Semana do Meio Ambiente traz reflexões históricas

Palestras, minicursos e exposição complementam uma programação que reúne estudantes, professores e pesquisadores


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Comunidade acadêmica participou de palestras no Igdema | nothing
Comunidade acadêmica participou de palestras no Igdema

Manuella Soares – Jornalista e Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

Nesta semana, a Universidade Federal de Alagoas contou com programação diversificada em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente e Ecologia, 5 de junho. A data foi celebrada no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e no Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema), no Campus A. C. Simões, em Maceió. A comunidade acadêmica teve acesso a palestras, minicursos e exposição fotográfica que estimularam a conscientização ambiental.

Na quarta-feira (5), o Igdema promoveu ciclo de palestras com pesquisadores da própria universidade, especialistas em Engenharia Ambiental, Geografia e Tecnologia da Informação. A ocasião também foi oportuna para o lançamento da campanha institucional Papa Pilha (PP), iniciativa do Programa de Gerenciamento de Resíduos da Ufal.

O projeto tem como objetivo coletar pilhas e baterias em desuso, para que esses materiais tenham descarte apropriado ou reaproveitamento eficaz. Pilhas e baterias apresentam em sua composição substâncias que causam danos à saúde e ao meio ambiente e, por isso, não devem ser misturadas ao lixo comum. Por isso, a Ufal terá postos de coleta distribuídos pela instituição, nos seguintes locais: Reitoria, Unidades Acadêmicas, Restaurante Universitário, Biblioteca Central, Superintendência de Infraestrutura, Hospital Universitário e Espaço Cultural.

Segundo integrante do programa, Valéria Omena, o material será depositado em suportes reciclados. “Pilhas e baterias podem ser colocadas em garrafões de água identificados com o PP [mascote da campanha]. Nós faremos a coleta, periodicamente, em parceria com o IMA [Instituto de Meio Ambiente], responsável pela destinação correta do material”, destacou.

Valéria também ressaltou que a sustentabilidade será pensada em outras atividades da instituição. “Temos problemas com lâmpadas fluorescentes. Para fazer o descarte adequado, a Ufal tem que pagar. Então, já estamos fazendo licitações para que as mesmas empresas que fornecerão as lâmpadas também façam o descarte”, salientou.

Na ocasião, palestra ministrada pela professora Karina Salomon, de Engenharia Ambiental, levantou discussão sobre o reaproveitamento de resíduos para geração de energia. A docente apresentou pesquisas desenvolvidas no Centro de Tecnologia (Ctec) e alternativas para reaproveitamento de resíduos na Ufal.

A gente não pode pensar no meio ambiente sem se colocar dentro dele. Nós estamos inseridos nele, precisamos mudar nossas ações, interna e externamente. Na universidade, podemos ter atenção para o destino de efluentes domésticos e esgotos. Também podemos aproveitar restos de alimentos e de podas, importantes para compostagem e biodigestão. Além de vento e luz solar, para produção de energias eólica e solar”, reforçou Karina.

Kleymerson Lins, servidor da Ufal, ministrou palestra sobre o Centro de Descarte de Equipamentos de TI. Lins apresentou propostas para captação de resíduos eletrônicos descartados na universidade. Já o professor Arthur Tavares, de Geografia, apresentou vídeos com possibilidades de visualização do meio ambiente em diferentes perspectivas, por meio de ferramentas tecnológicas e mapas dinâmicos.

Semana do Meio Ambiente

No ICBS, o Centro Acadêmico do curso de Biologia trouxe reflexões sobre o meio ambiente durante toda semana. Na tarde da última terça-feira (28), os convidados para o debate foram o professor Márcio Efe, do próprio instituto, que falou sobre "O papel do profissional da Área Ambiental na conservação do Meio Ambiente"; e o ambientalista Anivaldo Miranda, que fez apanhado geral sobre o processo histórico de degradação ambiental no Brasil, desde a época do descobrimento, passando por todas as fases extrativistas de Pau Brasil, cana de açúcar, ouro, borracha, café e modelos coloniais de economia.

A civilização ocidental trouxe um desequilíbrio da população indígena com a natureza. De início, a degradação não foi sentida em profundidade e extensão, mas com o progresso, só nos últimos 30 ou 40 anos estamos despertando para a questão ambiental”, comentou Anivaldo.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco destacou ainda os pontos que considera importantes para a mobilização ambiental em Alagoas. “Os impactos do programa Proálcool e a implantação da fábrica de soda cloro Salgema na área urbana de Maceió foram o nascedouro desse ambientalismo em Alagoas. A sociedade começou a se envolver, a universidade também investiu mais em pesquisas e as próprias empresas começaram a criar departamentos de política ambiental, para evitar punições. Temos muito desafios ainda a vencer, mas acredito que a consciência ambiental veio pra ficar!”.

A programação da 2ª Semana no Meio Ambiente prosseguiu com minicursos de Etnobilogia, Agroecologia, Animais Selvagens e Animais Marinhos. Outros assuntos discutidos foram os métodos de pesquisa comportamental, jogos didáticos, ambientes costeiros e a educação ambiental.

Na noite da quarta-feira (5), mesa composta pelos professores Clayton e Thayse Melo debateu o tema "Histórico e Caráter da Educação Ambiental no Brasil e em Alagoas". Na quinta-feira(6), evento contou com apresentação de experiências de ONGs e feira de exposição, debate sobre "Mídia X Meio Ambiente". Nesta sexta-feira, 7, mesa de encerramento traz a temática "Preservação Socioambiental: Da Teoria Crítica à Práticas Concretas".

De acordo com Steófanes Alves, um dos organizadores do evento, o debate sobre o Meio Ambiente na universidade é um esforço contínuo. “A cada espaço que a gente faz temos uma colaboração muito importante. Pode até não ser uma quantidade exorbitante de participantes, mas sabemos que as pessoas que estão aqui são as que tem um debate político crítico dentro do tema que é proposto”, disse.