Economistas se formam divididos entre mercado de trabalho e docência

Curso de Ciências Econômicas da Ufal completa 49 anos formando profissionais capacitados para as duas áreas


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Luiz Eduardo Simões, coordenador do curso de Ciência Econômicas da Ufal | nothing
Luiz Eduardo Simões, coordenador do curso de Ciência Econômicas da Ufal

Manuella soares – jornalista

Indicadores, custos, inflação, déficit, juros... Termos bastante usados entre economistas, mas cada vez menos estranho para quem, até então, não entendia nada sobre eles. A popularização da economia, que tornou o acesso à informação mais fácil e menos complexo, tem despertado o interesse dos jovens em se aprofundar nas teorias e práticas da profissão. Durante quase meio século de ensino, o curso de Ciências Econômicas da Ufal percebe o crescimento gradativo da procura pela graduação.

“É uma tarefa um pouco mais humana, um conhecimento que liberta, porque você ensina a resolver um problema”, comentou o coordenador do curso de Ciência Econômicas da Ufal, Luiz Eduardo Simões de Souza. Integrado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) e um dos mais antigos do País, o curso completa 49 anos com um histórico de ações consolidantes e esforço mútuo pela ascensão na escala qualitativa de reconhecimento, prezando pela formação de economistas capacitados para o mercado e para a docência. “Os alunos saem aptos para atuar tanto na esfera pública quanto privada, em diversas atividades, desde a operação em mercado financeiro até a área acadêmica. E a graduação dá uma boa base para isso”, destacou Simões.

O coordenador alega que por não ser um dos cursos mais concorridos da Ufal, é fácil entrar, mas permanecer e finalizar a graduação em economia vai exigir muito do aluno. Ele mesmo é um exemplo disso. Depois de concluir o curso de História, acreditou que a base da primeira formação facilitaria os estudos em Economia. “Eu achava que Economia era metade história e metade matemática. Mas a realidade me mostrou outro caminho. Tive que aprender sociologia, estatística, cálculo e teoria econômica. É fascinante! Terminei o curso mais curioso do que entrei”, contou.

Novos propósitos

Para acompanhar o ritmo de crescimento do profissional que se forma em Economia, e se adequar às novas diretrizes curriculares nacionais, o Colegiado do curso de Ciências Econômicas iniciou, em 2009, um novo Projeto Político-pedagógico para a graduação. Com a reformulação da grade curricular, a pretensão é diminuir os índices de reprovação e evasão, além estimular o número de egressos e aumentar o grau de avaliações no Ministério da Educação (MEC).

Os resultados já estão surtindo efeito. Depois de um intenso trabalho de conscientização sobre a importância da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enade), os professores se uniram para preparar os alunos e revisar os conteúdos exigidos na avaliação. O curso obteve conceito 3 na última edição do Enade, mas com indicação de que tem potencial para mudar essa nota. “Isso é um trabalho de continuidade. Jogamos a sementinha e vamos cuidar para que a planta cresça e se desenvolva saudável. A nossa meta é ter um curso cada vez melhor, com alunos mais qualificados, motivados e curiosos”, atestou Simões.

O coordenador também destaca a importância de avançar com integração. “Nosso projeto acadêmico é inclusivo, onde todos têm seu espaço e voz, e, sobretudo, é tolerante e pluralista, independente de orientação pessoal, social ou política”, acrescentou. (Conheça o projeto político pedagógico)

Perfil de egressos e estrutura

De acordo com o projeto, a pretensão é ter um profissional com duas características fundamentais: flexibilidade intelectual e capacidade de intervenção prática na realidade. O estudante do 3º período, Marcus Vinícius, tem esse perfil. Ele se diz entusiasmado já no início do curso de Ciências Econômicas e conta que se engaja em grupos de pesquisa para definir onde quer atuar.

“Interessei-me pela área lendo jornais, então fui buscar o conhecimento, saber como funciona o mecanismo da Economia até entender onde chegamos”, revelou. O ambiente acadêmico criado na Feac, com cerca de mil alunos, conta com uma estrutura composta por 25 professores, dos quais 15 são doutores. A excelência se reflete na produção intelectual que é uma das mais volumosas na área de Ciências Sociais Aplicadas do Nordeste.

O curso tem grupos de estudo e projetos de extensão que ofertam vagas para bolsas de iniciação científica. As práticas também são exercitadas numa revista científica e numa empresa de consultoria formada por estudantes. Único curso com pós-graduação da Feac, Ciências Econômicas oferece 120 vagas nos turnos da manhã e noite e pode ser concluído entre quatro a oito anos.

Concluintes e mercado

Toda preocupação de um formando é iniciar com êxito a fase profissional. De acordo com o coordenador Luiz Eduardo Simões, o aluno da Ufal não tem um padrão de caminho a seguir. Muitos atuam como consultores, outros vão para trabalhar em órgãos públicos e outros tantos continuam a área acadêmica. Inclusive, alguns professores do curso são ex-alunos.

Essa é a trilha traçada por Rafael Aubert, que está no último período e pensa em continuar estudando na tendência do foco para a problemática local e regional. “Quero fazer mestrado, porque gosto de pensar a economia alagoana, os problemas locais num lugar que há tantas riquezas ambientais, mas que não refletem nos indicadores”, contou, descrevendo todos os planos que tem pela frente.

Segundo o professor Simões, até mesmo quem não tem pretensão pela docência procura somar títulos, seja uma especialização, mestrado ou MBA, porque o mercado está cada vez mais exigente e competitivo. “Em Alagoas o setor público oferece mais vagas, é muito procurado, porque as pessoas estão mais dispostas a trabalhar pela sociedade. Diferente do que acontece em outros estados, onde as empresas privadas concentram os melhores salários. Mas apesar de restrito, o mercado alagoano sempre tem vagas para quem busca qualificação”, comentou.

Veja algumas dicas de áreas para atuação do economista:

- Mercado financeiro
- Consultoria e Assessoria
- Orientação em Comércio Exterior
- Estudos Mercadológicos
- Magistério
- Perícia
- Arbitragem
- Setor Público
- Viabilidade econômica de novas empresas