Estudantes de Geografia vão apresentar trabalhos em evento no Peru

Lenilda Luna - jornalista

De 8 a 12 de abril vai acontecer em Lima, no Peru, o Encontro de Geógrafos da América Latina, organizado pela Associação de Geógrafos do Peru e pela União Geográfica Internacional. Este ano, quatro alunos de Geografia da Universidade Federal de Alagoas tiveram os trabalhos aprovados para apresentação no Encontro. Eles estão entusiasmados com a possibilidade de apresentar a produção acadêmica da Ufal para um público de especialistas e estudantes de toda a América Latina.

"A aprovação e a apresentação do trabalho em um evento de tal dimensão representa, em primeiro lugar, reconhecimento e valorização do nosso empenho enquanto estudantes e pesquisadores, não sendo menos importante a oportunidade de divulgar a produção acadêmica alagoana, destacando o nosso Estado para além do cenário nacional", relatou Illana Silva Rocha, uma das estudantes com trabalho aprovado.

O evento acontece há cada dois anos, desde 1987, e tem contribuído para fomentar o debate internacional em torno das questões mais relevantes para os estudiosos sobre as mudanças culturais e territoriais das últimas décadas. O objetivo é promover relações interdisciplinares entre geógrafos americanos, com a formação de redes de conhecimento virtuais, para compartilhar informações e até propor pesquisas conjuntas, com a cooperação de várias instituições.

São essas oportunidades de contatos com estudantes e pesquisadores de vários países que anima a aluna Sara Alcântara Peixoto. "São muitas as expectativas, elas estão relacionadas ao conhecimento que obteremos no EGAL-2013, um encontro muito importante para a geografia, e a possibilidade de enriquecimento cultural, já que é um evento que contará com a presença de pesquisadores de outros países", destacou a estudante.

Janderson de Barros Nunes também está muito feliz com a perspectiva de participar do Encontro. Ele quer aproveitar para conhecer outras culturas e observar ao máximo a rica paisagem do Peru. Além disso, o estudante defende o fim da dicotomia entre licenciatura e bacharelado. Para ele, também os docentes devem produzir pesquisa. "A pesquisa está intimamente relacionada com a realidade docente, pois uma escola por si só pode ser objeto de diversos estudos em diversas áreas do conhecimento, inclusive da Geografia. Além disso, queremos mostrar que a produção científica na área do ensino de Geografia vem contribuindo para a aproximação entre ensino e pesquisa", defende o estudante.

Outro aluno que também pretende aprender muito no Encontro de Geógrafos é João Paulo Honorato da Silva Nicandio. O estudante está entusiasmado com os temas que serão abordados no evento, como as perspectivas de ensino-aprendizagem na geografia na América Latina, as questões ambientais e a gestão de riscos, o planejamento do uso do solo para o desenvolvimento sustentável, entre outras questões relevantes e bem atuais. "Será uma experiência inovadora em todos os sentidos, pois nunca imaginei que poderia ter a oportunidade de sair do Brasil e representar a Ufal em outro país, ainda mais falando do meu bairro. Estou muito entusiasmado e pretendo aproveitar e absorver ao máximo o conhecimento de uma nova cultura", comemorou o estudante.

Trabalhos selecionados

O trabalho a que João Honorato se refere tem como título “O bairro Jacintinho como conteúdo didático”, produzido por ele, em parceria com Janderson de Barros Nunes, sob orientação da professora Gilcileide Rodrigues da Silva. Foi elaborado durante as atividades desenvolvidas na monitoria voluntária do componente curricular Estágio Supervisionado I. Trata-se de um estudo do bairro Jacintinho, para transformar em conteúdos didáticos a serem desenvolvidos em turmas de 3º ano escolar. A abordagem engloba aspectos como ocupação sócio espacial do bairro, transformação do meio ambiente, processos degradadores e aspectos socioeconômicos dos moradores.

Os professores que orientaram os trabalhos dos alunos que foram aprovados para o encontro latino-americano também estão com uma expectativa positiva em relação ao aprendizado que esta experiência vai significar. "A possibilidade de mostrar em nível internacional os trabalhos que estão sendo desenvolvidos confirma para os docentes e discentes a relevância dos assuntos estudados aqui na Ufal. A aprovação dos trabalhos também traz uma confirmação de que o curso vem desempenhado seu papel na contribuição da educação de seus alunos e para a ampliação de seus conhecimentos e do aprimoramento de uma visão crítica do meio em que estão atuando, além de estimular novos alunos à prática da pesquisa", ressaltou a professora Jaqueline Praxedes de Almeida.

O outro trabalho aprovado é “Uma reflexão acerca do ensino de geografia e da inclusão de alunos surdos em classes regulares” e foi produzido pelas alunas Illana Silva Rocha e Sara Alcântara Peixoto, com a orientação da professora Jacqueline Praxedes de Almeida. O estudo é fruto das atividades desenvolvidas no Estágio Supervisionado II do curso de Geografia Licenciatura. "O artigo trata do uso de Jogos Pedagógicos como recurso de ensino capaz de contribuir no processo de inclusão dos alunos surdos, além de servir como instrumento motivacional e de aprendizagem para as aulas de Geografia", explicou a professora Jacqueline.

A participação em encontros nacionais e internacionais é estimulada pelos professores, para cumprir um dos principais objetivos da universidade, que além do ensino e extensão, deve garantir a base para a formação de pesquisadores. "O aprimoramento da educação dos alunos, por meio do ingresso no mundo da pesquisa, ajuda a prepará-los para se tornarem produtores de novos conhecimentos. A aprovação dos trabalhos também os encorajou a se engajar ainda mais nas pesquisas que estão sendo desenvolvidas, renovando neles a vontade de estudar e ampliar os conhecimentos. Como são alunos do curso de Geografia Licenciatura, essa conquista também os instrumentaliza para contribuírem com a Educação no Estado de Alagoas, pois os temas estudados são relevantes para o ensino da Geografia, principalmente no que concerne aos aspectos ligados à Educação Inclusiva", destacou Jacqueline Praxedes.

Em busca de apoio

Mas, apesar de todo o entusiasmo de alunos e professores, a professora Gilcileide Rodrigues da Silva alerta que ainda é preciso garantir os recursos necessários para a ida dos alunos até o Peru. "Na verdade, os trabalhos foram aprovados para o evento. Mas, até o presente momento não temos assegurado a ida dos alunos, pois dependemos dos incentivos com ajuda de passagens e hospedagens. Nesse sentido, professoras e alunos estão empenhados em solicitar aos órgãos competentes a ajuda para os alunos e diárias e passagens para as professoras", declarou.

Gilcileide espera que as dificuldades financeiras não sejam empecilhos para a participação em uma atividade internacional que deve render bons frutos para a produção acadêmica local. "É o momento oportuno para professores e alunos trocarem experiências e conhecerem trabalhos de outros países da América Latina. Uma rica oportunidade de vivenciar, como o próprio evento traça em sua finalidade, o intercâmbio de conhecimento, além de ser um aporte de alto nível teórico e metodológico nas diversas temáticas da Geografia, necessárias para compreender a dinâmica dos processos políticos considerando espaço e tempo através da Geografia e o uso da geoestratégia para a projeção espacial geopolítica em escalas diferentes seja países, blocos econômicos e regionais na América Latina", ressaltou.

Mais informações sobre o encontro no link http://www.egal2013.pe