25 de julho: Dia do Escritor

Edufal parabeniza escritores pela passagem do seu dia


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Bruno Albyran - jornalista

O ofício de escrever não se resume apenas ao ato de imprimir ideias em livros ou em plataformas digitais. Escritores são pessoas que utilizam as letras para contar histórias – sejam suas ou de outros seres, reais ou imaginários – e levar aventuras, amores, emoções e conhecimento aos leitores.

No dia 25 de julho, comemora-se o Dia do Escritor. A data começou a ser celebrada a partir da década de 1960, quando João Peregrino Júnior e Jorge Amado realizaram o 1º Festival do Escritor Brasileiro. O evento era organizado pela União Brasileira de Escritores, presidida por ambos.

Para homenagear os escritores em seu dia, a Edufal conversou com Carlos Nealdo, autor de O Pianista do Silencioso (Edufal, 2007). Vencedor do Prêmio Alagoas em Cena 2006, o romance reverencia o cinema mudo ao contar a história de um tocador de piano de uma sala de exibição no Sertão nordestino, no início do século 20, misturando o contexto histórico da época à ficção.

Nesta entrevista, Nealdo fala sobre sua experiência com a leitura, explicando de que forma se apaixonou por este universo. Você confere nosso bate-papo nesta edição do Edufal Notícias.

Edufal Notícias - como surgiu o interesse pela escrita?

Carlos Nealdo - Não há um marco específico de como esse interesse surgiu, mas acredito que o interesse pela escrita em qualquer pessoa se dá a partir do momento em que você se interessa pela leitura. Nesse sentido, meu despertar se deu muito cedo, influenciado, principalmente, pelas leituras que eu fazia dos cordéis que via na casa da minha avó. À medida que ia lendo, ia admirando as histórias e procurando novas fontes de leitura. Esse processo acabou despertando meu interesse de querer escrever também. Tanto que os primeiros trabalhos vieram em forma de poesia, ainda na época de estudante secundário.

Edufal Notícias - Quais as suas referências no mundo da leitura?

Carlos Nealdo - Tudo o que a gente lê acaba se tornando uma referência – seja boa ou má. Algumas, tanto boas como ruins, acabam sendo absorvidas, quer seja de forma consciente ou inconscientemente. A literatura de cordel tem uma influência decisiva no que escrevo, principalmente pelos traços nordestinos muito fortes, e eu não posso – ou não sei – fugir dessa característica regional. Por isso que me identifico muito com o romance regionalista brasileiro, com os livros de José Lins do Rego e Rachel de Queiroz e com autores como Jorge Amado, Graciliano Ramos e alguns outros que falam do Nordeste e do homem nordestino com grande propriedade.

Edufal Notícias - Qual a sensação de ver uma pessoa lendo sua obra?

Carlos Nealdo - Já se disse que todo autor escreve para ser lido. Engana-se quem fala que escreve para satisfazer um capricho pessoal. Escritores de gaveta – aqueles que trancam seus escritos a dezessete chaves, dez a mais que o recomendável – desejam, no íntimo, que alguém encontre seus textos e os leiam, nem que seja às escondidas. Mas há diversos tipos de leitores e diversas ocasiões para se ler. Quando a gente escreve, as primeiras “vítimas” são as pessoas mais próximas: geralmente a família e os amigos. Quando você lança um livro, são eles que lerão primeiro. Até aí é normal, é obrigação deles mesmo (risos). Mas o bom mesmo é quando o livro corta o cordão umbilical com o autor e vai parar na mão de um leitor desconhecido. Um dia, eu fui parado por alguém que me perguntou se eu era o autor de O Pianista do Silencioso. Disse ter me reconhecido pela minha fotografia na orelha do livro. E desandou a falar das personagens, do enredo, de situações que o deixaram emocionado, etc. E falava com um brilho tão especial nos olhos que me deu um orgulho de pai, por ter criado seres que conseguiram tocar o coração desse leitor. É, de fato, uma emoção indescritível.

Edufal Notícias - Alguma vez você já foi mal interpretado por alguma coisa que escreveu?

Carlos Nealdo - No campo literário, não. Ou pelo menos não chegou ao meu conhecimento que isso tenha acontecido. Já fui criticado por ter dado um caminho a determinados personagens. Algumas pessoas não gostaram. “Ah, você não deveria ter feito aquilo com tal personagem”. Mas não chega a ser má interpretação. No jornalismo, isso é mais passível de ocorrer, principalmente porque o jornalismo costuma incomodar. Então você vai se deparar com pessoas que vão gostar do seu trabalho e pessoas que querem distância. É normal.

Edufal Notícias - Indique para nós três livros de cabeceira.

Carlos Nealdo - Como estou envolvido com a escrita do segundo livro e as pesquisas para a obra me levaram a Graciliano Ramos, seria natural que os meus livros de cabeceira, neste momento, sejam dele ou sobre ele. Assim, eu indicaria Caetés, o romance de estreia do mestre Graça, que, além de ser uma belíssima metalinguagem sobre processo de escrita, é uma prova de que Graciliano Ramos já era um escritor completo desde o início; Cartas, que reúne a correspondência dele com familiares, intelectuais e especialmente a mulher, Heloísa de Medeiros Ramos; e O Velho Graça, a biografia escrita por Dênis de Moraes que sublinha com maestria a vida do escritor alagoano. São livros para se ler sempre.

Sobre o Livro O Pianista do Silencioso

Para quem desejar adquirir o romance O Pianista do Silencioso, de Carlos Nealdo, o livro encontra-se disponível no site da Edufal: http://tinyurl.com/o-pianista-do-silencioso.