Experiência de educação italiana é compartilhada com educadores na Ufal

As observações do intercâmbio foram apresentadas na aula inaugural do curso de aperfeiçoamento em educação infantil


- Atualizado em
Aula de educação infantil em Reggio Emilia sendo acompanhada pela equipe da Univesp
Aula de educação infantil em Reggio Emilia sendo acompanhada pela equipe da Univesp

Lenilda Luna - jornalista 

Nesta sexta-feira, 14, no auditório da reitoria, foi realizada a aula inaugural do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Infantil, realizado em parceria pelo Centro de Educação da Ufal e Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed). O objetivo é capacitar os educadores que atuam com crianças de até 5 anos de idade, nas escolas municipais de Maceió. Na mesa de abertura, Eduardo Lyra, pró-reitor de Extensão, representou o reitor Eurico Lôbo.  

Após a solenidade de abertura, a professora Angelina Araújo, diretora do Departamento de Educação Infantil da Semed, foi convidada para apresentar a “Educação Infantil em Reggio Emilia”, cidade italiana que se tornou referência na concepção de educação de crianças pequenas. O intercâmbio começou em maio deste ano, quando a Semed foi selecionada para participar do projeto Paralapracá, do Instituto C&A,  que investe na formação continuada de professores e  acesso a materiais pedagógicos de qualidade, tanto para as crianças quanto para os professores. 

Em Maceió, cerca de 30 escolas de educação infantil estão participando, entre elas o Núcleo de Educação Infantil da Ufal e a CAIC da Ufal. A experiência italiana foi escolhida como referência pelo reconhecimento mundial que alcançou. "Tudo começou depois da segunda guerra mundial, quando Reggio Emilia, que foi uma cidade muito atingida pelos bombardeios, resolveu reconstruir o tecido social, voltando-se principalmente para as crianças", contou Angelina. 

A educadora de Maceió esteve recentemente na cidade italiana e visitou as escolas, tendo a oportunidade de observar a rotina dos alunos e conversar com pedagogos. "Queremos aprender com os italianos desta pequena cidade o orgulho que eles tem de cuidar das crianças e como consideram importante ouvi-las, prestar atenção nos interesses delas. Aqui no Brasil, não estamos em guerra, mas estamos perdendo nossas crianças para o tráfico e para a violência", destacou Angelina. 

Um vídeo produzido pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) foi apresentado para ilustrar as principais concepções da educação infantil em Reggio Emília. No documentário, chama a atenção a arquitetura das escolas infantis, com ambientes amplos, sempre abertos, com luzes e espelhos e outros elementos que instigam a curiosidade dos pequenos alunos. "Nas salas de aula dessas escolas as portas estão sempre abertas, as crianças ficam à vontade para participar das atividades e podem experimentar vários recursos. Os pedagogos atuam ao lado de atelieristas, que são arte-educadores, garantindo música, pintura, escultura e outras manifestações artísticas durante a aula" 

Os pedagogos da cidade italiana não gostam de falar em método de educação, mas a proposta inovadora que eles criaram, com a colaboração do jornalista Loris Malaguzzi, tem alguns princípios conhecidos em algumas metodologias de educação infantil, que valorizam a participação conjunta de uma equipe multidisciplinar, com diálogo entre a pedagogia, psicologia, nutrição, enfermagem, etc. Além disso, a criança deve ser vista como autora do processo educativo, sempre estimulada a participar, construir argumentos e compartilhar descobertas. 

A palestra de abertura da aula inaugural foi coordenada pela professora Lenira Haddad, do Centro de Educação da Ufal  e líder do Grupo de Pesquisa "Educação Infantil e Desenvolvimento Humano", e pelo professor Paulo Nin Ferreira, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufal e professor assistente do Cedu, com experiência nas áreas de arte e educação.