Programa de Licenciatura Internacional leva estudantes para Coimbra
Dupla formação caracteriza nova realidade para famílias humildes
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Jhonathan Pino - jornalista
Vinte e um alunos da Universidade Federal de Alagoas estão se preparando para uma jornada de dois anos na Universidade de Coimbra, em Portugal. Eles são dos cursos de licenciatura em Física, Química e Educação Física, dos campi Maceió e Arapiraca, e foram selecionados para obter dupla certificação (brasileira e lusitana) em suas graduações.
A formação diferenciada dos alunos é possível a partir do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Nesse ano, a Ufal teve três projetos aprovados, frutos da colaboração entre professores de dois campi.
É o caso dos docentes Wander Gustavo e Sílvia Helena, de Arapiraca, e Paulo César Costa, do Campus Maceió. Os três se uniram para construir um projeto que beneficiasse a formação dos alunos da Química e conseguiram aprová-lo na segunda tentativa. “Houve uma certa dificuldade em fazer o reaproveitamento das disciplinas pelas diferenças entre os projetos pedagógicos dos cursos entre as duas universidades. No ano anterior apenas um curso de Química conseguiu a aprovação no país. Talvez as universidades não estivessem preparadas para receber nossos alunos”, relata Paulo César.
Além de elaborar o projeto, o papel desses professores é essencial no programa, pois a partir de missões semestrais de acompanhamento dos alunos, os professores podem analisar a formação deles naquele país e se atualizarem sobre as diversas técnicas utilizadas pela instituição lusitana. “A formação em Portugal contempla muita coisa que é pouco difundida na Ufal. Pretendemos, a partir de programas como esse, acompanhar a evolução na área da Química”, salienta Paulo César.
O trabalho que agora tem início com os professores da Química já faz parte do cotidiano de três professores da Educação Física. Juntos, Arnaldo Tenório, Leonéia Santiago e Neiza Fumes já tiveram três turmas contempladas pelo Edital do PLI e neste mês recebem de volta o primeiro grupo de alunos beneficiados com a dupla formação. “No início ocorreram algumas dificuldades, mas que foram solucionadas com o empenho dos acadêmicos e o apoio da coordenação dos projetos aprovados até o momento”, relata Arnaldo.
Famílias com novas realidades
Conforme Elton Malta, coordenador do projeto dos cursos de Física no PLI, o ganho obtido com a experiência é pessoal e acadêmico. O professor vem acompanhado as atividades dos alunos que foram em 2011 para Coimbra, quando o curso teve seu primeiro projeto aprovado. Após conversas com os intercambistas e seus familiares ele constatou várias mudanças positivas: “o começo sempre é difícil, tanto pela adaptação, pois os alunos que participam do programa geralmente são muito humildes e não estão acostumados com o contato com novas culturas, como também pelo ritmo mais intenso das aulas em Coimbra.”, relata Malta.
O Programa fornece bolsas e passagens aéreas e estabelece como perfil dos alunos aqueles de origem no ensino público. A ida de grande parte deles para o exterior é uma realidade desconhecida de suas famílias. “Não é fácil achar estudantes que cumpram os pré-requisitos do edital. Além disso é necessário que eles tenham certos recursos financeiros para se manterem no país”, explica o professor.
A origem humilde dificulta, mas não foi impeditivo para que Larissa Cavalcante enfrentasse o desafio: “Apesar de ter medo, minha família dá todo o apoio para a minha ida, pois trata-se do meu futuro e da minha formação. Meus parentes também vão aproveitar a oportunidade para me visitar e conhecer Portugal”, relata uma das alunas de Química, que embarca em setembro.
Além da primeira turma de Educação Física, outros sete alunos dos cursos de Biologia dos campi Arapiraca e Maceió desembarcam este mês em Maceió, para finalizar seus cursos na Universidade Federal de Alagoas.