Laboratório de Nutrição é centro de apoio à pesquisa nacional
Parceria entre Hospital do Coração, Ministério da Saúde e 40 centros de apoio é responsável por teste de dieta brasileira de combate a doenças cardiovasculares
- Atualizado em
Myllena Diniz - estudante de Jornalismo
A ideia surgiu no Hospital do Coração (HCOR), em São Paulo, mas promete benefícios para indivíduos com problemas cardiovasculares de todas as regiões brasileiras. Inspirada nas cores da bandeira do Brasil, a Dieta Cardioprotetora Brasil (Dica Brasil) é simples, barata, respeita diferentes culturas e divide os alimentos em três categorias: verde, amarelo e azul. Em parceria com o Ministério da Saúde, a equipe responsável pelo projeto desenvolve programa nacional e conta com 40 centros de apoio espalhados pelo País, dos quais dois estão situados na capital alagoana. Um na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e outro no Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac).
Na Ufal, o trabalho será desenvolvido pela equipe do Laboratório de Nutrição e Cardiologia da instituição, coordenado pela professora Sandra Vasconcelos. Nos dias 4 e 5 de março, representantes do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCOR, Maria Beatriz Ross e Ângela Cristine Bersch, estiveram na universidade para treinar os dois grupos alagoanos, bem como apresentar a proposta e a metodologia da pesquisa aos profissionais e estudantes de Alagoas que estarão envolvidos no projeto.
Segundo Sandra Vasconcelos, a Dica Brasil será testada em cem pacientes do Hospital do Açúcar, por meio de acompanhamento de profissionais qualificados para as atividades. "No projeto, irão atuar residentes e estudantes do mestrado e da graduação em Nutrição. O grupo da Ufal conta com 28 pessoas e está encarregado de orientar pacientes em tratamento no Serviço de Cardiologia do Hospital do Açúcar", destacou.
O objetivo é lançar uma dieta com alimentos de baixo custo e que estão presentes na rotina dos brasileiros, com o intuito de garantir a prevenção a doenças cardiovasculares em pessoas que já tiveram infarto, derrame ou outras complicações semelhantes. O projeto, chefiado por Bernadete Weber, pretende atender as pessoas que correm maior risco de sofrer doenças que comprometam o coração, seja devido à hipertensão ou ao colesterol alto.
A pesquisa prevê a divisão dos analisados em duas categorias: grupo controle e grupo de intervenção. O primeiro seguirá a dieta convencional, prescrita por diferentes profissionais da área da Saúde; o segundo, a dieta cardioprotetora, prescrita apenas pelos nutricionistas que participam do projeto. Todos os pacientes terão acompanhamento durante um ano, por meio de exames, consultas e avaliações.
O diferencial
De acordo com Sandra Vasconcelos, o que diferencia a Dica Brasil das demais dietas é sua originalidade. "A dieta cardioprotetora reúne alimentos e princípios nutritivos que previnem doenças cardiovasculares, e restringe alimentos nocivos ao coração, por meio de um estudo brasileiro. Ela é absolutamente brasileira e aproveita essa característica para utilizar a simbologia das cores da bandeira nacional", explicou.
Ângela Bersch, do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCOR, ressaltou que o projeto também valoriza as refeições típicas de cada estado brasileiro. "A grande vantagem da Dica Brasil é o fato de ser baseada em alimentos brasileiros e de fácil acesso. Então, ela respeita a cultura de cada região e é bem mais prática para os pacientes", avaliou.
Estudo em andamento
Os especialistas optaram por não divulgar as informações sobre a classificação dos alimentos por cores. Segundo Ângela Bersch, ainda é cedo para tornar públicos os dados. "Nossa pesquisa ainda está em andamento e isso nos impossibilita a divulgação da tabela de cores e alimentos. Precisamos testar a dieta nos pacientes, compará-la a outras e verificar sua eficiência. Quando divulgamos tais informações antes dos resultados, a população resolve seguir a recomendação sem acompanhamento de especialistas", enfatizou.
O projeto faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi) e promete auxílios significativos ao tratamento de pacientes que já tiveram problemas cardiovasculares. "Nós já sabemos que a dieta padrão é eficaz. Agora, queremos verificar se a dieta cardioprotetora diminui óbitos por doenças cardiovasculares ou outras semelhantes. Para isso, investigaremos pessoas com mais de 45 anos e que já tiveram algum evento cardiovascular, como infarto", salientou Maria Beatriz Ross.
Estrutura para monitoramento
Em Maceió, as pesquisas devem começar este mês de março. As atividades têm duração de um ano e, durante todo o processo, a equipe alagoana será orientada por meio de sistema de informação de dados. O gerenciamento também será feito presencialmente, com visitas técnicas da equipe central do projeto, lotada em São Paulo.