Atividades do último dia do congresso acadêmico estimularam reflexões

Mesas sobre ações afirmativas e violência em Alagoas estavam entre os temas em debate


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Clara Suassuna, Clébio Araújo, Nanci Helena e Jusciney Santana fizeram parte da mesa sobre ações afirmativas
Clara Suassuna, Clébio Araújo, Nanci Helena e Jusciney Santana fizeram parte da mesa sobre ações afirmativas

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo 
Manuella Soares - jornalista

O último dia do 1º Alagoas Caiite prosseguiu com atividades e auditórios lotados. A mesa-redonda sobre As ações afirmativas na Escola e na Universidade: reflexões a partir da realidade alagoana reuniu os professores Nanci Helena Rebouças, Clara Suassuna, Clébio Araújo e Jusciney Santana. O debate teve como foco a inserção do estudante negro nas escolas e nas universidades alagoanas.

Segundo Clébio Araújo, o engajamento em projetos de ações afirmativas também é um posicionamento político. “Embora a universidade seja pública e gratuita, se manter nela é muito caro. Antes, não havia dentro da instituição um programa que mantivesse um estudante sem condições financeiras dentro dela. Quem opta por trabalhar essas questões na academia também assume um posicionamento político e carrega a sua própria trajetória nesse contexto”, ressaltou.

As reflexões sobre tais ações já sofreram diversas transformações ao longo dos anos. De acordo com Clébio, elas acompanharam os períodos históricos do Brasil. “O discurso sobre ações afirmativas é datado. Vem no bojo das transformações do movimento negro no País, da reabertura, da redemocratização. Nesse cenário, há uma rediscussão sobre o movimento negro. O que vimos foi uma mudança nas pautas, de modo que começaram a surgir denúncias contra o racismo, ao invés do olhar para prejuízos e reparações desse fenômeno”, salientou.

O docente ainda apontou para a nova configuração da legislação brasileira, com o reconhecimento de quilombos e a implantação de leis que garantem o acesso do negro às escolas. Ainda assim, são necessárias modificações no perfil das instituições de ensino do País, que, segundo Clébio Araújo, ainda possuem caráter racista.

“Surge uma nova discussão sobre a escola, como agente ideológico. Ações afirmativas são discutidas porque constatam que o racismo não só cria prejuízos psicológicos como permite a reprodução e o aumento das desigualdades socioeconômicas”, alertou o pesquisador.

Violência em Alagoas foi tema de debate no Caiite 

Durante dois dias, o tema violência foi o assunto principal de um seminário realizado no Centro de Convenções de Maceió, como parte da programação do 1º Alagoas Caiite. Organizado pelo Núcleo de Estudos sobre a Violência de Alagoas (Nevial) da Ufal, os debates reuniram estudantes, professores e profissionais interessados na área.

Além dos professores que compõem o Nevial, contribuíram ainda com as discussões, os professores convidados Ludmila Ribeiro, da Universidade Federal de Minas Gerais, que falou sobre os efeitos da violência na esfera social; Afonso Lisboa, da Escola de Psicoterapia Fenomenológica Existencial, que destacou a perspectiva sociocultural da violência; e Dorian Melo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que compartilhou dados sobre a morte violenta de Alagoas.

“Os índice de homicídios contra adolescentes tem estado, nos últimos anos, sempre no topo da lista entre as capitais do Brasil. Esse é um problema sério e é importante discutir, porque a gente está falando de vidas!”, relatou o professor Dorian.

Sempre com participações ativas e debates bem fundamentados, a 2ª Semana de Estudos sobre a Violência promoveu, também, mesas redondas com os professores Anderson Menezes, Elaine Pimental e Ruth Vasconcelos, coordenadora do Programa Ufal em Defesa da Vida, e com a psicóloga Jacqueline Nobre Leão.

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