Assentamentos rurais são orientados para a agricultura familiar

Atividades começaram no bairro do Benedito Bentes e serão expandidos por mais quatro cidades


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Comunidade expõe as principais dificuldades que interferem na produtividade do loteamento
Comunidade expõe as principais dificuldades que interferem na produtividade do loteamento

Jhonathan Pino - jornalista

Professores e alunos do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) estiveram no assentamento Vida por Cristo, localizado no Bairro do Benedito Bentes, na última sexta-feira, 4, para participar da primeira etapa do projeto de extensão Fortalecimento da Agricultura Familiar nos Assentamentos da Mata e Litoral Alagoano.

Parte do programa de extensão MEC/Sesu, o projeto pretende promover o diálogo entre a academia (estudantes de Agronomia, Zootecnia, Geografia e Comunicação Social) e produtores rurais com o objetivo de qualificar o potencial produtivo dos assentamentos, a partir da  implantação de banco de sementes. Além de Maceió, serão atendidos comunidades das cidades de Flexeiras, Atalaia, Maragogi e Murici.

"Queremos contribuir para o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelo produtor familiar, de forma a integrá-lo à cadeia de agronegócios, proporcionando-lhe aumento de renda, inovando e agregando valor ao produto e à propriedade, mediante a modernização do sistema produtivo, valorização do produtor familiar e técnicos ligados ao setor", relata Cícero Luiz Calazans, um dos coordenadores do projeto.

Diagnóstico rural participativo

Nesta primeira etapa, estudantes dos quatro cursos envolvidos iniciaram uma série de três visitas ao assentamento Vida por cristo para fazer diagnóstico rural participativo. Auxiliado pelos professores José Roberto Santos e Luiz Calazans, alunos da disciplina de Extensão Rural conversaram com representantes das 25 famílias assentadas e fizeram um levantamento das culturas cultivadas no assentamento.

Além de informar sobre as culturas, os assentados falaram sobre as principais dificuldades enfrentadas pelos agricultutores na produção. Apesar do assentamento ficar em local semi-urbano, eles abordaram a falta de assistência técnica, a falta de água e o tamanho das propriedades como alguns dos fatores que interferiam diretamente na qualidade da produção.

"A facilidade é pela curta distância para se chegar a cidade. Mas apesar disso, temos lotes de três hectares, e só utilizamos apenas o quintal da casa para produzir, porque nos locais mais distantes os malfeitores roubam nossa colheita", relata Antônio Amaro, um dos assentados no local há cinco anos .

Maceió foi escolhido como município para lançamento do projeto. Depois dos estudos da realidade local, os professores irão fazer uma articulação com os assentamentos para implantação do banco de sementes, identificando e resgatando as espécies tradicionalmente consumidas na região, buscando enriquecer o acervo de espécies cultivadas, consumidas e comercializadas.

Também serão discutidas com as famílias a incorporação de tecnologias, com processos e produtos desenvolvidos pela universidade e a criação de um banco de dados para a capacitação dos assentados, para que estes possam gerir seus sistemas locais de alimentação, de forma sustentável. "Essas atividades serão acompanhadas por equipe de comunicação, que a partir de registros, possam difundir para outros municípios as experiências obtidas no primeiro assentamento", relata José Roberto.

"De início percebe-se que aqui há uma grande diversidade de cultura, o que é bom, mas é necessário definir os carros chefes para que possamos otimizar a produção e torná-la mais rentável", diz José Roberto.

As ações serão desenvolvidas em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Secretaria Municipal de Agricultura de Arapiraca, a Secretaria de Agricultura do Estado e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (IGDEMA) também irá auxiliar no levantamento e coleta de dados e cessão de auditórios e o Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) no planejamento e execução das oficinas e na elaboração de cartilhas e vídeos educativos para promover a comunicação rural.