Trabalho acadêmico vira arte
Exposição “Caravana” , na Pinacoteca, recebeu 957 pessoas
- Atualizado em
Renata Menezes - estudante de Jornalismo
A Caravana de Herbert Loureiro acaba de partir da Pinacoteca Universitária. Desde a abertura da exposição de quadros, 957 pessoas visitaram as obras que encantaram crianças e adultos com suas cores vibrantes e combinações inusitadas, carregadas de elementos que unem o imaginário coletivo e experiências pessoais.
Com apenas 23 anos, o artista atua desde os 15 como ilustrador profissional. Seus desenhos já foram expostos em galerias de São Paulo, Paris, Bruxelas e Lituânia, em mostras coletivas. No dia em que desmontou “Caravana – Não perca a bandeira”, sua primeira exposição solo, ele falou sobre os reflexos da experiência. “A cultura popular fez parte da minha infância, sempre tive muito apego às lendas, e é engraçado ver que os visitantes sempre comentavam o que marcou mais, falando sobre as referências das obras com a vida delas”, contou Herbert.
A abordagem do folclore foi inédita, já que o artista nunca havia trabalhado o tema. Ele conta que foi questionado sobre seu interesse pelo folclore em uma entrevista e a ideia ficou armazenada até a época em que ele precisou começar o trabalho de conclusão do curso de Jornalismo. “Eu não queria fazer uma monografia, então fiz uma série de fotografias utilizando as imagens dos folguedos de maneira mais atualizada, para que as pessoas mais jovens pudessem se identificar, criar uma afinidade”, explicou o ilustrador.
A série de fotografias não resultou no TCC de Herbert, mas serviu para ele perceber as muitas possibilidades de usar o tema. Ele conta que não queria descartar a ideia e, por isso, decidiu que faria um trabalho inteiro baseado no folclore, o que culminou na exposição.
O artista acompanhou a visitação de crianças de três escolas de Maceió. Ele fazia o circuito, apresentando as obras e os personagens e depois realizava uma oficina, em que as crianças faziam desenhos de acordo sua percepção sobre a exposição. “As crianças viam coisas que eu não enxergava nas telas, misturavam os quadros e lendas, foi uma experiência muito legal”.
A exposição
Quem nunca ouviu falar nas lendas da Iara, do Boto, da Mula-sem-cabeça ou da Mulher da Capa Preta? Na primeira série de quadros apresentada na exposição, o artista trouxe esses e outros personagens da cultura popular em uma releitura feita com elementos próprios. Segundo Herbert, no momento da inscrição de seu projeto no edital da Pinacoteca, essas eram as únicas obras prontas, feitas com uma técnica familiar – nanquim sobre papel e pintura digital. “Eu ainda não tinha uma ideia fechada, só uma ideia geral, demorei de dois a três meses para começar a produzir”, conta o artista.
Quando decidiu quais obras completariam a exposição, resolveu inovar em seu processo de produção. Com bordado, aquarela, pinturas em acrílico e o uso de sobreposições com vidro, esta foi a primeira vez em que ousou buscar novas técnicas. “Essas foram minhas primeiras tentativas usando técnicas novas, por isso considero ‘Caravana’ um processo de descoberta, experimental e orgânico”.
Apesar da presença dos elementos trazidos do folclore em todas as obras, para o artista esse não é o foco. O ponto principal é a caravana, um grupo de pessoas que se relacionam e se locomovem de um ponto ao outro. “O folclore faz parte desse processo, mas o mais importante para mim é a história entre as pessoas, a forma como se comunicam e se relacionam”, explica Herbert. Essas relações humanas são abordadas em “Você não pode ser o rei”, tela que mostra as dificuldades encontradas pelos caminhos, e nas telas em que as fases da vida são apresentadas em uma série com metáforas visuais que refletem desejos e angústias, ocupando a tênue linha entre o real e o imaginário.
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