Desenvolvimento do Nordeste e violência das cidades são contextualizados no Caiite
Fábio Guedes apontou como o crescimento econômico na região foi incapaz de absorver população rural
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Jhonathan Pino - jornalista
No último evento da Semana de Economia, na sexta-feira, 26, “A Nova Dinâmica Nordestina: avanços, retrocessos e relações de poder” foi o tema da conferência ministrada pelo professor Fábio Guedes, no 1º Alagoas Caiite. Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), ele apontou o panorama sócio geográfico dos últimos 10 anos de uma região que apresenta 22 milhões de habitantes vivendo em territórios semiáridos.
Conforme dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Nordeste apresenta 61,9% de área localizada no semiárido e Alagoas seria o estado da região proporcionalmente menos afetado pela seca, mas isso não o impediu de estar na ponta de baixo quanto aos níveis de desenvolvimento entre as nove federações.
“Nos últimos 10 anos o Nordeste vem crescendo mais que o resto do Brasil e os principais motivos para isso são o aumento da demanda por consumo, a elevação do nível de renda e o crescimento de investimento no Nordeste, principalmente por parte do Governo Federal, mas Alagoas não acompanhou o nível de crescimento da região”.
Fábio relatou que especificamente em Alagoas todo esse contexto favorável não foi estimulado por decisões da gestão estadual e sim por políticas do Governo Federal, como a Bolsa Família, o aumento substancial do salário mínimo nos últimos 10 anos, o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento.
Êxodo rural e ascensão da violência
As atividades agrícolas se expandiram em direção ao oeste, meio-norte e região sul do Nordeste, provocando uma interiorização da produção agrícola e o crescimento das cidades de médio porte. “Se antes as ilhas de prosperidade estavam concentradas no litoral, agora estão no meio-norte, e os meios de produção estão nas mãos de grupos internacionais, com foco na exportação de alimentos”, esclarece Fábio.
O estado alagoano seguiu a tendência dos outros estados nordestinos quanto ao êxodo da população rural para as cidades de porte médio e localizadas na área litorânea. Em consequência houve a precarização da agricultura local e as cidades se viram incapazes de absorver o excedente populacional, deixando os imigrantes sem empregos e sem o acesso aos serviços públicos essenciais.
Esse êxodo rural ainda seria a causa da queda do número de empregos na agropecuária e do baixo crescimento da indústria, tornando o setor de Serviços e Comércio o único campo de trabalho dessa massa, levando-a a criminalidade. “No Nordeste a violência tem outras razões além das drogas: a expulsão do homem do campo é o principal deles”, finaliza o palestrante.