Patrimônio arqueológico e paleontológico de Alagoas é tema de livro pela primeira vez
Obra é distribuída gratuitamente e resgata passado do território alagoano
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
O passado do Estado de Alagoas relatado de forma inédita. O registro de informações sobre a história do homem e de outros animais a partir de desenhos, textos e dados que compõem o primeiro material didático sobre a Arqueologia e a Paleontologia no território alagoano. Na próxima quinta-feira (13), às 17h, será realizado o lançamento da obra Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Maceió. A cerimônia é aberta ao público e inclui palestra sobre a temática do livro.
Elaborado por pesquisadores do Iphan e do Museu de História Natural (MHN) da Universidade Federal de Alagoas, o livro Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas promete atrair público de todas as idades. A obra busca fortalecer a educação patrimonial alagoana e estimular o conhecimento sobre o passado local, por meio de informações de fácil entendimento sobre os sítios arqueológicos e paleontológicos do Estado e sobre os materiais encontrados nesses locais.
O livro inclui dados relacionados às pesquisas e às escavações realizadas no interior alagoano, aos acervos existentes na região e à legislação que prevê a preservação do patrimônio em destaque. Para que todas essas informações sejam difundidas de forma eficaz, o material terá distribuição gratuita. Dez mil exemplares serão publicados e doados para escolas públicas estaduais, bibliotecas públicas, instituições filantrópicas e universidades.
Segundo o professor Jorge Luiz Lopes, responsável pela elaboração do capítulo referente à Paleontologia em Alagoas, a publicação será distribuída para entidades de todo o Brasil. No entanto, o pesquisador destaca que a maior concentração da obra estará em território alagoano, principalmente em municípios onde são realizados estudos e escavações que contribuem com pesquisas científicas na área.
“Em municípios como Piranhas, Olho D’água do Casado, Delmiro Gouveia, Maravilha e São José da Tapera, pretendemos ampliar a distribuição do livro e fornecê-lo à rede municipal de educação. Nosso intuito é abranger o conhecimento sobre o patrimônio arqueológico e paleontológico para o maior número possível de pessoas”, revela Jorge Lopes.
Lançamento no interior
Os responsáveis pela publicação também planejam lançamentos oficiais da obra no interior alagoano. No mês de outubro, os organizadores pretendem realizar o relançamento do livro Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas no município de Arapiraca, para atrair a população que vive no Agreste. Além disso, outra cerimônia poderá acontecer em Piranhas, com o objetivo de envolver os municípios do Sertão.
Em paralelo à distribuição da obra, serão realizadas palestras em escolas, comunidades e associações municipais para que alunos e professores participem do trabalho de conscientização sobre a relevância da preservação do passado da região. Outra iniciativa é o Museu Itinerante, espaço no qual alguns materiais que compõem o acervo do MHN ficarão expostos durante as divulgações do livro.
Elaboração do material
Arqueólogos e paleontólogos compartilham de métodos de trabalho semelhantes. Os primeiros se dedicam ao estudo das culturas e dos modos de vida de civilizações extintas, já os segundos têm como objetivo desvendar a evolução da vida na Terra. Sob essa perspectiva, pesquisadores do Iphan e da Ufal uniram as duas ciências e foram responsáveis pela elaboração do primeiro livro sobre o patrimônio arqueológico e paleontológico de Alagoas.
De acordo com Jorge Lopes, todas as informações sobre a Paleontologia contidas no livro são referentes aos sítios paleontológicos do interior do Estado, localizados principalmente na região semiárida. Entre as cidades alagoanas que mais se destacam nesse aspecto estão Maravilha e Pão de Açúcar, ambas com mais de dez localidades que constituem patrimônio de interesse nacional.
O pesquisador também ressalta que os fósseis apresentados na obra são de mamíferos do período Pleistoceno, correspondente à Era geológica com início há dois milhões de anos e término há onze mil anos. “O livro aborda fósseis do Pleistoceno, período geológico que antecede o atual [o Holoceno], e todos os materiais foram encontrados na maior parte dos sessenta sítios paleontológicos distribuídos em cerca de vinte municípios alagoanos”, acrescenta Jorge Lopes.
Em Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas, todas as onze espécies já documentadas e catalogadas no Estado estão presentes. Animais como o Tatu Gigante – ancestral com tamanho semelhante ao do Fusca – e a Preguiça Gigante – antepassado com cerca de seis metros de altura e seis toneladas – aparecem no livro com descrição completa. Os registros englobam o município onde os vestígios foram encontrados, o nome e o tipo da localidade, as características ambientais da região no passado, e a espécie do animal descoberto.
Preservação do patrimônio arqueológico e paleontológico alagoano
No Estado de Alagoas há ocorrências de sítios arqueológicos e paleontológicos do litoral ao extremo oeste. Segundo Jorge Luiz Lopes, na região podem ser encontrados fósseis que datam de 10 mil a 120 milhões de anos. Por isso, é importante conscientizar a população sobre a importância do patrimônio e da sua preservação.
“Além da pesquisa científica da escavação e do estudo do fóssil, nós resolvemos desenvolver um projeto de educação patrimonial. Dessa forma, procuramos o poder público de todos os municípios nos quais desenvolvemos trabalhos e vamos às escolas, com a finalidade de orientar a população sobre a relevância do patrimônio público e sobre a lei federal que o protege”, explica o pesquisador.
Para o município de Maravilha a valorização patrimonial já trouxe bons frutos. No Brasil, o local se tornou a primeira cidade temática de fósseis exclusivos da megafauna. Criado em maio de 2007, o Museu Paleontológico de Maravilha é a grande atração para a pequena cidade de 10 mil habitantes. O acervo é orientado tecnicamente por pesquisadores do MHN, que são responsáveis por todas as informações científicas do memorial.
Segundo Jorge Lopes, o Museu de Maravilha contribui, significativamente, com o desenvolvimento do município. “Toda a cidade de Maravilha gira em torno de seu patrimônio paleontológico. No acervo, alunos da rede pública atuam como estagiários e têm a oportunidade de conhecer de perto a história da região. A cidade só possui 10 mil habitantes, mas 25 mil pessoas do Brasil e do Exterior já passaram pelo museu. Isso é muita coisa para uma cidade do interior de Alagoas que não está à margem do Rio São Francisco”, salienta.
Novas propostas
Com a publicação do livro Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas, já são analisadas duas propostas para a criação de novas versões da obra. Entre os projetos estão o formato totalmente infantil do material e a criação de um e-book, no qual podem ser explorados diversos recursos, como vídeos.
Para mais informações, entre contato com os organizadores do livro por meio do endereço eletrônico iphan-al@iphan.gov.br.