Grupo de Estudo em Conforto Ambiental comemora 20 anos
Geca é o mais antigo grupo de pesquisa da Faculdade de Arquitetura
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Lenilda Luna - jornalista
O Grupo de Estudos de Conforto Ambiental (Geca) foi formado em 1992, pelo professor Ricardo Cabús, com alunos de Engenharia e Arquitetura. A proposta era projetar espaços confortáveis, englobando aspectos de iluminação, acústica e temperatura, aproveitando ao máximo os recursos naturais, para economizar energia. “O grupo foi fundando no Centro de Tecnologia, que na época englobava a Faculdade de Arquitetura. O principal motivo que nos levou a criar o Geca foi a vontade de fazer pesquisa e elaborar melhor nossos trabalhos”, conta o fundador.
Ricardo relata ainda que na época da criação do Geca, os incentivos para a realização de pesquisas não eram tantos com hoje e os critérios para liderar um grupo de pesquisa eram menos exigentes. “Eu liderava o Geca, mas não tinha mestrado. Nós fomos buscar a contribuição da professora Ivete Ferreira, que era mestre em Saneamento Ambiental, para colaborar com a qualificação do grupo”, destaca Ricardo.
A primeira pesquisa realizada pelo Geca foi um levantamento sobre a poluição sonora em Maceió, em 1993. “Fizemos uma parceria com o Instituto de Meio Ambiente [IMA] para contar com equipamentos como decibelímetro, porque o grupo ainda não tinha estrutura para coletar dados. Mas realizamos a pesquisa nos pontos mais críticos da cidade”, narra o fundador do Geca.
O Geca hoje
Quando se afastou para fazer o mestrado e o doutorado, o professor Ricardo Cabús passou a liderança do Geca para o professor Leonardo Salazar Bittencourt, que continua até hoje coordenando o grupo. Junto com o professor Leonardo, as professoras Gianna Barbirato, doutora em engenharia pela USP-São Carlos, e Maria Lúcia Oiticica, doutora em engenharia pela UNICAMP-Campinas são responsáveis pela orientação de diversos trabalhos de graduação, pesquisas de iniciação científica e extensão, muitos dos quais deram origem a artigos científicos, mantendo o Geca atuante no cenário acadêmico do país.
Atualmente o grupo realiza pesquisas com ênfase em Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo, destacando o conforto térmico e acústico, desempenho térmico, climatologia urbana, microclimas urbanos e modelagem numérica climática. “Temos aqui um vasto campo de pesquisas que tem se desdobrado em publicações científicas e em contribuições concretas para a melhoria da qualidade das edificações em Alagoas”, ressalta Leonardo.
Leonardo Bittencourt relata que vários estudos despertaram o interesse de estudantes e professores e levaram a constituição do grupo voltado para o conforto ambiental. Frutos deste trabalho são as publicações técnicas, que têm boa repercussão no universo acadêmico. O livro Diretrizes Para o Uso das Cartas Solares em Arquitetura, de autoria do professor Leonardo, editado em 1988 pela Edufal [Editora da Ufal], é um roteiro didático, voltado para os estudantes de Arquitetura, com orientação sobre o controle da incidência dos raios solares nas edificações.
Em 2005 foi publicado o livro Introdução à ventilação natural”, de Leonardo Bittencourt e Christina Cândido, editado pela Edufal. O estudo traz orientações sobre a utilização da ventilação para edificar espaços urbanos que mantenham uma temperatura agradável, mesmo nos dias mais quentes do verão nordestino. Em 2007 foi publicado o livro Clima e cidade: a abordagem climática como subsídio para estudos urbanos, de autoria das professoras Gianna Barbirato e Simone Torres. Esta publicação enfatiza a importância dos estudos relacionados à climatologia urbana para o desenvolvimento das cidades, visando a redução dos impactos ambientais decorrentes da urbanização e a promoção da eficiência energética nas edificações.
Profissionais de destaque
Leonardo Bittencourt destaca que, além da produção de pesquisas de referência, o grupo tem uma contribuição importante na formação de profissionais para o mercado de trabalho e para a universidade. “Temos aqui no Geca pesquisadores doutores, que foram nossos bolsistas de iniciação científica, como a professora Juliana Oliveira (FAU/UFAL) e o professor Ricardo Victor Barbosa (Campus Arapiraca). Outros ex-integrantes do grupo estão atuando em outros países, como a Austrália, ou são profissionais bem atuantes no mercado local, como a arquiteta Luciana Peixoto, entre outros”, relaciona o professor.
A professora Juliana Oliveira, citada pelo professor Leonardo, começou a participar do Geca em 2001, quando estava na graduação em Arquitetura. Em 2004, ela apresentou seu trabalho de conclusão de curso, um projeto bioclimático de um centro de comércio e serviços em Santana do Ipanema. O trabalho foi inscrito na Bienal Miguel Aroztegui, um concurso estudantil de arquitetura bioclimática, promovido pela Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac) e ficou entre os 30 artigos selecionados para apresentação.
Juliana continuou investindo na formação acadêmica e fez mestrado em arquitetura na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Em 2008, ainda cursando o doutorado, a pesquisadora fez o concurso da Ufal e foi aprovada. “É uma grande satisfação lecionar na universidade onde iniciei minha vida acadêmica e onde aprendi a fazer pesquisa. Hoje posso retribuir a formação que recebi no grupo, compartilhando os conhecimentos com meus alunos”, relata a professora.
De mãe para filho
O Geca também tem uma história que atravessa duas gerações da mesma família. Durante as comemorações dos 20 anos do grupo, Lucas Castro, estudante de arquitetura, ficou surpreso ao saber que a mãe dele, professora Ivete Ferreira, foi uma das primeiras colaboradoras da equipe. “Eu escolhi Arquitetura, mesmo sabendo que a minha mãe preferia que eu fosse engenheiro, como ela. Mas fiquei orgulhoso de saber que ela foi praticamente fundadora do grupo que participo hoje como bolsista”, conta Lucas.
Para saber mais sobre o Geca, consulte o site do grupo