Artistas convidados contagiaram o público do Femufal
Chau do Pife e Chico César subiram ao palco e contagiaram a plateia com músicas que foram do frevo ao romântico
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Renata Menezes – estudante de Jornalismo
A noite de encerramento do Femufal foi de fortes emoções para o público. Além da expectativa para conhecer os vencedores da mostra competitiva, o público teve a oportunidade de assistir às apresentações do alagoano Chau do Pife e do paraibano Chico César, artistas convidados que contagiaram os participantes.
No início do evento, a plateia tomou os corredores do Teatro Gustavo Leite para dançar ao som das músicas regionais de Chau do Pife. Para o músico, ver a alegria do público é seu maior motivo para continuar tocando. “O melhor show que fiz na minha vida foi no meio de uma rua de Campo Alegre, para uma senhora que estava sofrendo e pediu para me ouvir tocando. Minha alegria é fazer uma pessoa feliz”, recordou o artista, emocionado.
A carreira do músico alagoano começou ainda na infância, aos 10 anos, quando aprendeu a tocar pífano com seu pai. “Quando eu completei 12 anos já tinha entrado no mundo, hoje eu tenho 54 e continuo”, contou. Além do show tradicional, Chau do Pife também realiza a apresentação “Pífano no Jazz”, que transforma as composições nordestinas para adequá-la ao ritmo do jazz, acompanhado dos músicos Tony Aragão, Van Silva e Jarlandson Araújo.
Sucessos de Chico
Com sete álbuns gravados e uma carreira consagrada, o cantor Chico César foi a última atração da noite de encerramento do Femufal. No repertório do show, Chico incluiu grandes sucessos seus, como “Pensar em Você” e “Templo”, e interpretou composições de outros artistas na forma de intertextos, fazendo a plateia vibrar com sua forma inovadora de apresentar o show.
Nascido em Catolé do Rocha, sertão da Paraíba, Chico César reflete as raízes populares em muitas de suas canções, que tratam sutilmente de temas como a realidade do povo sertanejo e de trabalhadores braçais. O cantor fala sobre a importância de trazer essa realidade para a academia, explicando que também é necessário conhecer a população que trabalha na roça. “A gente não pode pensar o trabalho intelectual separado do trabalho manual. Meu trabalho não faz isso, ele chama as pessoas para sentir o que é cortar cana de verdade; a gente precisa resgatar o trabalho braçal como uma coisa digna, ter uma ligação direta com essa atividade”, explicou.
Desde 2010, Chico César está à frente da Secretaria da Cultura do Estado da Paraíba, onde implantou uma política pública que visa a valorizar e a reconhecer os artistas tradicionais locais, chegando a recusar verba para contratar bandas de forró elétrico, atração habitual em eventos anteriores à sua gestão. Este ano, Chico liberou R$ 3 milhões para contemplar 146 projetos de diversas expressões no edital do Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos. Sobre a situação das políticas culturais em outros estados do Nordeste, o secretário comentou a necessidade de intensificar a prática dos editais. “Nós temos uma pujança imensa de produção cultural, agora precisamos introduzir a República no Nordeste, as pessoas precisam aprender a elaborar suas propostas para concorrer e para serem avaliadas”, explicou.
O cantor paraibano ainda falou sobre o papel dos festivais de música universitários, eventos democráticos que servem como meio de divulgação das produções dos estudantes. Para ele, eventos como esse são importantes para dar início à carreira, mas os artistas não podem se limitar apenas a isso.