Ufal apoia realização de Congresso de Cultura Afro-brasileira

Evento discute a cultura afro-brasileira em Alagoas e impactos do Quebra de Xangô em 1912


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Em parceria com a Ufal, a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) sedia Congresso de Cultura Afro Brasileira em Alagoas, entre os dias 16 e 18 de maio. O evento acontece no Clube Levino's, em Arapiraca, e reúne palestrantes de vários Estados para discussões sobre o Quebra de Xangô de 1912; os movimentos de resistência negra; a formação histórica das religiões afro-brasileiras; e contextos e nações afro religiosas.

A iniciativa compõe o projeto Xangô Rezado Alto, no qual são realizadas ações de celebração à memória do centenário do Quebra de Xangô. O episódio, que aconteceu na noite de fevereiro de 1912, é um registro de violência contra os terreiros de cultos afro-brasileiros alagoanos, como o candomblé e a umbanda. Os praticantes desses cultos sofreram espancamentos e prisões até a madrugada de 2 de fevereiro, data em que são homenageados os orixás Oxum e Iemanjá.

As inscrições para o congresso são gratuitas e acontecem por meio do preenchimento do formulário on-line, até o dia 13 de maio. Após esse prazo, os interessados que não estiverem inscritos poderão realizar a inscrição no primeiro dia do encontro, em Arapiraca.

De acordo com a organização do evento, serão disponibilizadas 300 inscrições, com almoço garantido. Desse total, 60 estão destinadas às Comunidades Terreiros de Maceió; 60 são para as Comunidades Terreiros de Arapiraca e arredores; 80 para docentes e discentes da Ufal; 80 para docentes e discentes da Uneal; e 20 para convidados.

Ações do projeto Xangô Rezado Alto

No último sábado, 5 de maio, foi lançada a Cartilha da Gira da Tradição, no Teatro Gustavo Leite. O material corresponde à pesquisa sobre saberes de linhagens étnicas e religiosas relacionadas ao Iorubá, ao Nagô e a mais povos. No momento, também foi apresentado o vídeo Gira da Tradição, no qual estão presentes os pensamentos de indivíduos responsáveis pelo resgate, pela memória e pelo desenvolvimento de casas afro religiosas de Maceió.

No mesmo dia, foi realizado o 1º Prêmio de Incentivo Cultural para Comunidades Terreiros. Os projetos Tambores de Minha Terra, da Associação Cultural de Tambores de Alagoas, e Maracatu nas Escolas, da Associação Hùnkpàme Alàirá Izó, receberam a quantia de 6 mil reais cada.

Ainda no Teatro Gustavo Leite, apresentações culturais homenagearam as vítimas do episódio que ocorreu há cem anos. A Cia de Dança Maria Emília Clark apresentou o espetáculo “1912: Orações e Vozes”, no qual foram representados a intolerância religiosa, a história da rota da escravidão no Estado de Alagoas e os efeitos desses acontecimentos na contemporaneidade.

No início do ano, nos dias 1 e 2 de fevereiro, outras atividades inciaram a programação em memória do Quebra de Xangô. No Centro de Maceió, cortejo englobou apresentações artísticas e pedido oficial de perdão feito pelo governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho,  às comunidades terreiro alagoanas pelos abusos cometidos em 1912 contra essas entidades.

Ufal no combate à intolerância religiosa

Os reflexos do preconceito racial e da intolerância religiosa é objeto de estudo de historiadores, cientistas sociais e alunos da Ufal. A resistência de comunidades terreiros alagoanos, o contexto histórico de exclusão e de desrespeito a praticantes da cultura afro-brasileira, assim como, os impactos sociais e políticos desses acontecimentos são discutidos de diferentes formas dentro da instituição. O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), dirigido pela historiadora Clara Suassuna, representa os esforços e a preocupação com essas questões.

De acordo com Vinicius Palmeira, diretor-geral do Projeto Xangô Rezado Alto, a  participação da universidade nas ações realizadas por sua equipe acontece desde o início do programa. Para ele, a participação ativa da vice-reitora da Ufal, Rachel Rocha, representa um importante apoio às ações. “A Rachel tem contribuído, ativamente, com a elaboração e com a execução do Projeto Xangô Rezado Alto. Inclusive, ela compõe uma das mesas do Congresso de Cultura Afro-Brasileira em Alagoas”, completa.

Confira a programação do evento:

Quarta (16/05)

14 às 18h – Credenciamento dos Congressistas
20h – Solenidade de abertura do Congresso
20h30 – Palestra Magna com o Prof. Lepê Correia (UFPE)
22h – Programação Cultural

Quinta (17/05)

9 às 11h – 1º Tema: O Quebra dos Xangôs de 1912
Palestrantes:
Ulisses Neves – UFS (SE)
Ivone Maggie - UFRJ (RJ)
Fernando Gomes de Andrade – Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas
Mediadora: Rachel Rocha Barros - UFAL

11h às 12h – Debate com a assembleia
12h às 14h – Almoço
14h às 16h - 2º Tema: Movimentos de Resistência Negra
Palestrantes: Luiz Sávio de Almeida - UFAL
José Bento Rosa da Silva - UFPE
Edson Bezerra - UNEAL
Mediadora: Maria Ester Ferreira da Silva - UFAL

Sexta (18/05)

9 às 11h – 3º Tema: Formação Histórica das Religiões Afro Brasileiras
Palestrantes: Roberto Mota (PE)
Irinéia M. Franco dos Santos - UFAL
Mediador: Clébio Correia de Araújo – Uneal


11h às 12h – Debate com a assembleia
12h às 14h – Almoço
14h às 16h – 4º Tema: Contextos e Nações Afro-Religiosas
Palestrantes: Olusegun Akinruli – UFMG/Instituto de Arte e Cultura Yorùbá
Josilene Brandão - Minc
Makota Valdina (BA)
Célio de Iemanjá
Mediador: Jairo José Campos da Costa - Uneal

16h às 17h – Debate com a assembleia
18h – Encerramento e programação cultural

Maiores informações no blog , pelo telefone (82) 3315-7892  ou pelo e-mail: projetoxango@gmail.com.