Artesãos expõem produtos em Congresso
Cooperativas de trabalhadores manuais contam com apoio de incubadora
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
“Pra onde nós vamos, o tear nos acompanha”, destacou Lindinalva Oliveira, conhecida como Dona Lindi. Ela faz parte da Cooperativa dos Artesãos da Barra Nova (Cooperartban), uma das associações beneficiadas pelo Unitrabalho, rede nacional de universidades que apoia trabalhadores na luta por melhores condições de vida e trabalho.
O Unitrabalho está com estande fixo no 1º Alagoas Caiite. O espaço reúne cooperativas beneficiadas pela parceria da entidade com a Universidade Federal de Alagoas, como Fibrarte, Doido pra Trabalhar, Cooperartban e assentamentos rurais. Em Alagoas, a rede é coordenada por César Nonato e engloba atividades voltadas para o trabalho manual, como produção de artigos de filé, materiais com fibra de bananeira e doces caseiros.
Os projetos estão articulados a programas de Educação e Trabalho, Relações de Trabalho e Emprego, e Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável. A variedade de cores e tons logo chama a atenção de quem passa em frente ao estande, completamente preenchido com peças de acabamento impecáveis e feitas à mão.
De acordo com a técnica do Unitrabalho, Adriana Claudino, o intuito do projeto é formar mão de obra qualificada e fortalecer a Economia Solidária em Alagoas. “Nós damos suporte a diversas cooperativas, de artesãos que confeccionam materiais de fibra de bananeira a pessoas com problemas de saúde mental. Também auxiliamos os assentamentos Javari, Itabaiana e Junco, que produzem farinha d’água [feita com goma de mandioca, queijo e manteiga de garrafa] e beiju. Nosso trabalho é de extensão e leva o conhecimento da Ufal para atividades que geram emprego e renda”, enfatizou.
Destaque internacional
Há 9 anos, a Cooperartban confecciona sandálias, pesos de portas, acessórios, roupas e outros produtos feitos com filé, tricô e croché. Desde o início, a associação teve apoio do Unitrabalho. Hoje, mais de 30 mulheres participam do projeto. Segundo Dona Lindi, algumas delas conseguem sustentar suas famílias com o trabalho artesanal. “A maioria encontra no artesanato uma alternativa para complementar a renda, mas muita gente consegue transformá-lo na principal fonte de renda familiar“, revelou.
A associação da Barra Nova já conquistou espaço no cenário internacional. Depois de exportar produtos para a Alemanha, o grupo envia representante para a exposição Mulher Artesã Brasileira, a ser realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, em setembro deste ano. A presidente da cooperativa alagoana, Wendy Barros, embarca com mais 14 artesãs, de 12 estados brasileiros.
Para Dona Lindi, o resultado é fruto de esforços e de apoio permanente. “O Unitrabalho nos deu todo o suporte necessário, desde que criamos a Cooperartban. Nosso sucesso é reflexo do trabalho desenvolvido pela incubadora, que nos apoiou com trabalho de formação continuada”, destacou.
Reciclagem
Outra associação beneficiada com o projeto é a Fibrarte, composta por 10 trabalhadores do Vale do Paraíba, situado no município de Atalaia, interior de Alagoas. O grupo recicla troncos de bananeiras e dá forma a embalagens, colares, brincos, bolsas e carteiras – ricos em detalhes e originalidade. De acordo com a líder, Girlene Lopes, a cooperativa investe na parceria com a incubadora.
“Com o Unitrabalho, percebemos que funcionamos como Economia Solidária. Hoje, nós sabemos fazer prestação de contas e compreendemos que a transparência é importante para o alcance de bons resultados”, salientou Girlene.
Exposição
O público do congresso também pode conferir exposição fotográfica que retrata a vida dos catadores de lixo, no estande do Unitrabalho. Em 2012, as fotos também foram expostas na Biblioteca Central do Campus A. C. Simões.