Hospital Universitário oferece atendimento para crianças obesas e com sobrepeso

Serviço ambulatorial é mantido por nutricionistas e residentes em Nutrição da Faculdade de Nutrição


- Atualizado em
A nutricionista Mônica Lopes pesa Ana Beatriz
A nutricionista Mônica Lopes pesa Ana Beatriz

Lenilda Luna - Jornalista 

Residente em Nutrição do Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas, Tahina Pessôa conversa pacientemente com um pré-adolescente de 12 anos que prefere não se identificar. O menino, que pela altura e idade deveria pesar em torno de 48 kg, está com 128 kg. O peso em excesso provoca problemas de saúde e cansaço. Ele tem dificuldades para andar, fica com muito sono, inclusive durante as aulas,  e tem dificuldades respiratórias. Mas, o que ele mais sente é a perseguição dos colegas, o conhecido "bullying", que o menino sofre praticamente todos os dias. "Riem de mim, colocam apelidos e não me chamam para brincar ou jogar", lamenta o menino. 

Situações como a do pré-adolescente infelizmente estão se tornando comuns. Segundo pesquisa publicada pela Faculdade de Nutrição, em 2010, o Brasil passa por um processo de transição nutricional, com redução no quadro de desnutrição e aumento da frequência de obesidade. "O excesso de peso hoje está presente em qualquer contexto sócio-econômico. Mesmo as famílias de camadas populares têm acesso aos alimentos industrializados e escolhem os produtos mais calóricos. Atualmente, é comum encontramos famílias de baixa renda que consideram caro comprar verduras e frutas, mas têm refrigerantes na geladeira", ressalta Mônica Lopes, coordenadora do ambulatório para crianças obesas. 

O ambulatório foi aberto no Hospital Universitário há cerca de dois meses. "Antes fazíamos atendimentos eventuais para esses casos, mas agora organizamos uma equipe para estudar essas situações. Além de orientar as crianças com sobrepeso e obesidade para mudarem a dieta, queremos fazer um levantamento mais preciso de como está a prevalência desse problema em Maceió. Sabemos que a obesidade infantil acontece quase sempre associada à ausência de aleitamento materno nos primeiros 6 meses de vida e está relacionada também a outros casos de obesidade na família", explica Mônica. 

É o caso da menina Ana Beatriz, de 4 anos, que deveria pesar 15,9 Kg, de acordo com a altura dela, e está com 21,6 kg. A mãe e a tia da menina são obesas e a alimentação da família realçava a tendência de ganho de peso. "Conversando com a mãe, ficamos sabendo que Ana Beatriz nasceu prematura e foi alimentada com leite materno doado pelo Banco de Leite. Ela ganhou peso normalmente, mas quando cresceu um pouco mais, a  menina começou a tomar refrigerante já no lanche da manhã e comia mingau  muito adoçado. Começamos a propor alguns novos hábitos, como substituir refrigerante por sucos naturais e reduzir o consumo do açúcar", conta a nutricionista. 

O ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital Universitário atende às terças-feiras no período da tarde. Além da nutricionista Mônica Lopes, o serviço conta com a participação da nutricionista Juliana Célia e das residentes em Nutrição, Tahina Pessôa e Ana Luiza Góes. As consultas são quinzenais e o acompanhamento permanece até que a criança perca peso e a família toda passe por um processo de reeducação alimentar. A partir dos dados obtidos nos atendimentos, as nutricionistas pretendem ter um panorama do quadro de obesidade infantil, divulgando os primeiros resultados até o final do ano. 

Para marcação de consulta, o paciente pode telefonar para os contatos 96132447/88926460/81507326, das 8h às 12 horas. A consulta também pode ser marcada nas salas 3 e 5 do Pré-natal, às terças-feiras, das 13h30 às 17 horas.