Estudos sobre equinos são publicados em revistas nacionais
Artigos dão destaque a trabalhos desenvolvidos na área da Medicina Veterinária da Ufal
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Jhonathan Pino - jornalista
Nos dois últimos meses, a área de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas colheu bons frutos com destaque em publicações nacionais. Em agosto, o aluno Diego Lessa teve destaque de capa na Revista Brasileira de Medicina Equina, com o resultado de seus estudos sobre eletrocardiografia em equinos. Em setembro, foi a vez da aluna Juliana Bernardo. Ela teve publicado na Revista Brasileira de Ciência Veterinária e ARS Veterinária relatos sobre procedimento inédito no Brasil que trata da plasmaférese automatizada em equinos.
Diego Lessa pesquisou os avanços que a eletrocardiografia tem provocado no prognóstico de desempenho atlético de cavalos para competições equestres. Orientado pela professora Márcia Kikuyo, ele identificou os fatores contribuintes para a instabilidade no ritmo cardíacos de equinos e apontou a utilização da derivação Base-Apex nos estudos eletrocardiográficos da raça Quarto de Milha.
“A importância é que, apesar de a raça Quarto de Milha ser comum no Brasil, não existe um padrão eletrocardiográfico para essa raça. Devido à diferença de porte físico, conformação e atividade empregada (lazer, esporte ou trabalho) o cavalo possui diferenças no padrão de normalidade para o eletrocardiograma nas diferentes espécies”, relatou a orientadora.
Para que o trabalho tivesse uma amostragem adequada, foram feitos procedimentos em animais dos estados de Alagoas e São Paulo e percebeu-se que é necessário estudos individualizados por raça para que se chegue a resultados mais objetivos na classificação de animais quanto ao seu potencial atlético.
Procedimento inédito no país
Juliana Bernardo também fez estudos em equinos, mas o procedimento é bem menos conhecido entre pesquisadores da espécie. Trata-se do primeiro relato de plasmaférese automatizada, considerado inédito no Brasil. A técnica é tradicionalmente utilizada de forma manual para a produção de soros hiperimunes e de imunoglobulinas para tratamento de animais em diversas doenças.
“A plasmaférese consiste da retirada do plasma sanguíneo do paciente e reinfusão do hemocomponentes restantes na circulação. Em equinos, é muito utilizada no Instituto Butantan para a produção de soro antiofídico para humanos, mas, no Brasil, era realizada, até então, de maneira manual, com riscos de contaminação e alto índice de hemólise, com riscos de anafilaxia ao paciente”, relatou o professor Pierre Escodro, orientador da pesquisa.
O procedimento é realizado de forma automatizada na unidade da Ufal, em Viçosa, desde janeiro de 2011, após o estágio da aluna Juliana Bernardo no Hemocentro da Universidade de Campinas (Unicamp). A empresa Fresenius Kabi cedeu o equipamento Fresenius modelo AS104, para que fossem realizadas as pesquisas. As investigações nessa área continuam em novo ciclo via programa de iniciação científica. “A ideia é poder tornar a plasmaférese automatizada um procedimento de rotina tanto em equinos, quanto em outras espécies. Além disso, a possibilidade de patentear produtos associados à técnica”, relatou Juliana.
“Para nós da Ufal, em particular do curso de Medicina Veterinária, é uma vitória fazer inovação ainda com uma estrutura em construção e longe da ideal. No entanto, essa linha deve gerar muitas conquistas no mercado da neonatologia equina [aumento a imunidade em potros imunodeprimidos] e em animais com endotoxemia em pós cirúrgicos”, comentou Pierre.
O professor também planeja a possibilidade da transferência da tecnologia para outras espécies e a produção de bioprodutos para afecções específicas. Além disso, Pierre prevê a padronização da técnica no Brasil e a elaboração de um manual junto a empresas de interesse, para divulgação da técnica e linha de produção em escala comercial.