Ufal em Defesa da Vida tem nova data para 12º Ato

Recolhendo depoimentos acerca da impunidade: um gesto político e solidário que marca o 12º ato do Programa Ufal em Defesa da Vida


- Atualizado em
Manuella Soares - jornalista

Quem tiver uma história de impunidade para contar, ou queira, simplesmente, opinar sobre o assunto, ganhou mais tempo para se integrar ao programa Ufal em Defesa da Vida, promovido por meio da Pró-reitoria Estudantil. A coordenadora, Ruth Vasconcelos, marcou uma nova data para o 12º Ato do programa, que este ano, vai contemplar os três campi da universidade.

Com o tema “A dor da impunidade: o que os números não revelam”, a programação será realizada entre os dias 9 e 12 de julho, em Maceió, Arapiraca e Delmiro Gouveia. “Queremos agregar mais pessoas, convidar toda a população para participar desse Ato, desde já, deixando seu depoimento no site da Ufal. O sentido maior dessa ação é provocar uma reflexão sobre o efeito desagregador da impunidade no tecido social. Sabemos que a maioria dos crimes em Alagoas não é elucidada; são muitas as pessoas vítimas da impunidade. Uma sociedade sem justiça torna-se fragilizada, e todos ficam vulneráveis, correndo graves riscos sociais e subjetivos. Instalando-se o caos, essa sociedade transforma-se num ambiente potencialmente explosivo”, ressaltou Ruth Vasconcelos.

Com o adiamento da data, a coordenação do programa vai intensificar as ações de divulgação para recolher depoimentos de familiares e amigos das vítimas da violência em Alagoas. “Vamos às escolas, às igrejas e às associações de moradores numa tentativa de estabelecermos parcerias no recolhimento desses depoimentos; assim, buscamos construir um laço coletivo em defesa da vida; isso passa necessariamente pelo fim da impunidade”, frisou a coordenadora.

Os números da impunidade

Segundo Vasconcelos, nos últimos cinco anos foram mais de 10 mil pessoas assassinadas em Alagoas e, apenas 8% do total de casos obteve uma resposta a justiça. Um exemplo próximo é o bosque criado no 11º Ato do Programa Ufal em Defesa da Vida, onde 90% das pessoas mortas, representadas pelas árvores plantadas, continuam com os crimes impunes.

“A luta contra a impunidade é uma luta em defesa ao estado democrático de direito. Onde estão os amigos e familiares das pessoas que foram assassinadas em nosso Estado, e que representam 92% dos casos que ainda esperam por justiça em Alagoas? Precisamos reunir essas pessoas para que elas se fortaleçam nessa luta e possam desindividualizar suas ações. Tenho a expectativa de que o 12º Ato poderá viabilizar a reunião das vítimas da impunidade no Estado e, quem sabe, essa reunião possa se  reverter na constituição de uma organização política das vítimas da violência contra a impunidade em Alagoas”, destacou Ruth Vasconcelos. “Se conseguirmos dar voz a essas pessoas que sofrem em função da impunidade, a Ufal já estará cumprindo um importante papel para a nossa sociedade”, concluiu.  

Como participar

Quem quiser se unir à causa e dividir uma história de impunidade, basta acessar o formulário disponível no portal da Ufal e no blog do programa. É só preencher os dados da vítima e deixar um depoimento sobre o que sente ao vivenciar essa realidade. A proposta do 12º Ato é reunir o máximo de depoimentos possíveis para encaminhar uma ação ao Ministério Público Estadual. “Vamos solicitar uma ajuda no sentido da identificação dos processos investigativos, esclarecendo porquê alguns casos ainda não foram investigados e porquê outros ainda não foram concluídos”, anunciou Ruth Vasconcelos.