Vítimas da violência em Alagoas serão lembradas com criação de bosque
Mudas e histórias das vítimas serão colocadas nesta quarta-feira, 13, em terreno no Campus A. C. Simões, em Maceió
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Jhonathan Pino - jornalista
Até o momento, 126 depoimentos ilustram o blog do Ufal em Defesa da Vida. As mensagens demonstram o sofrimento de familiares e amigos das pessoas assassinadas em Alagoas e vão estar disponíveis em placas ao lado de cada árvore plantada em homenagem às vítimas da violência. A solenidade do 11º Ato do Programa Ufal em defesa da Vida acontece nesta quarta-feira, 13, às 8h30, no Campus A.C. Simões, em Maceió, ao lado do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI).
Neste dia, será instalado o Bosque em Defesa da Vida, com a plantação de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, dando início ao processo de resgate de histórias de vítimas fatais da violência no Estado. O tema dessa edição é "A dor que os números não revelam” e, no próximo semestre, também será levado para os campi Arapiraca e do Sertão. "Outros bosques serão plantados futuramente com as histórias enviadas ao blog, após esse ato. Delmiro Gouveia também receberia um bosque no próximo dia 15, mas por motivos técnicos adiamos para o segundo semestre", informou a coordenadora do programa, Ruth Vasconcelos.
Os bosques vão estar disponíveis como locais sagrados para a reflexão sobre as mortes violentas em Alagoas. As primeiras vítimas homenageadas receberão plaquetas contendo seus nomes e depoimentos enviados pelos familiares para o blog do programa. "Queremos que as pessoas continuem contando as histórias para que seja feita a humanização dos dados", relatou Ruth.
Para que o Campus A.C. Simões, em Maceió, recebesse as mudas, a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Regina Coeli, elaborou o projeto paisagístico que contempla grande variedade de plantas, contendo árvores como o baobá e o ouricuri, consideradas sagradas pelos africanos e indígenas, respectivamente. Ao lado das mudas do ouricuri, será afixada a placa em homenagem àquelas vítimas que ainda não tiveram suas histórias contadas no blog.
"Vai ser um momento de dor, de relembrar as pessoas e, também, um gesto de solidariedade. Criaremos um clima de paz. Quando penso no ato, penso no momento de tranquilidade, símbolo do luto vivido pelas famílias. Será uma cerimônia simples, porém afetuosa, porque lá irão se encontrar pessoas com sentimentos em comum e que podem se fortalecer com o ato", explicou a coordenadora.
Saldo humano
O Programa Ufal em Defesa da Vida iniciou essa tentativa de humanização dos dados das vítimas fatais no dia 2 de abril de 2009, quando foi estendido um varal com mais de duas mil camisas por todo o Campus A. C. Simões, simbolizando o número de assassinatos daquele ano. Apesar das constantes atividades, a professora Ruth diz que ainda é difícil contabilizar os resultados do programa.
"Nesses três anos do Ufal em Defesa da Vida, criamos muitas situações de reflexão e debates, mas acredito que dificilmente podemos aferir os resultados. Encontro pessoas identificadas e parceiras do projeto, o que é importante para vivenciar a transformação da sociedade. O importante é que estamos colaborando para a formação cidadã do jovem e espero que isso sirva para que esse jovem não participe de situações em que esteja entre matar e morrer", relatou.
Serviço
O quê: Implantação do Bosque Ufal em Defesa da Vida
Quando: quarta-feira, 13 de junho
Horário: o evento começa as 8h30, com concentração em frente ao prédio da Reitoria.
Confira as histórias contadas no blog ou conte a vivenciadas por parentes e amigos seus.