Cultura do girassol é pesquisada no Semiárido alagoano para produção industrial
Coordenador José Gomes Chaves apresenta resultados da pesquisa nos Estados Unidos, em novembro
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Diana Monteiro – jornalista
O girassol é cultura agrícola de fácil adaptação às variações climáticas e em função da tolerância às altas temperaturas, suportando de 10ºC a 34ºC, sem perder o seu potencial agrícola, é uma fonte alternativa de estudo para o semiárido e consequentemente para o desenvolvimento socioeconômico da região. Com esse objetivo, desde 2011 o Núcleo de Estudos Experimentais do Semiárido, coordenado pelo professor José Gomes Chaves, do Instituto de Geografia e Meio Ambiente (Igdema) da Ufal, desenvolve pesquisa para conhecer a produtividade da cultura destinada à agroindústria. A flor, além de ser ornamental, tem utilidade na industrialização de óleo comestível e de ração animal.
A pesquisa com o girassol no Sertão alagoano é realizada em Santana do Ipanema, a 438 km de Maceió, na Base Experimental da Sementeira, cedida pela Secretaria de Agricultura do Estado de Alagoas. A primeira etapa dos estudos científicos teve bons resultados quanto à produção. “O girassol tem ciclo de desenvolvimento curto, de três a quatro meses até à maturidade, o que é uma vantagem para a região do plantio. Dotada de três etapas, ao final a pesquisa confirmará qual a época climatológica ou período sazonal mais adequado para obtenção do potencial máximo agrícola da cultura, dado importante para a indústria, que terá a possibilidade de fazer planilha de produção da matéria–prima”, destaca o professor, que é doutor em Agronomia pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp - Botucatu).
O estudo sobre o potencial da cultura envolve alunos do curso de graduação em Geografia, dentro da disciplina Climatologia, e da pós-graduação em Ciências Ambientais, ambos do Campus do Sertão, e estudantes do curso de Técnicas Agrícolas, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) de Santana do Ipanema, que atuam na pesquisa como estagiários. O professor José Gomes diz que a pesquisa fará teste para a produção de óleo comestível, quando daí se terá o conhecimento do potencial industrial do município de Santana do Ipanema e da região, refletindo a importância socioeconômica da cultura, com a absorção da mão de obra local.
O professor José Gomes informa que a pesquisa com a cultura sobre o girassol foi selecionada para apresentação na 4ª Conferência Internacional Sobre Ciência e Sociedade, a se realizar em Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos, de 17 a 19 de novembro. Acrescenta que o mesmo estudo científico também foi encaminhado a Moscou, que sediará de 20 a 22 de junho uma conferência sobre Globalização.
Pesquisas no Semiárido
A implantação do curso lato sensu em Ciências Ambientais, que forma primeira turma este ano no Campus do Sertão, tem proporcionado a realização de estudos científicos voltados ao desenvolvimento socioeconômico da região do semiárido alagoano e motivou a implantação do Núcleo Multidisciplinar de Estudos Experimentais, formado por pesquisadores da Ufal e de instituições locais e regionais.
O coordenador da pós-graduação e do núcleo, José Gomes Chaves, destaca que o curso em Ciências Ambientais tem suas aulas teóricas na sede Campus do Sertão, Delmiro Gouveia, e atividades práticas no município de Santana do Ipanema, circunvizinhança e na região Agreste dos Estados de Pernambuco e da Bahia. Em Pernambuco, as aulas práticas são em Araripina, na Floresta Energética da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)/Petrolina, onde funciona a maior indústria de gesso do País. Na Bahia, as aulas centralizam-se no perímetro irrigado pelo Rio São Francisco, no Polo Agronegócio Juazeiro. O curso em Ciências Ambientais é dotado de 405 horas/aulas e em maio abrirá inscrições ofertando 40 vagas.
Sob a coordenação do professor José Gomes, o curso de pós-graduação envolve pesquisadores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), com o professor Francisco Rosário; do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), com o professor Gabriel Le Campion; do Instituto de Ciências de Ciências Atmosféricas (Icat), com o professor Marcos Antônio Moura; e do Instituto de Geografia e Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema), com as professoras Kaliana Dantas e Nivaneide Melo. Integram ainda a equipe o professor José de Arimatéria, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Marcos Antônio Drummond, da Embrapa Semiárido Petrolina.