Programa Ufal em Defesa da Vida ganha apoio de entidades alagoanas

11º ato ocorre nos dias 13, 14 e 15 de junho com a implantação de Bosques nos campi Maceió, Arapiraca e do Sertão


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Ufal em Defesa da Vida implanta bosques nos campi da Ufal
Ufal em Defesa da Vida implanta bosques nos campi da Ufal

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

“A dor que os números não revelam” é o tema do 11º ato do programa Ufal em Defesa da Vida, que será realizado nos dias 13, 14 e 15 de junho nos três campi da Universidade Federal de Alagoas. O projeto acontece em respeito à dor sentida por amigos e familiares das vítimas de violência em Alagoas e como forma de rejeição ao elevado índice de assassinatos cometidos nos últimos anos. A ação busca resgatar as histórias das vítimas e homenageá-las com a plantação de mudas de árvores nativas em cada campus da instituição.

Para identificar as vítimas, a coordenação do programa tem realizado várias ações para mobilizar a sociedade. Desde o mês de abril, o portal da Ufal disponibiliza formulário on-line para o levantamento de dados de pessoas assassinadas em todo o Estado. A proposta permite que pessoas informem características, gostos e experiências de algum parente, amigo ou conhecido que foi assassinado.

O próximo ato consistirá na implantação dos “Bosques em Defesa da Vida” nos três campi da universidade. Nessas áreas, vítimas fatais de violência com arma de fogo ou branca e de acidentes de trânsito serão homenageadas, por meio da plantação de mudas de árvores. No total, serão disponibilizadas 2 mil e 300 mudas, o que corresponde ao número de assassinados em 2011. Cada uma receberá o nome de um indivíduo que perdeu a vida em circunstâncias violentas. Ao lado de cada planta ficará registrada a história da vítima.

O ato possibilita discussões sobre os efeitos da violência e destaca a ausência permanente que se instala no cotidiano de quem perdeu um ser querido. De acordo com Ruth Vasconcelos, coordenadora do Programa Ufal em Defesa da Vida, o momento vai além dos dados informados pelas estatísticas. “Nossa intenção é, ao resgatar as histórias de vida, dar visibilidade ao que os números estatísticos não conseguem revelar. Além disso, deixamos claro que nosso objetivo não é investigar os crimes, mas contribuir com a pacificação e estimular o diálogo”, ressaltou.

A universidade possui programação diferente para instalação dos bosques. A criação dos espaços e a realização do ato acontecem nos dias 13, 14 e 15 de junho nos campi A. C. Simões, Arapiraca e Sertão, respectivamente.

Antes disso, as articulações do programa Ufal em Defesa da Vida não param. O formulário on-line continua à disposição da sociedade durante todo o mês de maio e o início de junho, para que seja crescente o número de relatos sobre vítimas da violência. Além disso, a coordenação do projeto desenvolve parcerias com diferentes entidades alagoanas.

Nas ruas

Para resgatar as histórias de vida e a identidade de vítimas fatais da violência, o programa Ufal em Defesa da Vida buscou o apoio de profissionais que trabalham nas ruas de Maceió. A parceria permite que essas pessoas relatem o perfil de amigos ou familiares. Com o auxílio do Consultório de Rua, jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica tiveram a oportunidade de expressar a saudade e a dor sentidas pela ausência de pessoas queridas.

A proposta visa à inserção de pessoas com poucas oportunidades no projeto. Com a iniciativa, o programa permite que garotos sem acesso à internet possam divulgar dados sobre conhecidos deles que foram vítimas fatais da violência.

“Vamos às ruas e coletamos os dados das pessoas do convívio deles que perderam a vida violentamente. Posteriormente, colocamos essas informações no portal da universidade”, salientou a professora de Enfermagem da Ufal e integrante do Consultório de Rua, Jorgina Sales.

Igreja Católica

Outra parceria para o levantamento realizado pelo programa, com o objetivo de resgatar e de dar visibilidade às histórias de vida de vítimas da violência em Alagoas, parte da Igreja Católica. Neste mês, Ruth Vasconcelos esteve reunida com o arcebispo de Maceió, dom Antônio Muniz Fernandes, que disponibilizou acervo da instituição religiosa criado em 2007.

Segundo o arcebispo, as paróquias estão autorizadas a divulgarem as ações da Ufal referentes à pacificação. A paróquia de São Francisco de Assis, localizada no bairro Santos Dumont, já mostrou solidariedade ao projeto da universidade e publicou em sua página na internet o banner do programa, com o link para o formulário disponível no site da universidade.

Apoio de artistas alagoanos

Na última quarta-feira, 8 de maio, artistas alagoanos participaram de articulação com a coordenação do programa, para que o 11º Ato Ufal em Defesa da Vida inclua intervenções artísticas em suas atividades e tenha maior divulgação nos meios de comunicação.

O uso de novas tecnologias no teatro e na música foi uma das medidas propostas para a divulgação do projeto que, pela primeira vez, conta com a participação de artistas para a construção de ato público. Dessa forma, mais criatividade será incorporada à ação e maior será a promoção do diálogo como agente inibidor da crescente violência.

Histórias Contadas

Os relatos sobre as vítimas são feitos por meio do formulário, que ficará no portal da Ufal até a data de realização do 11º ato de programa Ufal em Defesa da Vida. No blog algumas histórias já têm sido divulgadas e as vítimas têm sido lembradas com afeto e saudosismo.

Segundo a coordenadora do projeto, Ruth Vasconcelos, a criação dos bosques nos campi da instituição possui significado importante. “Ficaremos com um espaço permanente para simbolizar as vidas”, revelou.

Desde 2008, ano de realização do 1º ato do programa, a Ufal realiza diferentes ações de combate à violência. Varal com camisas; conferência de segurança pública; discussão sobre ditadura militar e anistia; discussão sobre a violência contra a mulher; arrecadação de sapatos, velas e cruzes; e debates sobre corrupção eleitoral estão entre as atividades desenvolvidas pelo projeto.