Bosque em Defesa da Vida é referência para familiares de vítimas de violência
Ocupando uma área no final do Campus A. C. Simões, o Bosque em Defesa da Vida representa, no plantio de árvores, o ponto de encontro da esperança e razão de viver
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Diana Monteiro – jornalista
“Para mim, o meu filho está sepultado aqui e não tenho palavras para dizer o quanto este lugar representa para nossa família e também o quanto é minha referência na luta para que a justiça seja feita e se puna os responsáveis por tão bárbaro crime que ceifou a vida de um jovem aos 31 anos de idade que até hoje não teve os restos mortais localizados”, disse bastante emocionado Sebastião Pereira dos Santos, apontando para a árvore conhecida como pau-ferro plantada no Bosque da Vida pela família . A árvore simboliza e homenageia o filho Carlos Roberto Costa Santos, assassinado em 12 de agosto de 2004, em Maceió.
Visitar rotineiramente o espaço significa para Sebastião Pereira além de alento e esperança, fortalecimento para esclarecimento de um caso em quase uma década de várias batalhas. A violência que deixou marcas profundas na família de Sebastião Pereira, infelizmente comum a muitas outras registrando a luta incansável de um pai em busca de justiça, expressa na verdade, a dor da impunidade que os números não revelam.
Pai de três filhos, Carlos Roberto teve corpo localizado pela polícia e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) no mesmo dia do crime, mas foi enterrado como indigente no Cemitério Divina Pastora, em Rio Novo. Segundo Sebastião Pereira, o filho não teve o sepultamento devido, apesar da solicitação legal da família, pela falta de localização dos restos mortais do rapaz.
A dupla luta do pai Sebastião Pereira, para localizar os restos mortais de Carlos Alberto e para que todos os culpados paguem de verdade pelo crime que vitimou seu filho, é resultada das idas e vindas das etapas policiais e judiciais. Em 2012 mais investigações sobre o caso foram realizadas e concluídas em abril deste ano e se agregaram ao inquérito policial de quase 300 páginas.
A cruel realidade motivou Sebastião Pereira a integrar-se às ações do Programa Ufal em Defesa da Vida, coordenado pela professora e socióloga Ruth Vasconcelos, que está coordenando as atividades para o 12º Ato do Programa Ufal em Defesa da Vida definido para o próximo mês de julho, denominado de “A Dor da impunidade que os números não revelam”.
Ruth informa que consta da programação uma mesa - redonda sobre a temática e o debate, no auditório Nabuco Lopes (Reitoria), com participação de um representante do Ministério Público Estadual.
Bosque da Esperança
O Bosque em Defesa da Vida foi criado pela Universidade Federal de Alagoas em 2011, ocupa uma área que fica ao fundo do Campus A. C. Simões e o plantio de árvores por familiares de vítimas de violência no Estado marcou naquele ano mais uma atividade do Programa Ufal em Defesa da Vida.
Atualmente estão plantadas no bosque cerca de 140 árvores, dentre as espécies estão: ipê, craibeira, pau - ferro, pata de vaca, aroeira, angico, paineira, braúna e cajá, esta a única frutífera. Há também uma muda de baobá, espécie de origem africana, que é sagrada naquele continente. Assim como Sebastião Pereira, muitas famílias visitam o Bosque da Ufal por ele representar símbolo de referência e de esperança de dias melhores em suas vidas.