Trabalho da Faculdade de Nutrição é premiado em evento nacional
Pesquisa aponta relações entre obesidade e aleitamento materno
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Jhonathan Pino - jornalista
Na última semana de setembro, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Fanut) foi premiado como melhor trabalho de saúde coletiva do XXII Congresso Brasileiro de Nutrição, realizado no Centro de Convenções, em Olinda. Intitulado “Prevalência e fatores de risco associados ao excesso de peso em menores de cinco anos de uma região semiárida do nordeste brasileiro”, o trabalho revela o papel preventivo que o aleitamento materno exerce sobre o problema de excesso de peso.
Realizado pela mestre Marcella de Arruda Moreira e os professores Poliana Colho Cabral e Pedro Israel Cabral de Lira, da Universidade Federal de Pernambuco e Haroldo da Silva Ferreira, da Faculdade de Nutrição (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas, o trabalho superou outras 1400 pesquisas científicas inscritas no Congresso.
Na investigação sobre o excesso de peso entre menores de cinco anos da região semiárida do estado de Alagoas, foram avaliadas as possíveis associações com fatores socioeconômicos, biológicos e maternos. Para os autores, a causa encontrada para o problema seria a obesidade central na mãe e ao aleitamento materno não exclusivo por um período inferior a seis meses. “Esses achados sugerem que o aleitamento materno pode proteger a criança contra o excesso de peso e apontam para a necessidade de prevenção primária e secundária da obesidade central materna”, apontam os estudos.
Obesidade contrasta com a “famosa” desnutrição dos nordestinos
No total, foram avaliados 963 menores de cinco anos, onde foi constatado que 192 crianças (19,9%) estão em risco de sobrepeso, 63 (6,5%) com sobrepeso e 20 (2,1%) com obesidade. O estudo ainda compara os índices com os de desnutrição infantil, normalmente associada à população daquela região: “apenas 2,3% apresentaram magreza, proporção igual à encontrada na população de referência do padrão da OMS [Organização Mundial de Saúde], indicando a baixa exposição da população à desnutrição, pelo menos em sua forma aguda”, apontam os pesquisadores.
Outro dado que foge ao censo comum é que foi verificado que a obesidade não depende do poder aquisitivo das famílias, podendo ocorrer em qualquer uma delas. “O aumento na prevalência do excesso de peso infantil é preocupante devido ao risco elevado que essas crianças têm de tornarem-se adultos obesos, além de mais susceptíveis a diversas condições mórbidas, tais como agravos respiratórios, cardiovasculares, endócrinos, ortopédicos, psicossociais, entre outras”.
A pesquisa havia sido apresentada por Marcela Moreira em sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFPe. “Essa não é a primeira vez, que trabalhos resultantes desse projeto, foram premiados. Em 2007, dentre milhares de concorrentes, o artigo Short stature of mothers from an area endemic for undernutrition is associated with obesity, hypertension and stunted children: a population-based study in the semi-arid region of Alagoas, Northeast Brazil, de Fabiana Moura, foi classificado entre os 10 melhores trabalhos apresentados no Congresso da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN)”, relata Haroldo.
Atualmente outras quatro alunas desenvolveram suas dissertações utilizando o banco de dados gerados com a pesquisa do grupo e todas publicaram seus resultados em revistas científicas renomadas. O professor Haroldo enfatiza que é a partir dessas investigações que a Faculdade de Nutrição da Ufal é capaz de formar profissionais comprometidos com a resolução dos principais agravos nutricionais que afligem a população alagoana.
O trabalho premiado está disponível em http://www.scielo.br/pdf/jped/v88n4/a12v88n4.pdf.