Ufal participa de reunião na Assembleia Legislativa sobre violência

Dados mostram que região do entorno do campus, em Maceió, é a mais violenta da capital, o que acaba refletindo na segurança dentro da universidade


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Pró-reitor Valmir Pedrosa, um dos representantes da Ufal na reunião da Assembleia
Pró-reitor Valmir Pedrosa, um dos representantes da Ufal na reunião da Assembleia

Simoneide Araújo – jornalista

A área onde a Universidade Federal de Alagoas está inserida é a mais violenta da capital e essa situação de vulnerabilidade levou ao fechamento da Coordenadoria Regional de Assistência Social (Cras), no Conjunto Demisson Menezes, desde fevereiro deste ano. Para tentar encontrar uma solução para o problema que afeta cerca de 80 mil pessoas, incluindo a comunidade acadêmica da Ufal, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa promoveu uma reunião, na quarta-feira (8).

Do encontro participaram representantes da Comissão da ALE, os deputados Judson Cabral, presidente; Isnaldo Bulhões, vice-presidente; e Jeferson Morais; além da universidade, da Defensoria Pública, da Corregedoria Geral de Justiça, de órgãos do governo estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/AL e dos conjuntos Gama Lins, Denisson Menezes, Santa Helena, Lucila Toledo e Costa Dourada, que compõem o bairro Cidade Universitária, onde a Ufal está localizada.

O discurso de todos os que se pronunciaram foi comum em relação à situação de violência. Eles defendem a implantação de políticas públicas e que o Estado ocupe a área para evitar que o crime organizado dite as regras nas comunidades. Eles também defendem que só uma ação conjunta de todos os poderes, nos âmbitos do governo federal, estadual e municipal, nacional poderá reverter os altos índices de violência. “A falta de políticas públicas efetivas é a responsável pela entrada dos jovens nas drogas e no tráfico”, disseram.

A juíza auxliar da Corregedoria Geral de Justiça, Fátima Pirauá, cobrou ações efetivas do governo no que se refere a uma política pública de segurança. “De um lado está a comunidade, que se diz abandonada, e os profissionais do Cras que são impedidos de prestar assistência; do outro, os marginais que proíbem o acesso da população aos seus diretos”, afirmou, cobrando providências.

Como encaminhamentos, ficou definida uma reunião nesta quinta-feira, 9, na sede do Cras do Denisson Menezes. A proposta é discutir ações conjuntas das polícias, do governo estadual, da Prefeitura de Maceió, da Defensoria Pública e da Ufal para garantir a reabertura da coordenadoria, dando a segurança necessária para os profissionais e as comunidades atendidas no local.

Situação da Ufal

O pró-reitor de Gestão Institucional da Ufal, Valmir Pedrosa, falou das ações que a instituição vem desenvolvendo para minimizar a violência que também atinge o campus. ”Temos ações realizadas em parceria com a Prefeitura de Maceió, para melhorar a iluminação, e convênio com a Polícia Militar de Alagoas, que mantém viaturas na entrada do campus e fazendo rondas, principalmente, à noite”, detalhou.

Valmir também anunciou que a segurança interna é feita por uma empresa contratada, que disponibiliza homens e vigilância eletrônica. “Estamos concluindo o processo de licitação para renovação desse sistema, que será ampliado com mais homens e câmeras. No entanto, defendemos que só isso não é suficiente, porque a violência não está só na Ufal; é fundamental um trabalho integrado com os órgãos de segurança pública do Estado”, completou.

O superintendente de Infraestrutura da Ufal, Roberto Barbosa, explicou que a parceria com a Prefeitura está garantindo a poda de árvores, para deixar as áreas mais abertas e livres. “Também vamos campinar a parte dos fundos do campus que dá acesso ao Denisson Menezes. Isso por que a comunidade desse conjunto afirma ser mais seguro e mais fácil passar por dentro da Ufal do que ir pela via externa”, completou.

Ações de extensão

A universidade também desenvolve ações de extensão da região do entorno do campus, principalmente, o Conjunto Denisson Menezes, que foi construído com a atuação presente da Ufal. “São 11 anos de atuação, desde a antiga cidade de lona que ficava próxima ao Conjunto Eutáquio Gomes. Hoje, atendemos a cerca de 300 crianças e adolescentes dentro do Projeto Vizinhança, com aulas de natação, informática, capoeira, flauta doce e hip hop”, confirmou Maria Lúcia Santos, do Núcleo Temático de Assistência Social (Nutas) da Ufal.

Lucinha, como é conhecida, disse que a Ufal está fazendo o possível para contribuir com a melhoria de vida das comunidades. “Só do Denisson, há sete jovens cursando a universidade e são bolsistas do Nutas”, enfatizou.

O aluno de filosofia, Adriano Francisco, é morador do Denisson e é bolsista do Nutas. Ele cobrou a reabertura do Cras e disse que os projetos de extensão da Ufal na comunidade do entorno dão a possibilidade aos jovens terem acesso à universidade. “Hoje temos 19 jovens das comunidades do entorno (conjuntos Denisson Menezes, Lucila Toledo, Gama Lins e Santa Helena), aluno dos cursos de graduação e um no mestrado em Educação”, completou orgulhoso.

Florisnaldo Pereira, concluinte do curso de Serviço Social, cobrou mais segurança nas comunidades do entrono do campus e a reabertura do Cras. “Precisamos de mais segurança nas vias de acesso ao campus porque os alunos vão a pé para a Ufal porque não têm dinheiro para pagar ônibus”, desabafou.