Atuação política dos jovens ganha a tônica em debate com Marina Silva
Idealizadora do Rede Sustentabilidade discutiu com a comunidade o surgimento de uma geração protagonista
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Jhonathan Pino - jornalista
Diante do atual cenário de protestos ocorridos nas últimas semanas em todo o Brasil, após a repercussão do aumento das tarifas de passagens de ônibus em São Paulo, o ativismo juvenil ganhou ênfase no debate “Economia, Sustentabilidade e Desenvolvimento Social”, com Marina Silva, ocorrido nesta segunda-feira, 17, no auditório da Reitoria.
O auditório estava repleto de pessoas de todas as idades querendo saber qual o posicionamento de Marina diante de questões como sustentabilidade e o ativismo político no país e a palestrante explicou que o contexto atual não é marcado apenas por uma crise, mas de cinco crises somadas: econômica, social, ambiental, política e de valores.
“Há uma diferença entre gerações: uma em que lutava pela democracia como forma de acesso ao pleno desenvolvimento da sociedade e, outra que é a geração atual, que está lutando pela consolidação dessa democracia”, resumiu a ex-senadora.
Marina lembrou que a Primavera Árabe e os atuais protestos vivenciados no Brasil são frutos dessa crise política. “Há uma insatisfação muito grande com a qualidade e a quantidade da representação política. As pessoas estão dizendo que não querem mais viver como meras expectadoras. Elas estão se sentindo impotentes na forma como são representadas na política”, detalhou.
Conforme a palestrante, a saída para essa crise civilizatória seria olhar para as experiências das antigas civilizações , verificar como eles entraram em crise e aliar o desenvolvimento tecnológico a uma mudança no padrão de produção e consumo.
“A vantagem da nossa crise sobre as antigas é que as civilizações romana e grega, por exemplo, não sabiam que estavam em crise. Hoje sabemos que o atual modo de produção e consumo é insustentável. Temos que nos reconectar com a nossa infância civilizatória, aquela existente antes do período do Renascimento, e pensarmos que há limites materiais para o ter, mas não há limites para ser”, enfatizou.
Marina ressaltou o papel do jovem nesse processo de mudança. “Ele tem capacidade de ver novas ideias antecipatórias, com a força da transformação. A sociedade hoje tem um motivo muito maior para lutar do que a época da Ditadura; ele tem que lutar pela sobrevivência”, defendeu Marina.
A palestrante enfatizou que essas mudanças não ocorreriam com a sustentabilidade conservadora, “que está aliada a uma ética cínica”, mas a uma sustentabilidade progressista, a ser realizada sobre o meio ambiente, no uso racional dos recursos; no estético, com a preservação das diferenças culturais; na ética, passando do cínico para o clínico e na política, com o surgimento de um novo sujeito autor das mudanças e baseado nas melhorias do coletivo.