Alunos de Nutrição promovem cuidado com cardiopatas

Jhonathan Pino - jornalista

Em abril, Ana Isabela Ferreira adotou o coração de Elza Mendes Pires. Desde aquele mês a estudante da Faculdade de Nutrição (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas vem fazendo avaliações nutricionais e estabelecendo a dieta de Elza, que é hipertensa e diabética. Apesar de todo o carinho de Ana pela avó de seu namorado, a iniciativa foi estimulada pela disciplina de Nutrição Clínica 1, na qual a professora Sandra Mary Vasconcelos atribui a seus alunos a missão de colocarem em prática o que aprenderam na Universidade.

Trata-se da segunda edição do projeto “Adote um Coração”, onde 25 estudantes orientaram pessoas próximas, com problemas cardíacos e renais, durante 12 semanas, com o objetivo de por em prática o conteúdo teórico trabalhado em sala de aula. Segundo a professora, esta estratégia pedagógica facilita o processo ensino-aprendizagem, pois integra num universo próximo e cotidiano a relação teoria-prática.

“Ao longo das aulas os alunos são orientados a 'adotar um coração' que pode ser um familiar, um amigo, um vizinho que seja portador de uma doença cardiovascular (hipertensão, colesterol ou triglicerídios elevados, com história de angina ou infarto, com insuficiência cardíaca, etc). À medida que as aulas vão acontecendo os alunos vão aplicando o protocolo de avaliação do seu coração adotado, planejam e elaboram a dieta e orientam os seus corações, tudo sob supervisão da professora”, relatou Sandra.

A última quinta-feira, 20, foi marcada por um ciclo de oficinas sobre problemas causados pela má alimentação, degustação de comidas com preparos diferenciados, além de caminhada pelo Campus A. C. Simões com os participantes do projeto.

Uma das atividades que mais chamou a atenção do público foi a preparação de um prato regional, cuscuz com ovos, com a adição de aveia à farinha de milho e a substituição da manteiga pelo leite, na preparação do ovo. Além disso, foram passadas instruções sobre produtos light, diet e o consumo apropriado dos diversos alimentos. “A gente fala muito de alimentação saudável, mas isso não quer dizer que deixemos de consumir sódio e carboidratos. Devemos sim ter uma alimentação rica e diversificada, aliada à prática de exercícios físicos”, orientou Camila Mota, estudante do sexto período de Nutrição.

Para Sandra, o papel da faculdade é cumprido com a prática de atividades como essa. “A nossa missão é formar profissionais que possam ser úteis e servir à comunidade. A partir do projeto, trabalhamos a questão científica de forma lúdica e interagimos com a comunidade”, ressalta.

Elza confessou que já havia passado por um procedimento de angioplastia no fim de 2012, mas nunca tinha procurado por orientação de um profissional da Nutrição e após passar pelo acompanhamento de Ana, mudou seus hábitos alimentares. “Ela puxou a minha orelha, tirou muita coisa que eu gostava, como sal, gordura, mas me fez criar o hábito de tomar água e consumir legumes e verduras”, relata a aposentada.