Encontro regional de Arquivistas vai debater formação dos profissionais e criação de novos cursos

Lenilda Luna - jornalista

O Encontro Regional de Arquivistas das Instituições Federais de Ensino Superior (Arquifes), que será realizado de 5 a 7 de junho, no hotel Maceió Atlantic Suítes, terá vários temas importantes em debate. Entre eles, o fortalecimento da profissão, que ainda é pouco conhecida, apesar de ser regulamentada por lei federal desde 1978. "Contamos com a Lei Federal nº 6.546, que determina que são arquivistas os portadores de diploma de graduação em Arquivologia. Os que tem formação em nível de ensino médio só podem ser habilitados como Técnicos de Arquivo", esclarece Débora Flores, coordenadora da Executiva Nacional das Associações de Arquivologia e presidente da Associação dos Arquivistas do Rio Grande do Sul.

A questão merece um debate aprofundado, porque o mercado para os profissionais está crescendo, mas a oferta de vagas na graduação não é suficiente. "Apenas 16 universidades brasileiras oferecem o curso de graduação em Arquivologia. Nas regiões Norte e Nordeste temos UFBA, UEPB, UFPB, UFAM e UFPA. Apesar de muitas universidades não oferecerem o curso de Arquivologia, isso não significa que basta fazer uma especialização Latu Sensu em Arquivologia para ser um arquivista", esclarece Renato Motta Rodrigues da Silva, Arquivista da Universidade Federal Rural de Pernambuco e representante do Nordeste do Comitê Nacional de Arquivistas das Instituições Federais de Ensino Superior.

Segundo o organizadores do II Arquifes, a tendência é que a oferta de vagas em Arquivologia se amplie com a criação de novos cursos de graduação. "A Ufal, pro exemplo, contava apenas com o esforço da Maristher Moura, mas agora, tem três arquivistas: além da Maristher, tem o Anderson Santana de Souza, formado em arquivologia pela UFBA, que atua na Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e do Trabalho,  e a Laila Leandro Vieira da Silva, formada em Arquivologia pela UEPB, que está lotada no Arquivo Institucional do Campus Sertão.  Vale ressaltar que em Delmiro Gouveia o trabalho arquivístico foi iniciado pelo Alisson Lima,  primeiro arquivista contratado por concurso público pela Ufal,  mas ele pediu transferência para a UFPB, já que é daquele Estado", relata Renato Motta.

Na Universidade Federal de Alagoas, ainda não existe o curso de graduação em Arquivologia, mas os profissionais de área estão se mobilizando para isso. Atualmente, bolsistas de História e Biblioteconomia colaboram com a organização do Arquivo Central, mas, mesmo fazendo a especialização ou uma disciplina de arquivologia nos cursos de origem, esses estudantes não podem ser habilitados como arquivistas. "Aqui em Alagoas, a Delegacia Regional do Trabalho tem aceitado registrar esses estudantes como Técnicos em Arquivo, em função da carência muito grande de mão de obra na área. Essa é uma realidade em Maceió e não temos ainda um Conselho para regulamentar essas praticas", questiona Anderson Santana, arquivista da Ufal.

Segundo Renato, a Ufal caminha para aprimorar a gestão documental e vai precisar de profissionais habilitados na área. "O Encontro Regional realizado em Alagoas será uma grande vitrine para no futuro consolidar o curso de Bacharelado em Arquivologia", defende o arquivista. "Estamos na torcida pela criação do curso de Arquivologia na Ufal, que será de grande importância para a área no Estado de Alagoas", complementa Débora Flores. "Como a demanda de profissionais nessa área está crescendo, inclusive com cargos sendo oferecidos para a seleção em concursos públicos, acreditamos que o interesse dos estudantes vai fortalecer a proposta de criação do curso da Arquivologia na Ufal, inclusive, deve ser incluído na Carta de Alagoas o indicativo de criação do curso", conclui Maristher Moura, diretora do Arquivo Central da Ufal e integrante do comitê organizador do II Arquifes.

Veja aqui quais são as universidades que oferecem o curso de Arquivologia no Brasil 

Consulte aqui a lei que regulamenta a profissão de Arquivista