Adaptação aos livros eletrônicos é discutida por quem produz o conteúdo
Editoras Universitárias têm o desafio de aliar o tradicional ao mercado dos livros disponibilizados pela internet
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Manuella Soares - jornalista
O conceito de ler um livro está mudando. Em tempos de celulares super tecnológicos e dispositivos móveis que permitem arquivar uma infinidade de bibliografias inteiras, caminhar nos corredores das bibliotecas parece tarefa difícil quando, em questão de segundos, é possível ter todas as páginas em poucos cliques. As editoras universitárias se deparam com um mercado ascendente, mas que ainda é bastante discutido: os livros eletrônicos, os chamados e-Books.
Esse tema esteve em pauta durante o Encontro do Fórum de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação da regional Nordeste, realizado nos dias 20 e 21 de setembro, no Hotel Ponta Verde, em Maceió. Flávia Goulart Rosa, da Associação Brasileira de Editoras Universitárias, acredita numa mudança gradativa que influencia no perfil das pessoas. “Nós temos que estar atentos à capacitação profissional para que, de fato, atendam aos novos anseios. A minha preferência como leitora é o suporte em papel, mas temos toda uma geração que já nasceu com o computador e talvez nós possamos conquistar esse leitor através das tecnologias”, disse.
A nova diretora da Editora Universitária da Ufal (Edufal), Stela Lameiras, assumiu a função este mês com a pretensão de continuar o trabalho da gestão anterior e com muitos desafios para ousar. Um deles, é questionar a importância e a adequação ao mercado de editoração dos livros produzidos pela Edufal.
“É uma mudança que demanda direcionamento de Conselho e estratégia. Vamos investir em planejamento. O mercado eletrônico não tem como não ser uma competitividade, mas não deixa de ser uma necessidade. A editora tem que agir com cautela porque demanda, além de tudo, uma mudança de estrutura de leitores, de escritores, por isso, exige um direcionamento de conselho editorial”, destacou Stela Lameiras.
De graça, mas com assinatura
Os e-Books de autores acadêmicos têm ganhado cada vez mais espaço nas bibliotecas eletrônicas como o Portal de Periódicos e a Scielo, por exemplo. Mas disponibilizar livros para downloads gratuitos requer, entre outras discussões, a garantia dos direitos autorais. Os contratos são muito claros em relação à opção do autor em abrir acesso ao conteúdo, no entanto, os próprios pesquisadores demonstram o interesse em divulgar o trabalho.
“O autor com o qual nós trabalhamos está voltado para uma produção científica, que já tem um suporte financeiro, então ele já foi remunerado para isso. Ele mesmo nos procura solicitando que o conteúdo seja disponibilizado em acesso aberto”, comentou Flávia Rosa (Abeu/UFBA).
Sobreviventes no futuro
O suporte à pesquisa e a contribuição para o fomento científico têm sido a principal vertente para inserir os trabalhos acadêmicos de pesquisa nas bibliotecas eletrônicas, mas para a diretora da Edufal, a facilidade da tecnologia não vai acabar com o propósito das tradicionais produções de materiais universitários.
“A editora universitária é muito mais do que divulgar os trabalhos técnicos e científicos, tem também um compromisso social com a comunidade em geral. Eu, pelo menos, não sei se sobreviveria com um lado só”, ressaltou Stela.
A lógica do pensamento de Flávia Goulart segue a mesma linha, com foco na adequação ao meio. “Os dois suportes existirão, assim como a televisão não acabou com o teatro nem com o jornal, e por aí vai! A gente precisa se adequar ao mercado, como por exemplo, diminuindo o número de tiragem do livro, mas ele vai continuar existindo”, afirmou.
Em meio às discussões do Fórum de Pró-reitores, o representante na biblioteca eletrônica Scielo, Abel Packer, encerrou sua defesa aos e-Books com uma frase aplaudida por todos: “O futuro do livro, é o livro!”