds, DVDs, cartões de crédito, cédulas de dinheiro, e até da TV holográfica, que está em fase de desenvolvimento e promete revolucionar o mercado televisivo. Segundo Pedro, o projeto é realizado no Laboratório de Fotônica e Fluidos Complexos e tem como objetivo a investigação e a produção de materiais. “Pretendemos desenvolver fotorresinas, filmes fotográficos, cristais líquidos e cristais fotorrefrativos dopados e não dopados, com o intuito de confirmar a viabilidade da gravação holográfica usando diferentes comprimentos de ondas a laser”, salientou.
Pesquisas com lente térmica
Outro projeto em destaque recebe o título "Investigações não-lineares usando lentes térmicas e Z-scan", orientado pelo professor Carlos Jacinto. A pesquisa avalia, com o uso de lente térmica, materiais nanoestruturados com propósitos de aplicação, em especial os luminescentes. A partir dessa técnica, é possível determinar as propriedades térmicas e ópticas de diversos materiais, em estados sólidos, líquidos ou gasosos. Elementos com caráter específico de emissão de laser, por exemplo, são analisados para aplicação na área médica.
Ervin Clayton, bolsista do Pibic, integra o projeto e foi selecionado para apresentação de trabalhos no Maranhão. Suas análises determinam características térmicas e quantificam as propriedades ópticas de materiais nanoporosos à base de sílica. Nesses poros são inseridos corantes rodamina 6G – um dos mais utilizados em técnicas de laser sintonizável. “Colocamos a rodamina no material e observamos como otimizá-lo. Normalmente, o corante é utilizado em solução, porque fica mais estável e consegue trabalhar melhor. No entanto, quando ele é dissolvido, o processo acontece em grande quantidade. Então, como nós queremos miniaturizar certos elementos, trabalhamos com a rodamina 6G na forma sólida”, ressaltou Carlos Jacinto.
Contribuições para estudos em nanotecnologia
A pesquisa "Transporte eletrônico em sistemas de baixa dimensionalidade", sob a orientação do professor Franciso Fidelis, foi desenvolvida pelo estudante Davi Freitas, recém-aprovado no mestrado de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O projeto estuda como é possível o caminho de partículas elétricas em estruturas sólidas de baixa dimensão, como fios e folhas.
Segundo Fidelis, esses sistemas são mais delicados e dificultam o transporte de corrente elétrica. “A nanotecnologia está na moda. Os arranjos existentes nesse tipo de estrutura acoplam átomos de um modo que eles formam figuras não tridimensionais e que reduzem o caminho dos elétrons. Ou seja, geralmente, esses sistemas não transmitem energia. Então, nosso trabalho consiste em explicar como os arranjos atômicos podem transportar elétrons”, disse.
Os pesquisadores modificam ligações naturais existentes nos sistemas de baixa dimensão e geram, artificialmente, a correlação desejada nas estruturas geométricas em análise. Esse trabalho começou no IF na década de 90, com o professor Marcelo Lira, e já colheu frutos internacionais. Em 2001, um grupo alemão gerou um sistema real que segue o modelo teórico do instituto sobre formas de correlação e realizou, experimentalmente, o aumento da propriedade de condução elétrica em modo real.
Esses estudos contribuem com a rede de informações da comunidade científica em diferentes segmentos. Atualmente, de acordo com Fidelis, existem pesquisadores de outros lugares interessados na criação de filtros de luz com base no modelo teórico do IF, isso reflete um auxílio relevante na área de nanotecnologia.