Laboratório auxilia empresas na avaliação de materiais de construção
O LEMA, no Centro de Tecnologia, presta consultoria e faz experimentos na área de concretos
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Jhonathan Pino - jornalista
Cerca de duas mil espécimes de concretos foram analisados pelo Laboratório de Estruturas e Materiais (Lema) no ano passado. Elas foram enviadas por empreiteiras, construtoras e indústrias, que estavam preocupadas com o desempenho de seus produtos. O laboratório é centro de referência no controle tecnológico e experimentação de concretos convencionais e especiais e já há uma década vem trabalhando com o aproveitamento de resíduos para a produção de materiais de construção reciclados.
A exemplo do DNA Forense e do Biogen (Laboratório de Ambientes Climatizados), ambos do Instituto de Ciências Biológicas e Saúde (ICBS), e do Laboratório de Controle e Qualidade de Alimentos, da Faculdade de Nutrição (Fanut), o Lema vem integrando atividades de ensino e pesquisa, consolidando-se na área de extensão com a prestação de serviços à sociedade. Cada um atuando em sua área específica, os laboratórios são reconhecidos pela excelência.
Aplicação de conhecimentos
O Lema é um dos bons exemplos de que a pesquisa na Universidade pode entrar em consonância com as atividades do mercado. Em funcionamento desde 1975, o laboratório possui uma área de trabalho de aproximadamente 700 m2 dentro do Campus A.C. Simões, em Maceió, e vem conseguindo angariar fundos para compra de materiais utilizados tanto na produção de pesquisas de alunos do Centro de Tecnologia (Ctec), quanto na oferta de serviços para empresas da construção civil.
Uma de suas últimas aquisições, uma máquina universal de ensaios servocontrolada, é capaz de proporcionar dados para a caracterização mecânica de diversos materiais, tais como concreto, aço, plástico, madeira, fibras de vidro e carbono.
"O laboratório possui infraestrutura e equipamentos para a realização de mais de noventa tipos de ensaios normalizados e análises em materiais, componentes e produtos de construção civil, tais como cimento, concreto, aço, agregados, argamassas, blocos e telhas cerâmicos, blocos de concreto e tijolos maciços. Além disso, serviços como dosagem experimental e controle tecnológico do concreto, controle da aceitação de elementos cerâmicos, controle tecnológico de compactação e esclerometria também são realizados", detalhou Wayne Assis, coordenador do laboratório.
Boa parte dos serviços é buscada por empresas cujo objetivo é obter suporte e verificar as características dos materiais produzidos por elas. O laboratório recebe as amostras e nelas são feitas análises de acordo com as disposições normativas. Algumas destas empresas trazem espécimes de outros estados para serem analisados na Ufal. A partir dos ensaios feitos com as amostras, os engenheiros terão informações sobre a resistência e desempenho do produto utilizado em suas obras.
Para manter a qualidade, as máquinas são calibradas e passam por manutenção constantemente. "Estamos nos preparando para a acreditação pela NBR 17025, que certifica a qualidade dos laboratórios. Existem quatro pesquisadores e um técnico envolvidos nessa tarefa, analisando e aperfeiçoando os procedimentos internos e o controle da qualidade dos nossos serviços. Trata-se de uma busca pela melhoria contínua, com reflexos positivos para todas as atividades e usuários do laboratório", disse Wayne.
Aproveitamento de resíduos
O Lema também vem trabalhando com o estudo de concretos fabricados a partir de resíduos e outros materiais adequados para a construção, como fibras vegetais. Ainda em 2003, os pesquisadores construíram uma casa com o material experimental reciclado, utilizando resíduos de materiais de construção.
"A pesquisa tem em vista o desenvolvimento de materiais de construção sustentáveis, utilizando o produto da moagem de materiais de construção normalmente considerados inservíveis. Quando utilizadas nesses materiais, as fibras vegetais são utilizadas visando à melhoria das propriedades mecânicas ou de desempenho", explicou Wayne.
Ao fornecer consultorias e capacitações, o Lema estimula as empresas parceiras a trabalhar com as tecnologias desenvolvidas dentro do laboratório. "Muitos clientes enviam seus funcionários para participar de cursos de formação de controle tecnológico do concreto", ressaltou Wayne.
Visando também a utilização responsável do meio ambiente, o Lema desenvolve ensaios com a produção de materiais ecoeficientes e desenvolve parcerias com Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem).
Pessoal e fontes de financiamento de pesquisas
Para lidar com tudo isso, o Lema conta com onze pesquisadores e oito técnicos permanentemente comprometidos com as atividades do laboratório. "O Lema tem participado de vários programas de comparação interlaboratoriais, em nível nacional, com o intuito de verificar a qualidade de execução dos ensaios, de pessoal e dos equipamentos, de modo a proporcionar, continuamente, resultados de elevada credibilidade", relatou Wayne.
As pesquisas propostas por professores são financiadas por agências de fomento, tais como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL), enquanto as pesquisas que visam ao atendimento de interesses específicos de empresas são financiadas por elas mesmas.