Mestrando desenvolve quadrinhos para o ensino da Física
HQ faz parte do produto didático produzido pelo professor Rodrigo Medeiros para o mestrado de Ensino em Ciências e Matemática
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Jhonathan Pino - jornalista
Professor do ensino médio desde 1999, Rodrigo Medeiros sempre encontrou dificuldade em despertar o interesse dos alunos para a Física. A indisposição dos alunos para leitura de textos longos e o teor abstrato da disciplina, em seus métodos tradicionais de ensino, colaboravam para a má aprendizagem e o baixo rendimento de parte dos estudantes. Em busca de uma saída para essa realidade, Rodrigo criou personagens, roteiro e confeccionou um HQ como forma de ganhar a atenção de seu público.
O HQ “Prof. Robisten e uma aula de Física Moderna” é o primeiro trabalho criado nesse gênero por Rodrigo. A publicação possui fórmulas, o modo de fazê-las e traz explicações lúdicas sobre a disciplina. Ela foi produzida para que pudesse ministrar suas aulas em sala de aula, mas também como produto final da pesquisa para o Mestrado Profissional de Ensino em Ciências e Matemática.
Conforme Rodrigo, nestes quadrinhos foi abordada a Relatividade Restrita, tema que na maior parte das vezes é deixado fora do conteúdo programático das escolas. “Isso é um protótipo para um projeto. O tema [relatividade] praticamente não é visto na escola, que é a ciência desenvolvida a partir do Século 19”, justificou o autor.
No desenvolvimento da pesquisa ficou constatado que outros autores já vinham utilizando o método de forma positiva. “As HQs são facilmente absorvidas pelas crianças e adolescentes, dificilmente um jovem não se sentiria curioso por uma história em quadrinhos, logo esse recurso pedagógico seria o ponto de identificação, o canal de ligação entre o que o professor quer ensinar e os que vão aprender”, defendeu.
Aplicação em sala de aula
Para testar a eficiência dos quadrinhos, Rodrigo utilizou o material em três turmas do ensino médio. Ele inicialmente pediu para que os alunos lessem a HQ e a utilizou por três aulas seguidas. “O resultado foi bem interessante. Fizemos um questionário para avaliar o contato destes alunos com a Física e outro, após a leitura do material, no qual perguntamos se os quadrinhos chamavam a atenção deles e a qualidade da aula desenvolvida a partir dos quadrinhos”, detalhou.
Os alunos responderam positivamente ao novo método de ensino, demonstrando interesse no método. “Dificilmente algum aluno pega um livro de Física para ler. Mas com os quadrinhos, se ele começa, não para mais, fica curioso com o andamento da história”, disse o professor.
Após essas atividades, Rodrigo propôs aos alunos que fizessem seus próprios quadrinhos e todos aderiram à ideia de forma voluntária. “Analisando as HQs produzidas, notamos que mais de 80% dos estudantes criaram suas histórias, a partir de uma revisão dos assuntos já abordados na disciplina. A participação dos alunos durante as apresentações foi bem efetiva, pois eles interagiam entre si, perguntando ou fazendo colocações, muitas vezes pertinentes, sobre os quadrinhos apresentados”, compartilhou.
O trabalho, orientado pelo professor Kleber Serra, do Instituto de Física (IF), será apresentado no próximo dia 27 de março.