Tradução linguística é discutida no primeiro dia do 1º Alagoas Caiite

Minicurso levantou questões sobre atividades de tradução entre duas línguas


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Paulo Leôncio destacou a necessidade do contexto social para uma tradução linguística qualificada

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo 

Gone with the Wind é um dos grandes clássicos do cinema mundial. Traduzido ao “pé da letra” para o português, o título carrega a expressão “Ido com o Vento”. A tradução do inglês para nossa língua materna nem sempre se ajusta à sonoridade mais adequada ou aos contextos social, histórico e cultural brasileiros. Com as devidas adaptações, a produção ficou conhecida, no Brasil, como “E o vento levou”. 

Nesta segunda-feira, 22, a tradução foi um dos assuntos discutidos no 1º Alagoas Caiite. O professor Paulo Leôncio da Silva, da Faculdade de Letras (Fale), iniciou as atividades da sala Edmilson Pontes com o minicurso Modelo Linguístico-aplicado Probabilístico de Habilidades Treinadas Convergentes Pré, Trans e Pós-tradução Especializada: equivalência textual e correspondência verbal. 

O docente ministrou aula com base em experiências de monitorização do processo tradutório no contexto ocidental da ciência e da comunicação humana. De acordo com Paulo Leôncio, a tradutologia é dialética, se transforma com o tempo. “A língua é tão dinâmica que se transforma. O verbo ‘pego’, por exemplo, não era considerado correto, mas veio do povo. Quando o povo populariza determinados usos, eles se integram à gramática. Nós não somos só estrutura, somos seres psicológicos, sociais, históricos e culturais”, salientou. 

O plano proposto pelo professor é fruto da tese de doutorado Modelo Linguístico-aplicado e semiótico probabilístico e mediador para a gestação e emergência da tradução interlingual de textos pragmáticos escritos multimodais: ciências e formas indissociadas em {geno-} e {feno-} textos. No trabalho, o pesquisador aponta para a importância da aplicação da realidade de um povo à tradução de textos científicos. 

“Não posso considerar só o modelo estrutural, porque esqueceria aspectos humanos. Eu tive que propor um modelo que defende a pluralidade de possibilidade do homem, que não é meramente estrutural. Ou seja, a tradução precisa envolver o universo do homem, a ética, a cultura do povo. É preciso ter domínio sobre o contexto cultural, moral e social de uma região”, alertou Paulo Leôncio. 

Em minicurso dinâmico, o professor mostrou que é possível elaborar instrumento de aplicação teórica que envolve o processo de ensino-aprendizagem. Segundo ele, a referência à gestação e à emergência, no título do trabalho, é fácil de explicar: “Tradução é gestação, requer maturação, passa por etapas, assim como o feto. Ela é gerida intelectualmente, não biologicamente. A emergência, por sua vez, é o ‘surgir’ no mundo externo”, explicou Paulo Leôncio. 

O trabalho esteve voltado apenas para textos científicos escritos, que utilizam diferentes recursos, como gráficos, textos, fotos e mapas. Além do modelo, a pesquisa engloba também protocolo com todos os procedimentos necessários à tradução de uma língua para outra, considerando os contrastes existentes entre elas.