Doutoranda destaca fortalecimento da internacionalização da Ufal
Manaíra tem 23 anos, iniciou este ano o doutorado em Portugal e diz que pretende voltar para seguir carreira acadêmica no Brasil
- Atualizado em
Diana Monteiro - jornalista
“Quando chego a Alagoas tenho como visita obrigatória a Universidade Federal de Alagoas”, assim declarou Manaíra Aires Athayde, que faz doutorado na Universidade de Coimbra, em Portugal, e iniciou sua vida acadêmica na instituição alagoana, como aluna do curso de Jornalismo. O laço de Manaíra com o país lusitano vem desde 2008, quando tinha apenas 17 anos de idade e cursava o terceiro período na instituição alagoana. Ela foi uma das selecionadas do Programa de Bolsas Luso-Brasileiras Santander Universidades, que garantiu durante seis meses sua permanência como aluna de graduação em Jornalismo na Universidade do Porto.
“A bolsa do programa tem prazo limitado de seis meses, mas mesmo assim resolvi concluir a graduação na instituição portuguesa e dar continuidade a minha formação acadêmica, contando com apoio financeiro da família”, enfatiza. De lá prá cá já são seis anos e Manaíra afirma não ter programado ficar em Portugal. “ Fui ficando aproveitando as oportunidades que iam surgindo”.
Manaíra, atualmente com 23 anos, iniciou este ano o doutorado em Portugal e diz que ao concluí-lo, daqui a quatro anos, tem pretensão de voltar para seguir carreira acadêmica no Brasil. “Nos últimos cinco anos o país vem ampliando cada vez mais as oportunidades, principalmente no que se refere à concessão de bolsas de estudos, através de diversos programas”, opina. Devido a oportunidade proporcionada, sente-se em dívida com o Brasil e quer contribuir com o crescimento acadêmico do país.
Ela diz que pela reviravolta de crescimento que o Brasil deu nesses últimos cinco anos, é visível lá fora a curiosidade que o mundo hoje tem sobre o país, como também há um maior respeito pelo brasileiro, diferentemente da década de 90. ”O mundo quer saber algo sobre o Brasil pela diversificação de culturas que o formam”, destaca Manaíra.
Para a pós-graduação em Portugal Manaíra concorreu no Brasil a uma Bolsa de Doutorado Pleno no Exterior, da Capes, com o projeto focado no poeta brasileiro Rui Belo, agregando materialidades da literatura e comunicação. O estudo tem como orientadores a professora Susana Souto, da Faculdade Letras (Fale), da Universidade Federal de Alagoas e Pedro Serra, da Universidade de Coimbra.
A ida de Manaíra recentemente ao Campus da Ufal em Maceió foi para prestigiar a reunião do reitor Eurico Lôbo com os 78 alunos selecionados de diversos cursos de graduação para um período de permanência de um ano em instituições de Portugal, Espanha, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Itália, dentro do Programa Ciência sem Fronteiras e Licenciaturas Internacionais. Ela tece elogios à gestão da Ufal e do investimento que a instituição vem fazendo desde 2008 nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e internacionalização.
“A Ufal é muito respeitada na Universidade do Porto e na Universidade de Coimbra, fruto dos intercâmbios firmados e do empenho para o dinamismo de todo esse processo. Há o acompanhamento dos gestores da Universidade Federal de Alagoas junto aos seus alunos em Portugal desde a gestão da reitora Ana Dayse. Ressalto a participação e a importância do professor Niraldo de Farias, responsável pela Assessoria Internacional da universidade alagoana, para o fortalecimento das relações, conseguindo assim personificar a Ufal”, frisou Manaíra.
Ela aproveita para falar sobre a importância dos órgãos financiadores como Capes e CNPq na internacionalização do ensino superior público brasileiro. “O brasileiro tem que parar de reclamar e perceber o quanto o país oportuniza para sua formação e qualificação profissionais”, enfatiza.
Adaptação e formação
Mesmo tendo atingido gradualmente o seu objetivo, Manaíra Ayres diz que não é fácil viver no exterior. Considera que o mais difícil da adaptação são as diferenças culturais. Totalmente entrosada no meio acadêmico e na cidade do Porto, onde mora, Manaíra diz que nos dois primeiros anos foi bastante difícil. Também leva em consideração a sua imaturidade, pois ainda era de menor quando chegou para morar em Portugal. “Essa etapa já foi superada, o enriquecimento cultural para quem vive esse tipo de experiência é valiosíssimo e você leva para o resto da vida”, diz. Sempre que pode ela aproveita para conhecer outros países.
Na Universidade do Porto Manaíra concluiu jornalismo em 2011 com o trabalho “As diferenças entre o Jornalismo brasileiro e o Jornalismo português”. Destaca que o curso de Jornalismo em Portugal é mais prático, tem três anos de duração e em sua grade curricular contempla especialização na área de interesse do aluno.
Com estágios em Revista e em um periódico on-line, Manaíra informa que jornalista em Portugal é absorvido pelo mercado de trabalho e o grande foco de atuação são as mídias digitais, que começam a ser gradativamente uma realidade no Brasil. “Por conta da consolidação da Era Digital no país, há uma grande discussão em Portugal sobre a sobrevivência de mídias tradicionais, como os jornais impressos. O acesso às mídias digitais é naturalmente para todos e praticamente em todos os ambientes públicos”, frisa Manaíra, que retorna à Portugal no dia 13 deste mês.